O texto a seguir foi escrito como resposta a
um comentário em um post antigo. Acreditando que seria uma boa ideia publicá-lo
como crônica aqui no velho e desgastado Blogson, apenas fiz sua cópia para
depois publicar. Sinceramente, não me preocupei em guardar de onde foi tirado.
A única coisa que sei é que o reli depois do post que o motivou ter sido
acessado recentemente. Fiz apenas algumas alterações e tentei deixá-lo mais atemporal do que era o texto original. Feitas as devidas explicações, bora lá.
Você conhece a história do crachá? Os
melhores anos da minha vida profissional foram passados em uma excelente
construtora de médio-grande porte. Ela ocupava um prédio próprio de seis
andares, com direito a garagem subterrânea e refeitório. Um dia, em nome da
segurança, decidiram adotar o uso de crachás para funcionários e visitantes. Os
crachás dos visitantes tinham uma cor diferente daqueles que deveriam ser
usados pelos funcionários.
É importante destacar que eram bastante
meia-boca: confeccionados em papel colorset, o dos funcionários era verde e o
dos visitantes era vermelho. Para piorar, os nomes ou alcunhas dos funcionários
e a palavra “visitante” foram escritos em tinta nanquim pelo pessoal da seção
de projetos. Então já dá para imaginar que a cor preta do texto normografado
ficava meio oculta pelas cores do papel. Resumindo, o crachá era muito feio.
Até aí, tudo bem, mas quem resolveu implantar o uso de crachás se esqueceu de
“combinar com os russos”, pois nem o presidente nem os diretores se animaram a usá-lo. Creio que a explicação é simples: mesmo tendo mais de cem
funcionários trabalhando (ou fingindo que trabalhavam) no prédio, certamente
todos sabiam quem era da diretoria. Na verdade, mesmo sem saber nome, andar de
trabalho ou função exercida, todo mundo se conhecia pessoalmente ou de vista.
Assim, qualquer desconhecido que tivesse sua entrada liberada na portaria era
automaticamente visto como “visitante” (ou ET).
Voltando à diretoria, o fato é que, sem o
exemplo vindo de cima (do sexto andar, literalmente), não passou muito tempo
para que ninguém mais usasse o crachá.
E esta é a conclusão (bastante acaciana) a
que se chega: o exemplo (equivocado ou verdadeiro, bom ou ruim, radical ou
moderado) vindo de alguém midiaticamente famoso e a quem se admira é
determinante para definir o comportamento da "plebe rude" (ou não), da patuleia,
da choldra, da ralé, do gado, da escória que o segue e que corresponde ao cidadão comum e anônimo (universo no qual
me incluo).
Trabalhei numa metalurgica com mais de 300 funcionários e todos sabiam muito bem quem eram os poderosos que também não eram nenhum exemplo, pelo contrário: uns fanfarroes.
ResponderExcluirEssa é que é a chave. Se você não tem a quem seguir, imitar ou obedecer você deixa rolar solto ( ou vai imitar outros líderes, mesmo que só por puro interesse). Como dizia um colega muito cínico, "o saco do chefe é o corrimão do sucesso")
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