sábado, 27 de janeiro de 2024

PARA OXIGENAR O CÉREBRO

 
Já demonstrei mais de uma vez minha admiração quase irrestrita pelo Millôr Fernandes. E ele tinha bala na agulha para merecer isso, pois o cara tinha de 13 para 14 anos quando publicou seu primeiro cartoon. Depois disso, ao longo da vida, publicou 26 livros em prosa, 17 peças de teatro e 3 livros de poesia, fez centenas ou milhares de desenhos e ilustrações e ainda arranjou tempo para traduzir obras de escritores estrangeiros.
 
Se estivesse vivo estaria hoje com 100 anos, mas, numa falta de educação desgraçada, morreu em 2012. Estou dizendo isso porque descobri em uma reportagem publicada dois dias após seu falecimento algumas frases que não conhecia, sempre com a marca de sua ironia e sarcasmo. Por isso resolvi fazer um post com elas para que eu as possa reler sempre que precisar oxigenar o cérebro, pois o humor e o riso salvam os deprimidos. Olhaí. 

- Dizer que eu sou humorista, por exemplo, é uma limitação. Numa conversa, estou sempre de sacanagem porque sou um homem que gosta de viver. Não me levo a sério. As pessoas se dão uma importância impressionante. Qualquer escritorzinho acha que está bem por ter aparecido em 20 notinhas de jornal, na mesma entrevista.

- Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum humorista atira pra matar.

- O Brasil está dividido entre os abertamente cínicos e os que não conseguem se conter.

- Acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder.

- Sabemos que VOCÊ, aí de cima, não tem mais como evitar o nascimento e a morte. Mas não pode, pelo menos, melhorar um pouco o intervalo?

- Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados.

- Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos muito bem!

- O otimista não sabe o que o espera.

- Eu também não sou um homem livre. Mas muito poucos estiveram tão perto.

- O dedo do destino não deixa impressão digital.

- Quem confunde liberdade de pensamento com liberdade é porque nunca pensou em nada.

- O cadáver é que é o produto final. Nós somos apenas a matéria-prima.

- Nunca ninguém perdeu dinheiro apostando na desonestidade.

- Brasil, condenado à esperança.

- A curiosidade mórbida é a mãe do vidro fumê.

- Brasil, um filme pornô com trilha de bossa nova.

- Todo homem nasce original e morre plágio.

- Aborígine é a maneira pejorativa dos conquistadores chamarem o dono da propriedade.

- Só uma coisa preenche tudo — o nada.

- Não beber é o vício dos abstinentes.

- O pior abutre é o desespero.

- Não há problema tão grande que não caiba no dia seguinte.

- Nunca ninguém me ensinou a pensar, a escrever ou a desenhar, coisa que se percebe facilmente, examinando qualquer dos meus trabalhos.

- Não gosto da direita, porque ela é de direita e não gosto da esquerda porque ela é de direita.

- Os pássaros voam porque não têm ideologia. 


Para finalizar, uma anedota contada por Millôr em uma de suas últimas entevistas: 

Quando Deus estava criando o mundo, alguém reclamou (havia mais “alguém” por ali?) que Deus tinha feito este país maravilhoso, sensacional. O Chile foi feito cheio de terremotos, o Paraguai tinha pântanos incríveis, outro país tinha furacões, o outro tinha desertos e o escambau e, de repente, no Brasil não tinha nada desastroso: florestas maravilhosas, mares maravilhosos, montanhas lindas. Aí Deus parou e disse: “Espera, porque você vai ver a gentinha que eu vou botar lá”.

 

3 comentários:

  1. Gostei muito de ler sua publicação, vou indicar seu blog para meus amigos que leem lá no meu espaço e que sei que vão gostar. Aproveito e agradeço o comentario que deixou lá no meu espaço. Visitei tbem o seu espaço que conta de sua neta, ela é criativa nas observações. Bo fds para todos da sua casa incluindo o sr. Bju

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  2. Não vim para comentar, aliás, vim. Vim para comenar o outro blog do senhor. Que bonito, hein! Lendo o texto eu me lembrei do meu pai. No dia que a balança mostrou que ele precisava perder uns quilinhos, ou seriam quilões?, foi que ele se tocou. Perdeu um monto. Antes tinha 90 quilos, mas hoje, graças ao seu esforço e dedicação, está com 79 quilos. Tá bonito e bondoso, como sempre.
    Um abraço da Rô. Ah, e parabéns pelo blog, pelos dois.

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    1. Oi, Rô, você não imagina como estou alegre e feliz com seus comentários! Aliás, também com suas indicações! Sem querer ser petulante ou professoral deixo aqui duas dicas: todas as postagens publicadas são indexadas em um ou mais dos dezoito marcadores (que eu chamava de "seções"). Apenas dois desses marcadores abrigam textos e músicas de terceiros (Produção Terceirizada e Música Maestro!). Todo o resto, gostando ou não saiu desta mente demente, doente, carente. A segunda dica é que os primeiros leitores gostavam mais dos casos da minha família abrigados no marcador Memória. Mais não direi. Abraços e obrigado mais uma vez.

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MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4