Acabei de ler no site da
BBC uma reportagem com este título:
Gilberto Gil fala de primeiro encontro com racismo e medo de morrer
Confesso que comecei a
fazer uma leitura desinteressada, quase uma leitura anêmica (diferente de “dinâmica”),
pois estava mais preocupado em traçar o lanche à minha frente (gordo come o tempo todo, até de madrugada). Mas uma frase que
ele disse mexeu comigo pela genialidade da sacada, do insight. Olha que beleza:
"É... acho que uma das questões básicas das pessoas é
o verbo morrer, mais do que o substantivo 'morte'. É o ato de morrer, ou como
viver... a morte [risos].".
Não é o substantivo que causa
medo, é o verbo... Que ideia boa! Depois disso, encarei com entusiasmo o
restante do texto e descobri que o Caetano e ele compuseram uma música cuja
letra diz tudo para mim. E essa música, essa letra, a frase genial e o assunto
abordado é que são o tema deste post.
Não tenho medo da
morte
Mas sim medo de morrer
Qual seria a diferença
Você há de perguntar
É que a morte já é depois
Que eu deixar de respirar
Morrer ainda é aqui
Na vida, no sol, no ar
Ainda pode haver dor
Ou vontade de mijar
Gilberto Gil fala de primeiro encontro com racismo e medo de morrer
Mas sim medo de morrer
Qual seria a diferença
Você há de perguntar
É que a morte já é depois
Que eu deixar de respirar
Morrer ainda é aqui
Na vida, no sol, no ar
Ainda pode haver dor
Ou vontade de mijar
A morte já é depois
Já não haverá ninguém
Como eu aqui agora
Pensando sobre o além
Já não haverá o além
O além já será então
Não terei pé nem cabeça
Nem fígado, nem pulmão
Como poderei ter medo
Se não terei coração?
Já não haverá ninguém
Como eu aqui agora
Pensando sobre o além
Já não haverá o além
O além já será então
Não terei pé nem cabeça
Nem fígado, nem pulmão
Como poderei ter medo
Se não terei coração?
Não tenho medo da
morte
Mas medo de morrer, sim
A morte e depois de mim
Mas quem vai morrer sou eu
O derradeiro ato meu
E eu terei de estar presente
Assim como um presidente
Dando posse ao sucessor
Terei que morrer vivendo
Sabendo que já me vou
Mas medo de morrer, sim
A morte e depois de mim
Mas quem vai morrer sou eu
O derradeiro ato meu
E eu terei de estar presente
Assim como um presidente
Dando posse ao sucessor
Terei que morrer vivendo
Sabendo que já me vou
Então nesse instante
sim
Sofrerei quem sabe um choque
Um piripaque, ou um baque
Um calafrio ou um toque
Coisas naturais da vida
Como comer, caminhar
Morrer de morte matada
Morrer de morte morrida
Quem sabe eu sinta saudade
Como em qualquer despedida
Sofrerei quem sabe um choque
Um piripaque, ou um baque
Um calafrio ou um toque
Coisas naturais da vida
Como comer, caminhar
Morrer de morte matada
Morrer de morte morrida
Quem sabe eu sinta saudade
Como em qualquer despedida
Muito bom, hein?
ResponderExcluirRealmente, mas fiquei fascinado mesmo foi pela frase "decodificadora" do medo de morrer (verbo e substantivo). Aproveitando, um spoiler: estou escrevendo um texto que foi inspirado por vias tortas no que você escreveu. Acordei de madrugada pensando nisso.
ExcluirEu gostei muito de : "É que a morte já é depois
ExcluirQue eu deixar de respirar
Morrer ainda é aqui
Na vida, no sol, no ar
Ainda pode haver dor
Ou vontade de mijar".
Inspirado em que texto meu?
Não é em um texto, é na ideia. Mais do que isso ainda não posso falar. Mas à meia noite de hoje você entenderá.
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ResponderExcluirObrigado pela dica, Scant!
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