Já disse isso várias vezes e repetirei
quantas vezes mais eu cismar: “felicidade” para mim é um sentimento puro, de
primeira linha, pois quando alguém está feliz, está feliz consigo mesmo e isso
basta. Já “orgulho” é um sentimento de segunda linha, pois pressupõe comparação,
competição. Felicidade é o sentimento de quem está sentado na areia da praia curtindo
o vai e vem ininterrupto das ondas. Orgulho é o sentimento presente nas
competições esportivas.
Justamente por isso, só de sacanagem, eu digo
que orgulho é coisa de pobre (pobre de espírito). Mas como estamos a poucos
dias do final do mês meu saldo bancário está no vermelho (vermelho Ferrari,
obviamente). Justamente por essa dureza, por essa indigência financeira eu hoje me
permito sentir orgulho (duh!). E tenho motivos para isso, pois o Brasil foi laureado
com um dos prêmios mais "importantes" internacionalmente, o prêmio (Ig)Nobel.
Chupa, descrente!
Para quem não conhece, o Prêmio IgNobel
é uma espécie de paródia do Nobel e concedido para a descoberta
“científica” mais estranha do ano. Algumas dessas “pesquisas” são
engraçadíssimas. O bizarro dessa história é que a cerimônia de premiação muitas vezes conta com a presença de ganhadores
reais do Prêmio Nobel.
Pois bem, o cientista brasileiro
Glauco Machado dividiu com Solimary García-Hernández da Colômbia o prêmio de BIOLOGIA de 2022, por estudar se e como a constipação afeta as perspectivas de
acasalamento dos escorpiões, com os resultados apresentados em “Efeitos a curto e longo prazo de um caso
extremo de autotomia: a perda da cauda e a constipação subsequente diminuem o
desempenho locomotor de escorpiões masculinos e femininos?”
Os outros laureados e seus respectivos
trabalhos são estes:
CARDIOLOGIA
APLICADA:
Eliska Prochazkova, Elio Sjak-Shie, Friederike Behrens, Daniel Lindh e Mariska
Kret, por buscar e encontrar evidências de que quando novos parceiros
românticos se encontram pela primeira vez e se sentem atraídos um pelo outro,
seus batimentos cardíacos se sincronizam.
LITERATURA: Eric Martínez,
Francis Mollica e Edward Gibson, por analisarem o que torna os documentos
legais desnecessariamente difíceis de entender.
MEDICINA: Marcin Jasiński,
Martyna Maciejewska, Anna Brodziak, Michał Górka, Kamila Skwierawska, Wiesław
Jędrzejczak, Agnieszka Tomaszewska, Grzegorz Basak e Emilian Snarski, por
mostrarem que, quando os pacientes são submetidos a algumas formas de
quimioterapia tóxica, sofrem menos efeitos colaterais prejudiciais quando o
sorvete substitui um componente tradicional do procedimento.
ENGENHARIA: Gen Matsuzaki, Kazuo Ohuchi, Masaru Uehara, Yoshiyuki
Ueno e Goro Imura, por tentarem descobrir a maneira mais eficiente de as
pessoas usarem os dedos ao girar um botão.
HISTÓRIA
DA ARTE: Peter de Smet e
Nicholas Hellmuth, por seu estudo “Uma
abordagem multidisciplinar para cenas rituais de enema (lavagem intestinal) em
cerâmica maia antiga”.
FÍSICA: Frank Fish, Zhi-Ming
Yuan, Minglu Chen, Laibing Jia, Chunyan Ji e Atilla Incecik, por tentarem
entender como os patinhos conseguem nadar em formação.
PRÊMIO
DA PAZ:
Junhui Wu, Szabolcs Számadó, Pat Barclay, Bianca Beersma, Terence Dores Cruz,
Sergio Lo Iacono, Annika Nieper, Kim Peters, Wojtek Przepiorka, Leo Tiokhin e Paul
Van Lange, por desenvolverem um algoritmo para ajudar os fofoqueiros a decidir
quando contar a verdade e quando mentir.
ECONOMIA: Alessandro Pluchino,
Alessio Emanuele Biondo e Andrea Rapisarda, por explicarem, matematicamente,
por que o sucesso na maioria das vezes não vai para as pessoas mais talentosas,
mas sim para as mais sortudas.
Esse da economia é interessante; conheço muitas pessoas talentosas, preparadas e capazes ganhando uma merreca e totais imbecis em posição de comando e com os bolsos cheios.
ResponderExcluir