sexta-feira, 5 de julho de 2024

O RAP DO MARRETA

 
O dono do blog A Marreta do Azarão gosta muito de apregoar as qualidades dos “machos das antigas”, aqueles caras que preferem comer a abelha em lugar do mel. Segundo ele, “Macho das antigas chacoalha a rola depois de mijar, faz helicóptero com ela. Tanto no banheiro público quanto em casa.”
 
Ou seja, “macho das antigas” é um sujeito casca grossa, tão delicado quanto um javali ou engate de locomotiva com vagão. Em outras palavras, mais grosso que fumo de rolo. Ou “macho raiz”.
 
Talvez por isso o Marreta privilegie tudo que lembra a autenticidade e a pureza “raiz” das coisas que vê, usa e aprecia. Fico tentado a pensar que se fosse religioso e americano faria parte da comunidade amish, aquele povo que prefere andar de carroça que em uma Lamborghini Hurricane (obrigado, Google!).
 
Mas deixemos de parola flácida. Ele me sugeriu ouvir o único rap que conhece, o “Rap da Roça”, gravado e cantado por um tal de Kakinho Big Dog (muito prazer, nunca ouvi falar). Por isso, só de sacanagem, resolvi fazer uma música versão Nutella dessa letra raiz. Claro, with a little help da incontrolável Suno, que sempre entrega duas porcarias para cada solicitação que recebe.  Escutaí, Marreta!
 
E se alguém quiser curtir a letra, também taí.
 
https://suno.com/song/f48c143f-a385-4f9c-b2ef-0e0d5aef9fdc
https://suno.com/song/b9ee3eb8-13ed-4ae0-8f39-b9b2b9c9ff10
 
 
Esse rap foi feito em riba duma carroça
Não fala nada de nada, é o rap da roça
Esse rap foi feito em riba duma carroça
Não fala nada de nada, é o rap da roça
 
Meu nome é Zé Firmino, sou fio do soldado
Que agarrô à força a doida do sobrado
Cresci sem tomar Toddy, nunca andei de Velotrol
Não bebi "mursão" escoti, num tomei Carcigenol
 
Cresci no sofrimento, a miséria me cercava
Garrei plantar cebola, ver se as coisas miorava
Mas a seca matô tudo, tentei criá galinha
Os muleque pulô o muro e comeu minhas bichinhas
E nem usaram camisinha, sô...
 
Prantei a mão num cara que era fio do prefeito
Os polícia me espancaro no avesso e no direito
Tentei prantá mandioca nos terreno duma mulata
Ela oiô minha prantinha e mandô ieu prantá batata
 
Eu pensei "É... A vida é um cão de saia,
Prantá num é minha praia. Eu vô mudar..."
Fui lá pro sertão do Quixadá.
 
Porque esse rap foi feito em riba duma carroça
Não fala nada de nada, é um rap da roça
Esse rap foi feito em riba duma carroça
Não fala nada de nada, é um rap da roça
 
Fui trabaiá num sitio de um dotô coroné
O sujeito era esquisito e me fazia de muié!
(Xiii...)
Eu fazia obrigação, era bão dona de casa
Mas a imaginação do sujeito criou asa
Pedia beijo de língua,(Danou-se...) mas eu num dava...
 
Por que esse rap foi feito em riba duma carroça
Não fala nada de nada, é um rap da roça
Esse rap foi feito em riba duma carroça
Não fala nada de nada, é um rap da roça
 
Teve um filme na cidade de um tar de Lampião
Resorvi virar jagunço dos mais ruim desse sertão.
Na primera das tocaia, pra mostrar que era mau
Avistei Zé das Lacraia, tasquei-lhe um tiro de sal
 
O minino caiu morto, durinho no meio da mata
Morreu todo sargadinho porque tinha pressão arta.
(Vixi Maria, sacanagem sô...)
Mas eu que não era um sujeito muito ruim ainda, né...
 
Troquei a carga da espingarda, usei bala deliça
Veio dona Emengarda com o balaio de lingüiça
Tasquei-lhe um tiro certo na cacunda esquelética
A véia caiu morta porque era diabética
(Ce é ruim heim Zé Firmino)
Ara, eu num tinha bala dietética...

 

 

6 comentários:

  1. A letra é bem criativa e elaborada. Sem dúvida, um texto muito talentoso. Dia desses coloquei por zoeira uma letra

    Julieta eta eta
    Da borseta eta eta eta
    Minha mala ala ala
    Quer guardá-la ala ala.

    Essa música que você colocou é uma verdadeira pérola perto dessa cacofonia minha. Ahahah.

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    1. Me fez lembrar de uma música da dupla Alvarenga e Ranchinho.

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    2. MISTER ECO
      Bom dia, Mister Eco (Eco, eco, eco, eco, eco)
      Como vai do reumatismo? (Tismo, tismo, tismo, tismo)
      Estás apaixonado? (Nado, nado, nado, nado)
      Ou é só estrabismo? (Bismo, bismo, bismo, bismo)
      Vou contar a sua história (Tória, tória, tória, tória)
      História de amor (Amor, amor, amor, amor)
      Da mulher que mais adora (Dora, dora, dora, dora)
      E por quem se suicidou (Cidou, cidou, cidou, cidou)
      Mister Eco deu um grito (Grito, grito, grito, grito)
      O Eco não respondeu (Pondeu, pondeu, pondeu, pondeu)
      E ela muito triste (Triste, triste, triste, triste)
      Bebeu veneno e morreu (Morreu, morreu, morreu, morreu)
      Mister Eco quando viu (Viu, viu, viu, viu)
      Sentiu uma dor profunda (Funda, funda, funda, funda)
      Ao vê-la ali na lousa (Lousa, lousa, lousa, lousa)
      Sua bela moribunda
      Eh, sumiu o eco, hein, cumpade?

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    3. Ah, Ah, não conhecia isso não, Jotabê. kkkk Cê besta!

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    4. A vantagem de ser idoso é ter um espectro maior de lembranças e referências.

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ANIME-SE, JOTABÊ!

  Fiquei muito feliz depois de publicar o primeiro e-book com 60 poesias escritas ao longo de 10 anos de blog, pois tinha passado de bloguei...