As redes sociais são a horta mais adubada, a
terra mais fofa, o terreno mais fértil para que algumas pessoas “plantem” seus
preconceitos, suas verdades eternas e visão estreita de mundo. Tenho tentado
passar direto quando percebo alguma dessas cobranças de comportamentos ou receitas
de vida bitoladas ou preconceituosas.
Conheço superficialmente um sujeito por quem
tenho pouca ou nenhuma simpatia, justamente por ser do tipo que bate na mesa,
eleva a voz e fala abobrinhas que dariam para lotar duas centrais de
abastecimento. Como parece ser incapaz de pensar por conta própria, às vezes
publica textos do tipo que mencionei acima. O mais recente foi este:
Depois de ler esse lixo, resolvi mandar uma
mensagem privada para ele com meu comentário. E a postagem de tudo isso atende
a vocação “blogoteca” do Blogson, ou seja, é apenas o arquivamento de uma “carta
digital” (a vantagem é que não preciso comprar o selo). Olhaí.
Cada pessoa teve um tipo de infância, um tipo
de cobrança, um tipo de exemplo. Não há modelo único. Por isso, resolvi te
contar a criação que tive. Nasci em 1950 e morei na casa de minha avó materna
até me casar, pois meu pai quebrou quando eu ainda era criança e nunca se
recuperou plenamente nem do ponto de vista financeiro nem mentalmente (imagino
que tinha depressão quase incapacitante).
Provavelmente usei fralda de pano - o que não é
nenhuma vantagem, pois meus filhos usaram também. Na casa de minha avó não se cozinhava
com banha de porco e nunca tive bicicleta. Na casa onde eu morava viviam duas
crianças e doze adultos. Nunca apanhei na minha vida e só comecei a trabalhar
quando entrei para a faculdade.
Durante muito tempo não teve aparelho de televisão
na casa de minha avó. Por isso, eu ia assistir TV na casa de minha tia, que
morava pertinho. Não me lembro se fiz juramento à bandeira mas sabia cantar o
hino nacional e o hino da independência.
Nunca bebi água de torneira e sofri MUITO bullying
na escola. Celular, tablet e computador pessoal surgiram quando eu já era
adulto (o primeiro microcomputador em que coloquei minha mão foi comprado por um
colega de trabalho, lá por volta de 1982).
Nunca ajudei minha mãe em nada e ela nunca me
cobrou isso. A única coisa que meus pais fizeram foi me incentivar a estudar. Uma das tias comprava coleções de livros de literatura vendidos em
banca de revista e eu passei o final da minha infância e boa parte da
adolescência lendo tudo o que passava na reta.
Como pode ver, não há infâncias nem
lembranças iguais. Algumas pessoas tendem a romantizar sua infância e juventude
e até a reclamar que os jovens de hoje não tenham o comportamento “exemplar”
que havia no “seu tempo”, mas só sei que tudo muda e que eu não tenho NENHUMA
saudade daquela época. Abraços.
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