Tenho aproveitado o Blogson para desovar
alguns desabafos e teorias miojo em posts de vida efêmera, pois são logo
excluídos justamente para não contaminar o blog com minha visão cada vez mais
desencantada da Vida. Este é um deles.
O desespero de centenas de brasileiros para sair de Israel ou da Faixa de Gaza para a segurança do Brasil fez com que uma ideia antiga voltasse a circular na minha mente: afinal, na prática (desconsiderada a legislação que trata disso), quem pode ser considerado brasileiro/a?
Conheço vários jovens que se mudaram para os Estados Unidos, cada um com seu motivo particular, mas duvido que estivessem interessados no american way of life. A maioria, provavelmente, foi em busca de grana, mesmo que para ganhá-la tivessem de executar trabalhos braçais que jamais aceitariam realizar se estivessem no Brasil. Muitos desses jovens conseguiram esconder sua condição de imigrantes ilegais e até prosperaram na terra do Tio Sam. Conheço pedreiros, faxineiras, pizzaiolos e motoristas de taxi que estão lá até hoje, vinte, trinta anos depois de deixar o Brasil, alguns até casados com americanos/as.
Se lhes perguntarem se têm vontade de voltar, a maioria provavelmente responderá que sim, mas certos de que não conseguiriam aqui a mesma remuneração que recebem no exterior. Para mim, essas pessoas são apenas brasileiros que moram em outro país. Agora, quando há motivação religiosa, cultural ou étnica para que alguém se mude do lugar onde nasceu a coisa muda de figura.
Voltei a pensar nisso em virtude da tragédia em andamento no Oriente Médio e nas centenas ou milhares de brasileiros tentando voltar para o Brasil com medo dos horrores da guerra entre palestinos e israelenses. Sinceramente falando, mesmo que tenham nascido aqui, mesmo que tenham dupla cidadania, não consigo vê-los como “brasileiros”.
Por isso, sempre discordo quando vejo alguém ser considerado “brasileiro” apenas por ter nascido e vivido algum tempo no país. Ah, o senhor ou a senhora segue a religião judaica e por isso resolveu viver na “terra prometida”? Amigo/a, você é israelense antes de tudo! Você tem parentes na Faixa de Gaza e resolveu viver na terra de seus antepassados? Você é palestino/a! O mesmo acontece com nisseis ou sanseis que resolvem fazer o caminho de volta para o Japão. Nasceram no Brasil mas são japoneses de corpo e alma.
Na minha opinião sincera, quem troca de país movido por laços parentais, afinidade cultural, étnica ou religiosa não é realmente brasileiro. Usando uma palavra dita por um embaixador ao referir-se ao pessoal que está louco para sair da região em guerra, seriam no máximo “nacionais”. E para eles o Brasil seria apenas uma válvula de escape, um porto seguro em caso de extrema necessidade.
Mas há um caso curioso e que talvez seja do conhecimento de poucas pessoas (só quem gosta de cultura inútil descobre essas coisas). Peter Medawar, filho de pai libanês e mãe britânica, nasceu em Petrópolis e viveu alguns anos no Brasil, quando foi mandado para a Inglaterra para estudar. Para encurtar a conversa, estudou, foi professor e pesquisador em algumas universidades e ganhou o Prêmio Nobel de Medicina em 1960. Bacana, não?
Então temos um Prêmio Nobel nascido no Brasil mas que viveu e fez seus estudos e pesquisas na Inglaterra (onde morreu)? Lamento dizer que Sir Peter Brian Medawar não pode servir de motivo de orgulho para os brasileiros, justamente por não ser brasileiro (provavelmente estava pouco se lixando para isso). No caso dele, isso é verdade total, pois perdeu a nacionalidade brasileira ao não prestar o serviço militar obrigatório na Terra de Santa Cruz. E o Brasil perdeu a chance de ter um prêmio Nobel para chamar de seu.
O desespero de centenas de brasileiros para sair de Israel ou da Faixa de Gaza para a segurança do Brasil fez com que uma ideia antiga voltasse a circular na minha mente: afinal, na prática (desconsiderada a legislação que trata disso), quem pode ser considerado brasileiro/a?
Conheço vários jovens que se mudaram para os Estados Unidos, cada um com seu motivo particular, mas duvido que estivessem interessados no american way of life. A maioria, provavelmente, foi em busca de grana, mesmo que para ganhá-la tivessem de executar trabalhos braçais que jamais aceitariam realizar se estivessem no Brasil. Muitos desses jovens conseguiram esconder sua condição de imigrantes ilegais e até prosperaram na terra do Tio Sam. Conheço pedreiros, faxineiras, pizzaiolos e motoristas de taxi que estão lá até hoje, vinte, trinta anos depois de deixar o Brasil, alguns até casados com americanos/as.
Se lhes perguntarem se têm vontade de voltar, a maioria provavelmente responderá que sim, mas certos de que não conseguiriam aqui a mesma remuneração que recebem no exterior. Para mim, essas pessoas são apenas brasileiros que moram em outro país. Agora, quando há motivação religiosa, cultural ou étnica para que alguém se mude do lugar onde nasceu a coisa muda de figura.
Voltei a pensar nisso em virtude da tragédia em andamento no Oriente Médio e nas centenas ou milhares de brasileiros tentando voltar para o Brasil com medo dos horrores da guerra entre palestinos e israelenses. Sinceramente falando, mesmo que tenham nascido aqui, mesmo que tenham dupla cidadania, não consigo vê-los como “brasileiros”.
Por isso, sempre discordo quando vejo alguém ser considerado “brasileiro” apenas por ter nascido e vivido algum tempo no país. Ah, o senhor ou a senhora segue a religião judaica e por isso resolveu viver na “terra prometida”? Amigo/a, você é israelense antes de tudo! Você tem parentes na Faixa de Gaza e resolveu viver na terra de seus antepassados? Você é palestino/a! O mesmo acontece com nisseis ou sanseis que resolvem fazer o caminho de volta para o Japão. Nasceram no Brasil mas são japoneses de corpo e alma.
Na minha opinião sincera, quem troca de país movido por laços parentais, afinidade cultural, étnica ou religiosa não é realmente brasileiro. Usando uma palavra dita por um embaixador ao referir-se ao pessoal que está louco para sair da região em guerra, seriam no máximo “nacionais”. E para eles o Brasil seria apenas uma válvula de escape, um porto seguro em caso de extrema necessidade.
Mas há um caso curioso e que talvez seja do conhecimento de poucas pessoas (só quem gosta de cultura inútil descobre essas coisas). Peter Medawar, filho de pai libanês e mãe britânica, nasceu em Petrópolis e viveu alguns anos no Brasil, quando foi mandado para a Inglaterra para estudar. Para encurtar a conversa, estudou, foi professor e pesquisador em algumas universidades e ganhou o Prêmio Nobel de Medicina em 1960. Bacana, não?
Então temos um Prêmio Nobel nascido no Brasil mas que viveu e fez seus estudos e pesquisas na Inglaterra (onde morreu)? Lamento dizer que Sir Peter Brian Medawar não pode servir de motivo de orgulho para os brasileiros, justamente por não ser brasileiro (provavelmente estava pouco se lixando para isso). No caso dele, isso é verdade total, pois perdeu a nacionalidade brasileira ao não prestar o serviço militar obrigatório na Terra de Santa Cruz. E o Brasil perdeu a chance de ter um prêmio Nobel para chamar de seu.
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