Nunca pude ter um cachorro quando era
criança, mesmo que fosse louco para ter um. Morávamos na casa de minha avó
materna, uma casa pequena onde convivíamos com oito tios e tias. Gato então, nem pensar. E a vontade de
ter um companheiro com quem brincar acabou passando, como tudo tem de passar.
Ao entrar na adolescência meu interesse
voltou-se para as gatas, um tipo especial de gatas, mas eu era feio, tímido,
bobo e inexperiente. Por isso, sempre que eu tentava me aproximar de alguma era
ignorado, desprezado e até ridicularizado. Isso só mudou quando uma gata
lindíssima de olhos ainda mais lindos se interessou em ouvir o que aquele
sujeito bobo, tímido, feio e inexperiente tentava lhe dizer.
Entre 1976 e 1987 nasceram nossos quatro
filhos. Assim, durante vinte anos tivemos crianças em casa, muitíssimo mais
adoráveis que qualquer animalzinho de estimação. E foi justamente o filho mais
novo o responsável por uma grande mudança em nossas vidas.
Depois de finalmente convencer a mãe a lhe deixar ter um
cão, pediu para a madrinha um labrador de presente. Graças ao bom senso da
madrinha, ganhou um filhote de dachshund, uma cadelinha de pelo preto e focinho
cor de caramelo, que recebeu o nome de Vicky, uma referência indireta à vitória
da persistência de nosso filho.
Essa cadelinha foi aos poucos minando as
resistências à sua presença em nossa casa e conquistando o coração de todos os
moradores. Ou quase todos, pois talvez por eu ter crescido sem nenhum contato com
algum pet, não dava muita confiança à Vicky.
Um dia, alguns anos depois, fruto de nossa
inexperiência, ela ficou com as patas traseiras paralisadas. Ficamos
mortificados por essa novidade, mas a situação agravou-se ainda mais e fomos
obrigados a sacrificá-la. Meu sobrinho nos levou a uma clínica veterinária,
onde fiquei com ela no colo até que a retirassem definitivamente de nosso
convívio.
Enquanto fazia carinho em sua cabeça e corpo sentia
meu peito ardendo, a boca seca e uma vontade imensa de chorar, o que fiz muito
ao voltar para casa sem ela. Todos também choraram, especialmente minha mulher,
que pediu para nunca mais ter um bichinho de estimação em nossa casa.
Um dia, já casado, nosso segundo filho
perguntou se poderia deixar seu Staffy Bull alguns dias em nossa casa, pois
estava de mudança para outra cidade, etc. O aloprado Zulu ficou nove anos, mas
também vítima de nosso desconhecimento acabou sendo sacrificado. Sentimos muita
falta dele, mas ninguém chorou dessa vez.
Hoje não temos mais e talvez nunca mais
tenhamos um animal de estimação para nos irritar, sorrir e nos fazer companhia.
Talvez seja melhor assim.
Confesso nunca ter ouvido falar de Felipe Luis Teixeira. E a história da égua foi muito boa.
ResponderExcluirSabe o que é, meu caro? Mesmo que eu tenha publicado quatro (hoje só três) e-books com sua inestimável assessoria e ajuda, eu não tenho dispositivo para ler livros digitais. Além disso, mal dou conta de ler os livros físicos que ganho de presente de meus filhos. E, para ser sincero, não curto mais ficção. Então, autor novo - mesmo que excelente - só se vier em papel, capisce?
ResponderExcluirEu também só expliquei. Estou tentando ler três livros que ganhei simultaneamente, mas está dificil
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