Como disse logo
no início do post “A solução é mudar para
BH!”, tenho andado com vontade de pedir desculpas a todos os que acessam
e/ou leem o que publico nesta bagaça. O que me levou a ter esse desejo é o fato
de que há algum tempo venho notando um número inesperado de acessos ao velho
Blogson, que sempre foi um blog modestíssimo. Por isso, quando as estatísticas
indicam mais de cem, cento e cinquenta ou até duzentos acessos diários, eu
ponho minhas barbas postiças de molho e já penso: “tem roboi na linha!”
O que me deixa
meio assustado e com cara de quem sofre de incontinência urinária e não vê
nenhum banheiro por perto é o fato de vários posts antigos estarem sendo
acessados. Isso pode ser bom ou ruim, dependendo do que foi publicado. Claro
que eu não me iludo achando que foram lidos, pois a lista diária de acessos é
grande e nem eu, titular e reserva deste blog, conseguiria ler tudo em um dia,
porque ficaria de saco cheio e “intochicado
pela qualidade” do material.
Por isso,
acredito que alguns novos leitores talvez tenham se interessado em dar uma
olhada rápida nas publicações, tipo “visita
ao museu”, aquela em que você passa perto de um quadro ou escultura, mas
não se detém para ler as informações sobre a obra. E penso que isso pode estar
acontecendo com os mais recentes leitores que resolveram seguir este blog.
Dentre esses, claramente identificados, estão os blogueiros Ryk@rdo, a
CatiahoAlc, a Rô, o Eduardo e até mesmo alguns que apresentam um comportamento
de cometas ou de ioiô, pois às vezes cismam e desaparecem, voltando algum tempo
depois.
Mas não estou
preocupado com isso. O motivo deste post é pedir desculpas aos leitores, é
fazer um mea culpa pelas bobagens que
já escrevi e publiquei. Não qualquer tipo de bobagem, apenas as que são fruto
de opiniões e preconceitos de natureza política, social ou comportamental que
já não possuo.
E digo isso por
me surpreender com minhas opiniões equivocadas contidas em posts antigos de que
já nem me lembrava mais e que foram acessados (mas não necessariamente lidos)
pelos novos leitores deste blog ou por robozinhos travessos preocupados com o
conteúdo do blog. O que sei é que houve uma mudança em minha cabeça desde a
criação do blog até hoje.
No início – e
talvez seja o motivo de ter conquistado leitores que depois sumiram para sempre
– eu era nitidamente de direita, uma direita moderada, mesmo que intimamente
acreditasse ser de centro-direita. O tempo passou e eu fui exposto ao
radicalismo de extrema direita mais destilado e puro que jamais poderia
imaginar existir, graças a nosso ex-presidente.
Essa exposição
provocou em mim uma reação que poderia ser explicada por uma das leis de Newton
se aplicada às emoções humanas. Essa lei, depois de “humanizada”, diz
basicamente o seguinte: cada força de ação que é aplicada em alguém provoca uma
reação de mesma intensidade e com sentido contrário (se alguém quiser saber que
lei é essa e qual seu enunciado correto, busque na internet, pois meu negócio é
outro). E foi isso que aconteceu.
Quanto mais eu
ficava perplexo ou indignado pelas barbaridades ditas ou decisões e atitudes
condenáveis tomadas pelo Cavalão e sua gangue, mais eu caminhava no sentido
oposto. Essa lei “humanizada” pode ser também aplicada a outras situações.
Fundamentalismo religioso, por exemplo. Ou a exibição livre e descarada de
preconceitos e crenças que em pleno século XXI nem deveriam mais existir.
Hoje, eu que
nasci e fui criado em uma família super conservadora, não posso mais me
considerar de direita ou centro-direita, pois alguns dos valores e bandeiras
defendidas pela extrema direita e até mesmo pela direita mais moderada não mais
encontram ressonância em mim.
Mas como é
possível concordar com o descaso com o meio ambiente e com o imediatismo que
aceita, aprova e autoriza o desmatamento desenfreado, o garimpo ilegal em
terras indígenas, ou com a disseminação de mentiras grotescas embaladas no
papel fino das fake news? Como aceitar o preconceito contra vacinas desenvolvidas
em tempo recorde, ou a intolerância com o que é diferente, como vimos em
passado recente?
Por outro lado,
como é possível continuar racista ou homofóbico (eu já fui) ou contra o direito
das mulheres ao aborto legal? Como ignorar e não se condoer ao ver toda a
miséria e vulnerabilidade de milhares de pessoas em situação de rua ou com as
que se equilibram precariamente em favelas surgidas nos morros e periferias das
cidades? Se essa preocupação for de esquerda, então eu sou um esquerdista. Mas
prefiro me identificar hoje como sendo de centro-esquerda moderada – mesmo que
a palavra “moderação” cause engulhos e reações destemperadas nos ultra-radicais
de qualquer cor ou matiz.
E este é o
motivo do meu pedido de desculpas aos leitores que acessaram posts antigos onde
falava sobre política ou comportamentos sociais, pois eu não sou mais a pessoa
que escreveu e publicou todo tipo de bobagens e preconceitos agora abandonados.
A seguir, trechos de um texto que ainda reflete meu pensamento atual:
Pensando nessas coisas e na reação apaixonada que o tema Direita versus
Esquerda provoca nas pessoas, fiquei tentado a expor um pensamento que me
incomoda muito: ninguém é um crápula apenas por ser de direita! Da mesma forma,
ninguém é um canalha ou pulha apenas por alinhar-se com o pensamento de
esquerda.
São as convicções e crenças pessoais que fazem uma pessoa ser de direita
ou de esquerda (óbvio, não é?). Para mim, quem é de direita é mais centrado em
si mesmo, mais adepto do mérito pessoal, das conquistas individuais, mais
egocêntrico, mais individualista. Já os de esquerda seriam mais idealistas,
sonhadores, estariam mais focados em uma sociedade mais justa (o que quer que
isso signifique), nos mais desfavorecidos, na eliminação do desnível
sócio-econômico, etc. Obviamente, nem Direita nem Esquerda são demonstrações da "ignorância política" de quem é
simpatizante com essas ou aquelas ideias. Também não são sinônimos de
Corrupção. Corrupção combina com falta de caráter, falta de ética, falta de
moral. Na prática, isso se materializa em "obras públicas". Volto a
dizer, quem se alinha com o pensamento de esquerda ou de direita só o faz por
identificação pessoal com essas ideologias, não por burrice, canalhice ou falta
de caráter.
Não conheço pessoalmente nenhum patife que seja de esquerda ou de
direita. Todos os meus conhecidos de quem descobri as simpatias pessoais e
identificação com essa ou aquela ideologia (graças ao que postam ou comentam no
Facebook!) são, no geral, pessoas de ótimo caráter, encantadoras, muitos deles
com cultura bem acima da média. No entanto, ao defender o Bolsonaro e
crucificar o Lula (ou o contrário disso) comportam-se como se tivessem sido
mordidos por cachorros hidrófobos.
Continuo um
defensor intransigente da Democracia, continuo odiando qualquer tipo de
ditadura que há no mundo. Continuo admirando o FHC e detestando o PT, mas não considero o Lula (a
quem também detesto) de extrema esquerda. Estou de saco cheio desses preconceitos!
Sim, votei no
Lula porque eu desejei que ele ganhasse. E mesmo não gostando dele, votaria
mais mil vezes se necessário. Não me arrependo, nunca me arrependerei nem peço
desculpas por ter agido assim. Apenas faço uma comparação gastronômica para
explicar minha opção de voto. Prefiro comer carnes nobres, mas se só tenho a
opção de comer músculo ou passar fome, prefiro encarar o músculo. Fui claro?
Por isso, meus caros e raros leitores, peço desculpas pelas bobagens que escrevi no passado (e até mesmo por este post-desabafo) e reitero que não sou mais aquele sujeito que fui no início do blog. Mas se alguém disser que sou ou virei "comunista", rirei bastante dessa idiotice antes de responder que "Comunista é sua mãe!", porque vermelho para mim só interessa se for o "vermelho Ferrari".
A razão pela qual condeno essa polarização é justamente essa tomada de consciência e sensação de arrependimento que cedo ou tarde todos nós tivemos ou teremos, algo que não precisava ser assim se as plataformas de vídeo e redes sociais tivessem cortado pela raiz toda manifestação politizada, não importasse de que lado fosse, sobre quem falar-se-ia bem ou mal. Mas a Internet, os portais jornalísticos e a mídia televisiva ganharam e ganham como nunca em cima disso. Os políticos, muitos, estão mais conhecidos que nunca. Então foda-se o drama de consciência do povo. Quanto mais manipulável e imerso dentro da polarização política, melhor.
ResponderExcluirNestes dias terei de conviver com uma pessoa que virá de passagem, bolsonarista daquelas que nem tem bosta na bunda pra cagar, mas tem um monte de convicções agressivas a favor do mito. Por que será que os iguais não estão muito a fim de acolhê-lo? Não me interessa. Antes desse detalhe político, é um ser humano que vem para receber afeto, atenção, ajuda e acolhimento, pois não está legal. Eu tenho uma propensão a me aproximar mais de gente que não é esquerdista. Qual é a explicação? Não sei. Não faço a menor ideia. E fico me perguntando todo dia o que leva esse povo pensar que gays pobres votarão a favor daqueles que até meses atrás vieram persegui-los apoiando com veemência projeto pelo fim da união civil. Mas eu sou um mar de contradições e sei que muita gente é. Então prefiro não encontrar esses entendimentos, viver e deixar os outros viverem.
Eu falo que votei em Lula. Será que votei mesmo, ou é cômodo pra mim surfar na onda? Ninguém sabe. A pessoa tem que acreditar. E assim é toda eleição. O voto é secreto. Depois de validar o voto na urna, você pode falar o que quiser.
Onde você escreveu: "São as convicções e crenças pessoais que fazem uma pessoa ser de direita ou de esquerda", eu digo que são as manipulações governamentais e midiaticas que fazem as pessoas aceitarem esses rótulos. Mais do que nunca, estão alucinados para demarcar o rebanho e saber em quantos são.
Um abraço, Jotabê. Desculpe por todas as vezes que hostilizei você e fui abusivo em vários aspectos, não apenas político. Às vezes não comento porque simplesmente não tenho o que comentar.
Muito legal este comentário, Fabiano. Mas não precisa se desculpar por ter me hostilizado. A única referência que fiz no texto a você foi a brincadeira do ioiô, que vai e vem. A mensagem principal do texto é que se “direita” representa os valores defendidos por Bolsonaro e seus seguidores então eu sou qualquer outra coisa, até mesmo de esquerda (que não me considero). Mas meu ódio ao Lula e ao PT eram tão cristalinos no início do blog que eu percebi ter-me deixado levar a desconsiderar algumas bandeiras defendidas por eles e que eu também defendo.
ExcluirE foi essa sensação que me levou ao desejo de me desculpar pelo radicalismo entranhado em alguns posts. Repetindo, eu não sou da turma do Bozo, eu sou e sempre fui um cara da conciliação, da moderação, do equilíbrio, alguém que por timidez, medo ou criação sempre fugiu do confronto aberto, preferindo a ironia e sarcasmo que a ofensa raivosa esbravejada em voz alta.
E hoje, refletindo sobre o mundo em que minhas netas viverão, em que estão condenadas a viver, eu me espanto e me enfureço pelo imediatismo egoísta daqueles que só querem se dar bem pouco importando se isso será prejudicial ao resto das pessoas.
Meus sentimentos sobre os políticos e a política brasileira se misturam com minhas convicções sobre ecologia e meio ambiente, com meus sentimentos atuais em relação à miséria e abandono dos mais pobres e necessitados, mas é assim que eu sou. Sou um sujeito que ama a democracia e abomina ditaduras e líderes autoritários. Por isso jamais apoiarei um candidato a ditador ou qualquer grupo que queira impor na marra sua visão limitada e preconceituosa de mundo. Por isso eu digo que odeio o Trump, o Maduro, o Putin, os atuais regimes de Cuba, Coreia do Norte, Nicarágua e outros do mesmo tipo em que nem presto atenção. Sem falar nos fundamentalistas religiosos.
Toda essa salada que existe em meu cérebro (que não demora a se apagar) é que me fez ter vontade de escrever um texto anormalmente longo (como esta resposta) e talvez confuso (como esta resposta). Abraços.
Bom dia:- Por vezes o que consideramos modesto, é recheado de competência e elevado valor.
ResponderExcluir.
Saudações amigas. Domingo feliz.
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Poema: “ Lágrimas de Amor “
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Obrigado pelo comentário, caro Ryk@rdo, mesmo que não tenha conseguido identificar o chamou de "modesto".
ExcluirVou te falar na lata: seu blogue deveria ser mesmo mais lido pois você escreve uns trecos legais. E escreve bem. Desabafa filho, desabafa...desabafar às vezes é bom.
ResponderExcluirPassei anos discutindo política e teologia em blogues e grupos diversos que até cansei...nunca consegui me de-fin-ir em matéria de política. Transito pela esquerda e pela direita de boa, sem ter vergonha na cara. O que eu não suporto é a imbecilidade da turma bolsonarista e nem a militância desvairada de grupos de esquerda como os lacradores de todas as estirpes que há hoje: feminismoS, wokermismo, LGBTqueísmo... etc. Abomino todos. Ou todEs para ter inclusão...
Fiz uma resposta a este seu comentário que, talvez pelo "adiantado da hora", esqueci de clicar no botão Publicar. Mas em resumo é o seguinte: penso exatamente como você neste caso. Parece até que você me psicografou.
Excluirah, e acho também que não devia pedir desculpas por nada que já escreveu. Eu não peço. Só quem não muda é pedra. Aliás, até pedra muda por conta da erosão. Tudo o que já defendemos em matérias de ideias fez parte do que já fomos, o que somos e o que ainda seremos. Feliz quem não é monolítico na vida.
ResponderExcluirObrigado por suas palavras Eduardo, elas certamente vão me ajudar a dormir melhor, sem os pesadelos recorrentes, a que estou chamando agora de "sonhadelos" ou "pesadonhos". Abraços.
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