Depois de ficar sabendo que um "ex-amigo
de facebook" (fui excluído por ele) tinha publicado em seu perfil
esta pérola de ignorância - "Chega
de mimimi, somos do tempo que creme dental Kolynos era com cloroquina!" (era
clorofila!) - comecei a ficar agitado de novo e resolvi escrever um texto suave
sobre a cloroquina, um pouco para desabafar, um pouco para provocar os
bolsominions.
Pouco depois de ter sido publicado no
Facebook já tinha rendido uma troca de longos comentários com um “amigo”
com quem eu nunca conversei pessoalmente. É primo de um primo de minha mulher,
o que dá a dimensão da empatia que rola nessa “amizade”. Só por isso, resolvi
publicar no blog mais esta provocação endereçada aos bolsominions (e
funcionou!). O texto é este:
Eu não tenho nada contra o uso medicinal da
cloroquina a partir de recomendação médica. Tenho contra o uso político desse
medicamento, contra o cabo de guerra disputado entre os que defendem seu uso e
aqueles que o desaprovam. Porque um dos dois lados estará errado!
Repetindo, eu não sou contra a cloroquina,
sou contra pessoas que não têm formação em medicina ou farmácia estimular seu
uso em qualquer situação, pelo simples fato de acreditarem que funciona, mesmo
que até ex-ministros da saúde, ambos médicos, sejam contrários ao uso
indiscriminado dessa substância.
A cloroquina não é vacina. Se fosse, centenas
de pesquisadores e cientistas em todo o mundo não estariam agora correndo atrás
da primeira vacina eficaz para prevenção da Covid-19. Se fosse vacina, bastaria
tomar essa droga preventivamente e estava tudo bem. Mas não é assim que
funciona nem seu uso indiscriminado é recomendado pelos médicos. Se ela é tudo
o que pensam os bolsonaristas estimulados por um sujeito que não é médico
e que despreza as recomendações dos profissionais de saúde do mundo todo, ela
ainda é só um remédio que pode auxiliar no tratamento de quem já está doente.
Alguns amigos proclamam já ter tomado o
medicamento sem ter acontecido nada de grave. Alegro-me por não terem tido
nenhum efeito colateral grave, mas imagino que não tomaram para curar Covid-19.
E é isso que me deixa triste, tentar banalizar o uso do medicamento como se ele
fosse apenas um antiácido para combater azia, só porque o ídolo, o mito fica
fazendo marola em torno disso. Se todos parassem com essa discussão polarizada
sobre um remédio, e quisessem se concentrar em brigar e discutir, que
escolhessem falar mal ou a favor apenas do presidente, não a defender suas crenças
particulares.
Independente de seu uso político, fico
sinceramente feliz se a cloroquina auxilia na recuperação de pessoas
hospitalizadas em consequência do corona vírus, como no caso recente do Edir
Macedo. Se ela auxilia o tratamento e a recuperação dos doentes, ótimo.
Mas fico com essa ideia na cabeça: se puder
escolher, prefiro tomar uma vacina que vá me imunizar contra o corona vírus
(mesmo que a vacina seja chinesa) que tomar cloroquina já hospitalizado, na
esperança de ser curado. Ou seja, prefiro a sabedoria popular que diz ser melhor prevenir que remediar.
a politização dos debates chegou em um patamar absurdo
ResponderExcluira escolha de uma droga agora depende do presidente da república e não de uma autoridade médica
daqui a pouco, as pessoas vão aguardar orientação presidencial para escolher o metodo contraceptivo ideal
abs!
Você tem razão! Recentemente publiquei um post interessantíssimo contendo opiniões de psicanalistas renomados sobre o presidente. No texto publicado há um trecho que transcrevo como resposta ao que você comentou:
ResponderExcluirPara o psicanalista Christian Dunker, professor do Instituto de Psicologia da USP, o bolsonarismo tem na criação de inimigos o mecanismo de seu funcionamento. “A pandemia viola muito fortemente essa lógica. Porque aí é um inimigo que não foi você quem criou, portanto não é você quem manipula”, afirma Dunker.
Outra das marcas do comportamento do presidente na pandemia foi a defesa da hidroxicloroquina, medicamento ainda em fase experimental no tratamento para a Covid-19.
Para Dunker, a insistência tem raízes na formação do discurso messiânico. “É dele que tem que vir a palavra: ‘A cura está aqui’”.
Se quiser ler o texto na íntegra, o link é este:
https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2020/05/os-psicanalistas-e-o-presidente.html
Acho q todo mundo já esqueceu o niobio:)
ExcluirAhahahah!!!!
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