quinta-feira, 5 de outubro de 2023

DATING DÉJÀ VU: QUE BICHO É ESSE?

 
Um dia, há muito tempo, em uma festa de aniversário ou passagem de ano ouvi um relato detalhado sobre a vida de uma moça que conhecia apenas de vista. Mas foi um relato tão vívido que não consegui esquecer, tal o espanto que me causou o comportamento descrito pois, apesar de linda e dos exemplos e educação recebida de seus pais, a jovem parecia sentir atração pelo “wild side” da vida. Claro, talvez nunca tenha chegado aos extremos da libertinagem total, mas durante algum tempo teve uma vida que se poderia chamar de “alegre”.
 
Segundo a irmã (a narradora), a moça teve uns cinco namorados que manifestaram o desejo de criar um relacionamento duradouro e principalmente saudável. De um desses (o último) chegou a ficar noiva, mas aparentemente aquela vida regrada, certinha era tudo o que não queria ter. Depois do término do noivado começou a viajar e a levar uma “vida loca” de noitadas com algumas amigas tão “alegres” quanto ela.
 
Um dia, sem que a família nunca desconfiasse, engravidou e logo abortou. A partir daí, talvez com a idade avançando, engravidou novamente, mas, graças ao comportamento pregresso, o namorado recusou-se a assumir a paternidade. Transformou-se então em dedicada mãe solo, mas teve tempo para tornar-se amante de dois homens casados (a irmã devia "gostar" muito dela!).
 
Tempos depois, ao ser perguntada por que os namorados bem intencionados da juventude foram sendo descartados, deu a resposta desconcertante de nunca ter gostado de “caras certinhos”.
 
Esse tipo de comportamento, observado tanto em homens como em mulheres sempre me deixou perplexo. Como o caso dos que se divorciam, tentam refazer a vida e quando se dão conta estão casados com pessoas com as mesmas características ou comportamentos daqueles ou daquelas de quem se separaram. O que me leva a lembrar de uma frase que alguém já disse: "o segundo casamento é o triunfo da esperança sobre a experiência"
 
Mais triste ainda é perceber que esse comportamento pode começar ainda na juventude. Conheço uma jovem, muito jovem e delicada que sempre recebeu do pai alcoólatra um tratamento agressivo, super abusivo e condenável. Um dia resolveu morar sozinha, arranjou um namorado de ego super inflado e tão desagradável quanto - adivinha quem? – o pai carrasco! É o caso de se perguntar por que ela tem uma autoestima tão baixa e gosta tanto de ser maltratada ou menosprezada.
 
Mas hoje eu descobri a resposta em um artigo que li no site da BBC News, com este destaque: “O que é 'dating déjà vu', que nos faz escolher sempre o mesmo tipo de parceiro”.
 
Esta expressão reúne palavras de duas línguas diferentes, com este significado: “Dating” é um termo em inglês para designar encontros românticos; “déjà vu” vem do francês e significa “sensação de já ter vivido algo semelhante no passado”.
 
Não pretendo me estender mais sobre isso, apenas registrar que não poderia ser mais adequada uma associação esquisita e - por que não dizer? - até mesmo tóxica de duas línguas estrangeiras em uma mesma expressão para designar comportamentos que sempre resultam em relacionamentos tóxicos recorrentes e repetitivos.

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