terça-feira, 31 de outubro de 2023

A PORTA


Não sou comentarista de notícias bizarras ou irritantes. Sou apenas um contador de casos que gosta de contar casos. Por isso vou contar um caso que ouvi de um conhecido. Tem toda cara de ter sido inventado, mas gostei da história e pedi que me contasse de novo para que eu pudesse gravar. É a conversa entre dois amigos velhos, dois velhos amigos que estão sentados em um banco de praça.
 
- Compadre, que você acha da morte?
- Pergunta besta, compadre, não acho nada.
- Será que morrer dói?
- Ah, sei lá! Só sei que você vai morrer, todo mundo um dia vai morrer, e até eu, infelizmente, vou morrer.
- E será que demora?
- Demora o quê?
- Para nós dois morrermos, uai!
- Eu não gosto de pensar nisso, mas espero que demore.
- Como deve ser a morte?
- Não sei, pois quem a conheceu nunca quis me contar.
- Será que ela tem uma foice?
- Conversa ruim, heim compadre? Sei lá, deve ter.
- Dizem que é uma mulher feia, muito magra e vestida de preto...
- Você deve estar vendo muito filme de terror!
- Perguntei porque  eu acho que a morte não é uma pessoa
- Ah é?
- Para mim a morte é só uma porta
- Porta? E aí? Você entra e não sai mais?
- Não sai mais, nunca mais.
- Compadre, você tem cada ideia! Acho melhor jogar uma partida de dama. 

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