Numa boa, mesmo não sendo psicólogo, se existisse um Prêmio Nobel de
Psicologia eu juro que me candidatava (esse negócio de ser indicado não
funciona bem. Basta ver as indicações para alguns ministérios ou para o STF).
Alguém certamente deve estar se coçando de vontade de saber o motivo (talvez também seja bom verificar se não se trata de infestação de Pthirus pubis).
Mas para não submeter os
leitores desta bagaça a muita ansiedade, vou logo dizendo que acabei de
formular a Terceira Lei de Jotabê. E
não adianta procurar pelas duas anteriores, pois segui o exemplo da série Star Wars: se o primeiro filme exibido
nos cinemas é o quarto episódio da série, por que eu também não posso formular
depois as duas primeiras leis de Jotabê? Mas só a Terceira Lei já me garantiria um Nobel (ou até mesmo o Ignobel!). Seu enunciado é este:
Lex III:
Actioni contrariam semper et aequalem esse reactionem: sine corporum duorum
actiones in se mutuo semper esse aequales et in partes contrarias dirigi.
Isso ficou bonito demais! Infelizmente, a tradução dessa joia de
erudição só confirma o ditado “traduttore
traditore”, pois em português, numa infeliz falha de transposição, a Terceira
Lei de Jotabê fica igualzinha ao enunciado da Terceira Lei de Newton, como se pode ver:
Lei
III: A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas
de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos
opostos.
Como este texto não é uma edição resumida do Kama Sutra nem resenha de um compêndio
de Física, vamos trocar essa pouca vergonha de “dois corpos um sobre o outro”, pois isto é assunto para os contos
publicados no blog A Marreta do Azarão.
Por isso, no lugar de “dois corpos”
vamos utilizar “duas pessoas” (ah,
essas traduções!).
E como isso funciona na prática? Simples, meus
caros eleitores (estou pensando no Nobel!). Vamos voltar um pouco ao passado.
Quando Lula e depois a Dilma ocuparam a presidência do país, virava e mexia
aparecia alguém exaltando os benfeitos e tentando justificar os malfeitos ocorridos em cada um dos governos. Quando desconfiava ou não concordava com o que estava sendo dito ou proposto, minha
reação era inversamente proporcional à ênfase dada em cada situação. Quanto
mais incenso, mais endeusamento, mais eu me enfurecia e ficava puto.
A mesma coisa acontece com os evangélicos. Antes,
um parêntese: minha mulher tem o triste hábito de deixar a televisão ligada à
noite toda. Eu preferiria muito mais dormir no breu absoluto, mas já desisti de
ver isso acontecer, pois ela sempre dormiu de luz acesa enquanto eu sempre dormia com
a luz apagada. Quando nos casamos tivemos que adotar um meio termo: a luz do
quarto ficava apagada, mas a do corredor ficava acesa. Depois, em virtude da insônia
que sempre a atormentou, a televisão foi transferida para o quarto. Fim do
parêntese.
Embora tenhamos TV a cabo, minha mulher gosta
de ver aqueles programas bagaceira transmitidos pelos canais de sinal aberto.
Como eu apago rapidinho, nem ligo para o que está rolando na telinha. Foda é acordar
de madrugada, com vontade de mijar, e descobrir que ela dormiu sobre o controle
remoto e, para não acordá-la, ter de ouvir algum pastor esbravejando, “curando” algum “endemoniado”. Ou
tentando descolar uma grana.
O que passam de madrugada é de arrepiar: já
vi miniaturas em plástico da “arca da aliança” e da espada de Josué ou algum outro figurão sendo oferecidas,
já vi um holograma de um espírito maligno (creio que eles são verdes) e todo
tipo de putaria e falta de vergonha na cara.
Por isso, posso dizer que quanto mais alguns pastores, missionários ou
bispos forçam a barra, mais eu me afasto da religião (mesmo sendo católico). Em
outras palavras, quanto mais fundamentalismo e bla bla bla religioso eu vejo, mais distante eu
quero ficar disso.
E aí chegamos ao nosso mimoso presidente,
seus inacreditáveis ministros e seus ensandecidos e alucinados seguidores “raiz”.
Eu, que nunca fui de Esquerda, sinto cada vez mais vergonha de dizer que sou de
Direita, mesmo que de Direita moderadíssima, uma Centro-direita. E tudo graças
ao fazem e dizem o Mito, seu astrólogo-guru, seus filhos, alguns de seus
ministros e a boiada que sai em carreata, que despreza o isolamento social, que
endeusa a cloroquina, que pede intervenção militar, a prisão de governadores,
de deputados, de juízes do STF e, se bobear, até do Homer Simpson.
Eu condeno, deploro, desprezo e sou contra qualquer tipo de fundamentalismo e de radicalismo. Por isso, como cada ação dessa cambada provoca em mim “uma reação oposta e de igual intensidade”, cada vez mais eu fico com vontade de entrar em uma máquina do tempo e ser transportado ao ano de 2030 (por garantia). É mais ou menos como um "point of no return" - vou ouvindo, vou ouvindo, mas quanto mais idiotices são ditas ou radicalismo descontrolado é exibido, mais eu reajo e me enfureço. A última que ouvi foi a do antigo creme dental Kolynos: algum sábio bolsominion teria reclamado ou dito que o dentifrício só foi proibido por ter em sua fórmula "cloroquina". Não era cloroquina, a panaceia predileta do Jair (era apenas "clorofila".
Ouvir essas idiotices é muito difícil. E agora eu pergunto: mereço ou não ganhar o prêmio Nobel de psicologia? Mesmo que com a ajuda de Sir Isaac Newton.
Eu condeno, deploro, desprezo e sou contra qualquer tipo de fundamentalismo e de radicalismo. Por isso, como cada ação dessa cambada provoca em mim “uma reação oposta e de igual intensidade”, cada vez mais eu fico com vontade de entrar em uma máquina do tempo e ser transportado ao ano de 2030 (por garantia). É mais ou menos como um "point of no return" - vou ouvindo, vou ouvindo, mas quanto mais idiotices são ditas ou radicalismo descontrolado é exibido, mais eu reajo e me enfureço. A última que ouvi foi a do antigo creme dental Kolynos: algum sábio bolsominion teria reclamado ou dito que o dentifrício só foi proibido por ter em sua fórmula "cloroquina". Não era cloroquina, a panaceia predileta do Jair (era apenas "clorofila".
Ouvir essas idiotices é muito difícil. E agora eu pergunto: mereço ou não ganhar o prêmio Nobel de psicologia? Mesmo que com a ajuda de Sir Isaac Newton.
Devo dizer que suas observações são consistentes e factíveis e, se enquadram perfeitamente em uma operacionalização: suas ações em relação ao tema aumentam de frequência de acordo com as exigências do meio (da cultura e das redes sociais, no caso); se a intensidade do estímulo (do religioso fervoroso, p. ex.) é aumentada, naturalmente a intensidade do comportamento também. Contudo, e aí mora o perigo, pode ser que a sensibilidade de quem se comporta esteja "aguçada", isto é, conforme essas temáticas começam a fazer cada vez mais parte de nossas vidas, nos tornamos sensíveis a ela e, qualquer fagulha é motivo de explosão; isso pelo fato de alterarmos nosso ambiente social e individual, também. Por fim, é o que Skinner (analista do comportamento, não o diretor da escola do Simpsons) já dizia: "Os homens agem sobre o mundo e o modificam e, por sua vez, são modificados pelas consequências de sua ação".
ResponderExcluirP.S.: merece ganhar o Nobel.
Vou precisar recorrer a uma imagem: no final da adolescência fui quatro vezes à casa de um colega se sala para que me ensinasse um pouco de violão além do que eu já conhecia. Embora tocasse de ouvido, ele era muito bom. Em um desses dias chegou um outro sujeito que aprendia vioão por música. Meu colega pedia a ele para fazer uma exibição e o cara estraçalhou, nunca tinha visto ninguém tocar tão bem. Então é isso, seus comentários demonstram que enquanto eu "toco de ouvido", você "toca por música".E já estou contando com seu voto! A propósito, já ouviu fala do "Prêmio Ignobel? É muito engraçado. Se quiser, dê uma conferida no link https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2015/01/premio-ignobel.html
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