domingo, 1 de maio de 2022

PLANTA

 
Em 2014, pouco mais de dois meses após a criação do Blogson, fiz alguns comentários jotabélicos sobre o ato de andar, de caminhar. O título do post é “Assim caminha a humanidade”. Caso alguém queira mergulhar no pós Big Bang do blog, o link é este (um pouco de marquetingue nunca é demais!):
 
https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2014/08/assim-caminha-humanidade-passando-sujo.html
 
Ontem, para mim, o ato de caminhar foi um processo desagradavelmente difícil, tal era a dor que sentia nos joelhos. Lembrei-me do post de 2014 e fiquei pensando que daqui a pouco uma bengala de nada adiantará para mim, pois talvez precise voltar a brincar de carrinho com uma cadeira de rodas motorizada.
 
Foi aí que me lembrei da “Carta do Descobrimento”, onde Pero Vaz de Caminha descreve os momentos que antecederam a chegada à “Ilha de Santa Cruz”. Olha que simpatético:
 
E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, estando da dita Ilha(*) obra de 660 ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho(...).
(*) uma das ilhas de Cabo Verde
 
Então, meu “antepassado” era uma planta aquática flutuante, talvez uma espécie de aguapé de água salgada! Acho que essa associação combina bem com o que imagino que irá acontecer comigo daqui pra frente: cada vez mais imóvel, cada vez mais planta. E nem adiantará aguar os pés (piada totalmente desnecessária).
 
Não me surpreenderei se um dia algum visitante estranhar um vaso feio, meio exótico em um canto da casa e perguntar o que ele contém. Alguém poderá responder displicentemente:
- Ah, é só o Zé. A gente deixa ele aí para pegar um solzinho, pois virou planta. Botelho, a planta!
 

 

 

 

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