Você sabe quem é Fabiano Caldeira? Se não
sabe, deveria saber. Eu sei duas coisas sobre ele e são duas coisas que me
enchem de alegria. A primeira e não mais importante que a segunda é que ele é
meu mais recente amigo virtual. A segunda é que ele é um desenhista de mão
cheia. Aliás, mão cheia só, não. Mãos cheias, pois o cara é tão
superlativamente bom que só mesmo um plural para bem defini-lo.
Arrisco-me a dizer que ele se prendesse um
lápis no dedão do pé conseguiria desenhar melhor que a maioria dos cartunistas
famosos por aí, porque o sujeito desenha que é uma barbaridade. Fiquei
fascinado com a leveza do seu traço, que se traduz em um desenho limpo e muito bem
acabado.
Por ser meu amigo virtual fiquei tentado a
descobrir no nicho de qual desenhista famoso ele pode ser colocado. Não sou
especialista em desenhos de super heróis, pois não curto muito esse tipo de HQ,
mas certamente não é essa a sua turma. Desenhista de super heróis pode entender
muito de anatomia e de expressões de raiva ou dor, mas faz um desenho sem o
menor atrativo para mim, pois reproduz com muita fidelidade a figura humana. E
eu pergunto: qual a graça disso?
Já pensou uma HQ do Homem Aranha com
personagens caricatos? Provavelmente os fanáticos especialistas em Marvel e DC
considerariam uma heresia, um sacrilégio, mas seria divertido ver o Spider-Man
dando chutes na bunda dos vilões. E, como disse, não parece ser essa a praia
do Fabiano.
Aí pensei na direção oposta, dos personagens
super caricaturais, tipo Rê Bordosa, Os Piratas do Tietê e assemelhados, mas
também não identifiquei nenhuma sintonia dos traços desses mestres com os do
Fabiano. E continuei a repassar mentalmente as histórias em quadrinhos e os
desenhistas que conheço. Personagens antropomórficos Disney? Não. Ziraldo? Non. Calvin e Haroldo? Também
não. Sua amada Mônica e a tchurma do Maurício de Souza? Hum... Não.
Mesmo não sendo um especialista em desenho e
sendo apenas um curtidor de HQ, acredito que o magnífico desenho do Fabiano
situa-se a meio caminho entre o hiper realismo dos desenhos de super heróis e o
traço caricatural dos desenhos de humor. Foi aí que eu me lembrei de um
desenhista americano (infelizmente já falecido) que desenhou durante anos uma
das tiras que eu mais gostei de ler. E seu traço está exatamente entre a
caricatura e o desenho realista, assim como é o traço perfeito do meu amigo
virtual.
Depois de todo esse suspense, é melhor que eu
diga logo quem é o “irmão” do Fabiano e qual é seu personagem. O desenhista é o
americano Al Capp, criador do “Ferdinando Buscapé” ("Li'l Abner", em inglês). Essa HQ fez tanto sucesso que o
autor foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura. Se alguém já ouviu a
expressão “Dia de Maria Cebola”, fique sabendo que “Brejo Seco” é o lugar onde
esse dia especial foi instituído (para tristeza dos solteiros do lugar).
As tirinhas do Ferdinando
tinham de tudo: jovens sensualíssimas vestidas com exíguos farrapos, senhoras
absurdamente feias, de pés descalços e cachimbo na boca, críticas à Guerra
Fria, caricaturas impecáveis de personalidades americanas e mundiais, non sense
e ingenuidade, tudo isso embrulhado em um desenho de traço espetacular.
Para quem nunca ouviu falar
(e não sabe o que perdeu), uma amostra dos traços do “irmão mais velho” do
Fabiano:
não diga nada. O que eu escrevi é 100% sincero e acho espantoso que esse talento fique oculto ou desconhecido. Já pensou em tentar se comunicar com o Maurício de Souza para mostrar seu trabalho e descolar uma vaga de colaborador? Ou participar de Comic Con? Pense nisso. E não precisa dizer nada. Eu é que agradeço a oportunidade de descobrir seu desenho incrível.
ResponderExcluirConcordo plenamente com o Jotabê. Se você mostrasse seus trabalhos para alguém com algum tipo de influência no meio, seria contratado, sem dúvida.
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