sábado, 21 de maio de 2022

AGRADECIMENTO SINCERO

 
Na adolescência, minha mulher correspondeu-se com um cara de outro país. Ele não falava português, ela não sabia sua língua. Mesmo assim, quando ainda nem se sonhava com tradutor instantâneo e carta não era um objeto anacrônico, trocavam correspondência, misturando espanhol e francês.
 
Apesar da distância e da barreira da língua eram amigos, talvez mais até que muitos de seus conhecidos ou vizinhos. A mesma coisa acontece hoje comigo, pois considero amigos e amigas virtuais as doze pessoas que teoricamente sempre leem o que publico no blog. Mesmo sem que nunca tivéssemos nenhum contato fora do mundo virtual, são mais amigos e amigas que muitos “amigos de facebook”, por exemplo, a quem conheço e com quem convivo ou já convivi no mundo real.
 
E um desses amigos virtuais é um sujeito que sempre me surpreende pela preocupação que tem comigo (pelo menos é assim que eu vejo). Creio que ele é novo pra cacete e eu sou velho pra caralho. Apesar da diferença de idade, às vezes sinto como se ele fosse o pai e eu o filho, tantas são as dicas, orientações, links e comentários que faz quando o “black dog” cisma de morder meu calcanhar. Por essa atitude proativa até já o nomeei meu coach de otimismo (atividade sem vínculo empregatício e sem remuneração).
 
A mais recente manifestação aconteceu depois que publiquei o post “Cebola das palavras”, em que falei de meu receio de estar empobrecendo um vocabulário já naturalmente pobre. O Scant (é assim que o conheço) mandou logo uns três ou quatro links, indicando livros, sugestões de atividades e suplementos alimentares.  Impossível deixar de agradecer toda essa atenção. E é isso que faço agora.
 
Mas uma coisa ele ainda não sabe – e demorará muito a saber. Ele é um ótimo coach de orimismo, mas não tem a “velhitude” necessária para entender que os idosos podem ter diferentes formas de depressão. E eu te digo, meu caro amigo Scant, não há remédio, leitura ou ginástica que interrompa, que impeça a erosão que o Tempo provoca.
 
Podem retardar, podem dar uma freada, podem diminuir a velocidade da “descida”, mas lá no fundo, bem lá no fundo, sempre estará preservado aquele gosto amargo que a velhice provoca. Mesmo assim, obrigado, obrigado de coração pelo interesse, pelas dicas, pela amizade. Você é o cara!

3 comentários:

  1. Curiosa essa sua postagem. Recentemente, tem umas duas semanas, um ex-aluno me encontrou no linkedin (não é o GRF), perguntou se ainda eu mantinha o Marreta. Eu disse que sim, embora com uma produção muito menor e pior, pois o black dog que você bem conhece vive a morder também meus calcanhares. Desde então ele vem me incentivando a diversificar minha produção, quer que eu abra canais no youtube, que faça podcasts (nem sei que porra é essa) etc. Justamente com essa intenção, de avivar e manter minha mente em ação, na ativa. De forma diferente da sua, expliquei a ele justamente o que você está a dizer nesta postagem. Que acho que é um pouco o que a Rita Lee dizia em Ovelha Negra : baby, baby, não adianta chamar, quando alguém está perdido, procurando se encontrar.
    Quanto à sua questão : sim, já ouvi sobre os tais cascos escuros, e bem como você diz, resposta longa vira post. Leia sobre na próxima cerveja-feira. Spoiler : não era esquisitice dos cervejeiros das antigas, não.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não entendo nada disso, mas meus filhos curtem e (creio) o mais velho produz um com sua esposa, onde falam e comentam algum assunto do interesse de ambos (creio que é isso). Pelo que entendi, um podcast é uma "parola flácida", uma conversa mole sobre algum assunto, que alguém grava e divulga em alguma rede ou no youtube. E é conversa mesmo, pois (creio) tratar-se de um áudio. Fico imaginando alguém gravando uma conversa de bêbados em um botequim. Isso também seria um podcast?

      Excluir
  2. "podem diminuir a velocidade da “descida”," tem velho q morre com 60 e outros com 70, 80, 90.

    retardar/diminuir a velocidade aqui pode dar uma diferença de 10, 20 ou 30 anos na expectativa de vida

    morrer vamos todos, então não precisa ter pressa

    abs!

    ResponderExcluir

ESTRELA, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...