quinta-feira, 18 de julho de 2024

VOCÊ JÁ USOU CRACHÁ?

 
O texto a seguir foi escrito como resposta a um comentário em um post antigo. Acreditando que seria uma boa ideia publicá-lo como crônica aqui no velho e desgastado Blogson, apenas fiz sua cópia para depois publicar. Sinceramente, não me preocupei em guardar de onde foi tirado. A única coisa que sei é que o reli depois do post que o motivou ter sido acessado recentemente. Fiz apenas algumas alterações e tentei deixá-lo mais atemporal do que era o texto original. Feitas as devidas explicações, bora lá.
 
Você conhece a história do crachá? Os melhores anos da minha vida profissional foram passados em uma excelente construtora de médio-grande porte. Ela ocupava um prédio próprio de seis andares, com direito a garagem subterrânea e refeitório. Um dia, em nome da segurança, decidiram adotar o uso de crachás para funcionários e visitantes. Os crachás dos visitantes tinham uma cor diferente daqueles que deveriam ser usados pelos funcionários.
 
É importante destacar que eram bastante meia-boca: confeccionados em papel colorset, o dos funcionários era verde e o dos visitantes era vermelho. Para piorar, os nomes ou alcunhas dos funcionários e a palavra “visitante” foram escritos em tinta nanquim pelo pessoal da seção de projetos. Então já dá para imaginar que a cor preta do texto normografado ficava meio oculta pelas cores do papel. Resumindo, o crachá era muito feio.
 
Até aí, tudo bem, mas quem resolveu implantar o uso de crachás se esqueceu de “combinar com os russos”, pois nem o presidente nem os diretores se animaram a usá-lo. Creio que a explicação é simples: mesmo tendo mais de cem funcionários trabalhando (ou fingindo que trabalhavam) no prédio, certamente todos sabiam quem era da diretoria. Na verdade, mesmo sem saber nome, andar de trabalho ou função exercida, todo mundo se conhecia pessoalmente ou de vista. Assim, qualquer desconhecido que tivesse sua entrada liberada na portaria era automaticamente visto como “visitante” (ou ET).
 
Voltando à diretoria, o fato é que, sem o exemplo vindo de cima (do sexto andar, literalmente), não passou muito tempo para que ninguém mais usasse o crachá.
 
E esta é a conclusão (bastante acaciana) a que se chega: o exemplo (equivocado ou verdadeiro, bom ou ruim, radical ou moderado) vindo de alguém midiaticamente famoso e a quem se admira é determinante para definir o comportamento da "plebe rude" (ou não), da patuleia, da choldra, da ralé, do gado, da escória que o segue e que corresponde  ao cidadão comum e anônimo (universo no qual me incluo).
 

                                                                                                                                                                                                                                                                                         

 

2 comentários:

  1. Trabalhei numa metalurgica com mais de 300 funcionários e todos sabiam muito bem quem eram os poderosos que também não eram nenhum exemplo, pelo contrário: uns fanfarroes.

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    1. Essa é que é a chave. Se você não tem a quem seguir, imitar ou obedecer você deixa rolar solto ( ou vai imitar outros líderes, mesmo que só por puro interesse). Como dizia um colega muito cínico, "o saco do chefe é o corrimão do sucesso")

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