Sou um leitor silencioso dos blogs de meus
amigos virtuais. Claro, só daqueles que posso acessar, certo, Scant? Às vezes
comento alguma coisa, mas, por uma espécie de pudor, na maioria das vezes
permaneço calado, pois tenho receio de fazer comentários muito ingênuos, idiotas,
pedestres ou dispensáveis (mas dou notícia de tudo).
Recentemente li uma resposta dada por meu
amigo virtual Marreta a um dos leitores de seu blog. O que chamou minha atenção
foi o fato de, pela primeira vez, ler uma referência à depressão que estava
sentindo. Logo ele, o cara que descarta o favo de mel e come abelha, o discípulo fiel
do Bukowski, o pós graduado em cervejas boas e baratas!
Fiquei pensativo com essa novidade. Quem ou o
que deu a ele de presente um cachorro
preto igual ao do Churchill? Obviamente não espero resposta nenhuma nem ele
tem satisfação a me dar. Para mim, por ter alguma intimidade com esse sentimento, o assunto serve apenas para divagações.
Ele é bem mais novo que eu, ainda se emputece
no trabalho e imagino que tenha vários motivos para levar uma vida normal. Mas
não é assim que as coisas acontecem. Pelo menos, não comigo. E mesmo que alguém possa pensar que isso é
frescura ou jogo de cena, preciso dizer que não é, pois às vezes os sentimentos
extravazam como água em caixa d’água com boia estragada.
Só para exemplificar o
poder que alguns sentimentos negativos possuem, vou contar rapidamente um fato
que está acontecendo agora. Conheço há alguns anos uma pessoa a quem
sempre admirei (não, não sou eu). É super competente, super profissional,
professora universitária, morou na França, independente financeiramente e agora
aposentada. Resumidamente, uma pessoa muito foda. De repente, como disse o
Vinícius, “não mais que de repente, do
riso fez-se o pranto” e essa mulher começou a exibir todos os sintomas de
uma síndrome do pânico pra lá de pesada, chorando frequentemente, sem conseguir
sair de casa nem para se vacinar.
Aprendi que síndrome do pânico não é
depressão (mas pode levar a isso). Mesmo assim, esses são sentimentos negativos
que você não controla facilmente. Como não sou psicólogo, quero apenas comentar minha
experiência pessoal com os estados depressivos (os meus).
Porque depressão é uma coisa estranha, muito
estranha. Às vezes, assim do nada, o disjuntor da alegria e bem estar desarma e
a melancolia invade e afeta todos os "circuitos integrados". A partir daí é
mergulho em apneia, torcendo para que o oxigênio do pulmão não acabe.
Eu sei que tenho mil motivos a mais que o
Marreta para ter depressão – sou idoso (a idadenos torna mais propensos a isso), não trabalho, não tenho amigos com quem
conversar. Por isso, às vezes a única vontade que tenho é ficar abraçado com meu
black dog em um canto escuro da casa,
babando fel e esguichando tristeza.
Esses apagões emocionaais acabam se refletindo no
que escrevo ou penso. E isso não é frescura. Uma forma boa de tentar voltar à
superfície é falar ou escrever sobre isso (correto, GRF?). Por não ter com quem
falar “ao vivo e a cores”, escrevo e
posto no blog. Mas essa é uma opção minha (sou exibicionista, entende?)
E esta é a mensagem para meu amigo Marreta:
escreva, escreva, escreva, sem filtro, apenas para você. Não precisa (talvez
nem deva) postar no blog. Isso pode ajudar a iluminar e oxigenar seu cérebro.
Como dizem entre si os atores britânicos antes de entrar em cena: “break a leg!”.
uma vida sem desafios tende a ser deprimente
ResponderExcluirabs
Tem toda razão!
ExcluirCorreto, camarada. Correto.
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