Meu amigo virtual Marreta deixou um
comentário no post “No reino de Asgard”
que me fez rir muito. “Rapaz, o que é que você anda misturando no Toddynho?” Essa pergunta não saiu da minha cabeça, pois fiquei
pensando o motivo de às vezes (só às vezes!) ser tão descompensado. Meu filho
mais velho tem 43 anos (é estranho pensar nisso!) e temos um ótimo
relacionamento. Aliás, tenho um fantástico relacionamento com todos os filhos.
Imagino que um dos motivos seja o fato de conversar com eles da forma mais
livre possível, sempre fazendo piadas idiotas que merecem o comentário de que
acabarei sendo interditado.
Eu me divirto muito com
isso, mas sei que mesmo sendo super bem humorados, são muito mais sérios do que
eu (que sou mal humorado), ou melhor, mais equilibrados. Porque eu realmente
alterno fases mais depressivas com momentos de puro delírio. Se eu mesmo não me
impuser um limite é bastante provável que me comporte de um jeito meio
alucinado que assusta e surpreende quem tem pouca intimidade comigo.
E esses desvarios parecem
estar aumentando, ao ponto de um dos filhos dizer que estou na fase “não gostou?, me processa”. O fato é que
eu me divirto muito quando assumo a persona
“porra louca”, pois falo coisas de deixar muita gente de cabelos em pé.
Como uma de minhas noras (a mais louca) ficou depois de saber o que eu tinha dito
recentemente. Creio já ter contado esse caso, mas não tenho mais controle do
que já publiquei. Com a memória RAM no brejo, fica difícil me lembrar de tudo o
que já postei.
O caso é o seguinte: fui a
uma farmácia perto de minha casa (antes da pandemia!), comprei alguma coisa,
paguei e subi na balança ao lado do caixa. Meu peso de três dígitos fez com que
eu comentasse para a senhora que estava no caixa (creio que é a esposa do
proprietário) que aquela balança só me dava desgosto. Ela sorriu e disse que ao
contrário de mim, tinha ficado muito feliz com a balança (eletrônica). Distraidamente,
sem pensar duas vezes, perguntei: “Por
que, estava desligada?” Só depois, revendo mentalmente a cena, entendi o
sorriso ligeiramente amarelo que exibiu.
Então é isso. Sou um sujeito
que nasceu introvertido e tímido e que continuou tímido e introvertido pela
vida afora. A diferença é ter percebido ainda na juventude que não poderia
deixar que a timidez me dominasse. Eu era muito magro (IMC19; hoje é 31), cabelo anelado,
orelhas desniveladas, narigudo, uma perna torta como um parêntese, sem queixo e
mais alguns detalhes eventualmente esquecidos. Em resumo, sem nenhum atrativo
físico. Além disso, era pobre, reprimido, medroso e inseguro (sempre!). Com
isso, minha autoestima era muito baixa. Só havia um caminho: criar um
diferencial que me destacasse. Ou pular de um edifício, coisa que nunca me passou
pela cabeça.
Um sujeito feio e pobre precisa ter alguma
qualidade para exibir. Como cultura inútil nunca foi objeto de desejo de quase
ninguém, sobrava o comportamento apalhaçado, descontrolado. E eu entrei nessa de
cabeça. Mas sempre tomando a iniciativa, pois ser pego de surpresa fazia com
que eu voltasse a ser o menino tímido, inseguro e medroso que acendia as
orelhas quando alguém me dirigia a palavra.
E esse comportamento fez também com que eu
acabasse me identificando só com gente fora
do esquadro. Um dos chefes que tive foi a pessoa mais divertida com quem trabalhei,
pois, apesar de inteligentíssimo, era um sujeito que andava exatamente na linha
que separa a normalidade da loucura.
Outra coisa que foi moldando minha cabeça foi
a permanente tentativa de manter a mente livre e uma curiosidade infantil,
daquelas que se encantam com irrelevâncias e detalhes que os adultos normais
nem chegam a notar. Creio que foi essa trajetória a base das pirações que
escrevo, do humor absurdamente sem graça que produzo (o pior é que eu gosto!), pois me permito pensar coisas de que só crianças pequenas são capazes. Resumindo: "eu tenho problema", como diz meu filho ao tirar sarro de mim (bullying de filho é foda!).
Mas preciso deixar claro que não gosto de
Toddinho. Toddinho é uma merda! O que eu gosto mesmo é de leite gelado (300 ml,
por favor) ao qual se mistura uma colher cheia de Toddy em pó (não serve outro
achocolatado). Isso sim, é o nirvana!
Boa, essa da balança. Me fez lembrar de um professor de filosofia com quem trabalhei. Uma vez, em reunião "pedagógica", ele foi colocado contra a parede pela "porta" da coordenadora, por exigir que todos os seus alunos apresentassem seminários, sendo que, em uma das salas, havia um moleque gago, cuja mãe fora reclamar na escola da exigência do professor. Pois ele não teve dúvida e respondeu na lata para a porta com peitos que era a coordenadora : é só ele apresentar o seminário cantando!!!!
ResponderExcluirGenial! Morri de rir na hora! Sozinho, é claro. O restante do professorado torceu o nariz politicamente correto cheio de meleca.
Politicamente correto é um saco! Mas o professor tinha razão. Embora existam outros casos, lembro-me de cara do Nelson Gonçalves que era gago ao falar, mas mandava super bem na cantoria. Imagino que a explicação esteja na necessidade de ajustar a respiração ao ritmo da letra. Talvez até o ato de declamar produza também o efeito tranquilizador. Mas gagueira é foda.
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