Parece que é nos graves momentos da caminhada
do homem sobre a Terra que são conhecidos aqueles com têmpera de aço (E aço de Toledo!),
que exibem sua determinação férrea e sua força de vontade inquebrantável (acho
que esta introdução ficou muito elegante, muito chique!). Creio que graças à
pandemia estamos em um desses momentos. A merda toda é que eu não tenho nada
parecido com isso. Toledo, por exemplo, era só um sujeito que alugava
bicicletas para andar na orla da lagoa que emprestou seu nome ao município de
Lagoa Santa. E o mais próximo de têmpera de aço que eu chegaria seria em um
churrasco, quando alguém dissesse "tempera
e assa!". Como diria o cineasta Orson Welles ao imaginar um título para seu filme não terminado: "It’s all true!”.
Aliás, tenho a suspeita de que não deve ter
concluído o filme justamente por ser ambientado no Brasil. Imagino que deve ter pensado
com seus charutos: "ninguém entende
esta zona! Só se eu contratar alguém muito experiente para servir de decodificador
desta esculhambação toda". Provavelmente foi assim que começaram
a dizer que "o Brasil não é para principiantes".
Pois bem, estou tentando me lembrar de o que
eu queria dizer neste post. Ah, sim, o assunto era o efeito do isolamento
social em meu abdômen, mais precisamente na circunferência da minha barriga.
Isso começou ontem a me deixar muito preocupado. Como estava muito frio,
resolvi tirar do armário uma calça de moletom, pois, graças ao isolamento
social fico só de cuecas dentro de casa. Aliás, tenho pensado que o motoqueiro que
vem entregar o pão aqui em casa já me viu tantas vezes de cueca que já está
quase empatando com minha mulher. Se bobear, é até capaz de identificar as
cores e seu estado de conservação.
Mas, voltando à calça de moletom, ela é
daquelas confortáveis que o elástico antigo torna ainda mais folgadas, ao ponto
de ter que ficar sempre dando uma ajeitada, uma segurada para não mostrar a
bunda. Isso inclusive prova que não basta ficar dentro do armário para que o
elástico fique com sua elasticidade preservada (acho que hoje estou divagando
muito!). Pois bem, confesso que me surpreendi ao vesti-la, pois estava
constrangedora e inesperadamente justa na barriga e até na coxa! E olha que eu
sou um sujeito que minha mãe diria ter pernas de saracura, significando ter
dois cambitos - o que também significa "pernas finas", entenderam?
Essa descoberta me deixou desacorçoado (às
vezes eu gosto de usar palavras "difíceis" só para passar a impressão
de que tenho cultura). Mas ficar desacorçoado não faz ninguém reagir como
deveria. Eu até consigo imaginar um daqueles nobres ingleses vestindo um robe de chambre e
sentado em um confortável sofá perto de alguma janela de seu castelo, enquanto
medita fumando calmamente seu cachimbo. A governanta (ou mordomo) orienta a
nova funcionária encarregada da limpeza, dizendo: "ele não gosta de ser incomodado quando está desacorçoado"
(acho que vou me candidatar a redator assistente da série "The Crown").
Vamos de novo: o sujeito precisa ficar
decepcionado, assustado ou puto da vida para tomar algumas providências. E a
primeira delas é comprar nova calça. Como isso não esgota nem resolve o
problema, ele precisa também ter um mínimo de vergonha na cara e prometer a si
mesmo que começará a se exercitar e a fazer uma reeducação alimentar. Por isso
mesmo, estou pensando em fazer caminhadas diárias aqui dentro de casa mesmo,
mais precisamente no quintal. Creio que segunda-feira é um bom dia para
começar. Já a reeducação alimentar, por ser mais efetiva e urgente (eu preciso perder 16,71 kg!), comecei
hoje mesmo. E comecei em grande estilo, pois a primeira coisa que cortei da minha alimentação foi cerveja. IMC=25? Aguardem-me, eu chego lá!
Mas você cortou a cerveja já faz uns duzentos anos...
ResponderExcluirSabe que eu não tinha reparado?
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