Na adolescência, minha mulher correspondeu-se
com um cara de outro país. Ele não falava português, ela não sabia sua língua.
Mesmo assim, quando ainda nem se sonhava com tradutor instantâneo e carta não
era um objeto anacrônico, trocavam correspondência, misturando espanhol e
francês.
Apesar da distância e da barreira da língua
eram amigos, talvez mais até que muitos de seus conhecidos ou vizinhos. A mesma coisa
acontece hoje comigo, pois considero amigos e amigas virtuais as doze pessoas
que teoricamente sempre leem o que publico no blog. Mesmo sem que nunca tivéssemos
nenhum contato fora do mundo virtual, são mais amigos e amigas que muitos “amigos
de facebook”, por exemplo, a quem conheço e com quem convivo ou já convivi no
mundo real.
E um desses amigos virtuais é um sujeito que
sempre me surpreende pela preocupação que tem comigo (pelo menos é assim que
eu vejo). Creio que ele é novo pra cacete e eu sou velho pra caralho. Apesar da
diferença de idade, às vezes sinto como se ele fosse o pai e eu o filho, tantas são as
dicas, orientações, links e comentários que faz quando o “black dog” cisma de morder meu calcanhar. Por essa atitude
proativa até já o nomeei meu coach de
otimismo (atividade sem vínculo empregatício e sem remuneração).
A mais recente manifestação aconteceu depois
que publiquei o post “Cebola das palavras”,
em que falei de meu receio de estar empobrecendo um vocabulário já naturalmente
pobre. O Scant (é assim que o conheço) mandou logo uns três ou quatro links,
indicando livros, sugestões de atividades e suplementos alimentares. Impossível deixar de agradecer toda essa
atenção. E é isso que faço agora.
Mas uma coisa ele ainda não sabe – e demorará
muito a saber. Ele é um ótimo coach
de orimismo, mas não tem a “velhitude”
necessária para entender que os idosos podem ter diferentes formas de depressão.
E eu te digo, meu caro amigo Scant, não há remédio, leitura ou ginástica que
interrompa, que impeça a erosão que o Tempo provoca.
Podem retardar, podem dar uma freada, podem
diminuir a velocidade da “descida”,
mas lá no fundo, bem lá no fundo, sempre estará preservado aquele gosto amargo
que a velhice provoca. Mesmo assim, obrigado, obrigado de coração pelo
interesse, pelas dicas, pela amizade. Você é o cara!
Curiosa essa sua postagem. Recentemente, tem umas duas semanas, um ex-aluno me encontrou no linkedin (não é o GRF), perguntou se ainda eu mantinha o Marreta. Eu disse que sim, embora com uma produção muito menor e pior, pois o black dog que você bem conhece vive a morder também meus calcanhares. Desde então ele vem me incentivando a diversificar minha produção, quer que eu abra canais no youtube, que faça podcasts (nem sei que porra é essa) etc. Justamente com essa intenção, de avivar e manter minha mente em ação, na ativa. De forma diferente da sua, expliquei a ele justamente o que você está a dizer nesta postagem. Que acho que é um pouco o que a Rita Lee dizia em Ovelha Negra : baby, baby, não adianta chamar, quando alguém está perdido, procurando se encontrar.
ResponderExcluirQuanto à sua questão : sim, já ouvi sobre os tais cascos escuros, e bem como você diz, resposta longa vira post. Leia sobre na próxima cerveja-feira. Spoiler : não era esquisitice dos cervejeiros das antigas, não.
Não entendo nada disso, mas meus filhos curtem e (creio) o mais velho produz um com sua esposa, onde falam e comentam algum assunto do interesse de ambos (creio que é isso). Pelo que entendi, um podcast é uma "parola flácida", uma conversa mole sobre algum assunto, que alguém grava e divulga em alguma rede ou no youtube. E é conversa mesmo, pois (creio) tratar-se de um áudio. Fico imaginando alguém gravando uma conversa de bêbados em um botequim. Isso também seria um podcast?
Excluir"podem diminuir a velocidade da “descida”," tem velho q morre com 60 e outros com 70, 80, 90.
ResponderExcluirretardar/diminuir a velocidade aqui pode dar uma diferença de 10, 20 ou 30 anos na expectativa de vida
morrer vamos todos, então não precisa ter pressa
abs!