Conheci um sujeito que pelo fato de ser o filho mais
novo de uma família numerosa sempre recebeu um tratamento especial dos irmãos. Talvez
nem tanto pela diferença de idade com os mais velhos, mas pela ingenuidade desconcertante
e comportamento descuidado que volta e meia exibia. Derrubava copos, quebrava coisas
e fazia comentários tão inesperados que ao entrar na adolescência acabou por merecer
um neologismo utilizado apenas no ambiente familiar. Ao dizer alguma asneira, derrubar
algum líquido na toalha da mesa ou deixar cair alguma coisa no chão com uma frequência
maior que o aceitável os irmãos logo exclamavam: - “Ê joãozada!” (chamava-se João). Curiosamente, mesmo tendo perdido contato
com ele, às vezes tenho notícia de que continuou a cometer joãozadas pela vida.
Uma das mais recentes é a crença e defesa intransigente do mito.
Lembrei-me desse caso ao ler uma ótima piada sobre a visita do Paulo Maluf ao Vaticano (coincidentemente para encontrar-se com um João) brilhantemente narrada por meu amigo virtual Marreta (o “brilhantemente” aí foi só para puxar saco). OK, mas o assunto em que estava mesmo pensando era outro. E esse "outro" é a criação de neologismos através da transformação de nomes próprios em verbos, substantivos ou adjetivos (graças à sonoridade de puteiro que trago em meu nome, esse é um assunto que sempre mexe um pouco comigo - infelizmente).
Para o bem e para o mal uma das maiores provas do protagonismo exercido por alguém em alguma época ou lugar é ter seu nome próprio transformado em substantivo depois de aditivado com o sufixo “ismo”. Exemplos não faltam: leninismo, franqusmo, trotskismo, tatcherismo, maoismo, chavismo, marxismo, lulismo, trumpismo, bolsonarismo, peronismo e outros mais. Alguns desses tem pouca expressividade ou vida útil curta e alguns são até um pouco forçados e ridículos. Mas nem todos os nomes próprios se prestam a esse tipo de associação. Dilmismo, por exemplo, não significa nada. Já dilmês, neologismo para identificar a linguagem tosca, desconexa e muitas vezes ininteligível da ex-presidente é perfeito.
Na Wikipédia - minha coach para assuntos abordados superficialmente - podem ser encontrados os significados de alguns desses nomes próprios acrescidos do sufixo ismo. Como minha intenção não é tornar a leitura deste texto ainda mais enfadonha do que já está, optei por não transcrever o sentido atribuído a cada um dos novos substantivos criados. Ainda assim, tendo ou não simpatia por algum desses figurões, não se pode negar que há alguma espécie de nobreza, de distinção ou até homenagem nos neologismos assim formados.
Lembrei-me desse caso ao ler uma ótima piada sobre a visita do Paulo Maluf ao Vaticano (coincidentemente para encontrar-se com um João) brilhantemente narrada por meu amigo virtual Marreta (o “brilhantemente” aí foi só para puxar saco). OK, mas o assunto em que estava mesmo pensando era outro. E esse "outro" é a criação de neologismos através da transformação de nomes próprios em verbos, substantivos ou adjetivos (graças à sonoridade de puteiro que trago em meu nome, esse é um assunto que sempre mexe um pouco comigo - infelizmente).
Para o bem e para o mal uma das maiores provas do protagonismo exercido por alguém em alguma época ou lugar é ter seu nome próprio transformado em substantivo depois de aditivado com o sufixo “ismo”. Exemplos não faltam: leninismo, franqusmo, trotskismo, tatcherismo, maoismo, chavismo, marxismo, lulismo, trumpismo, bolsonarismo, peronismo e outros mais. Alguns desses tem pouca expressividade ou vida útil curta e alguns são até um pouco forçados e ridículos. Mas nem todos os nomes próprios se prestam a esse tipo de associação. Dilmismo, por exemplo, não significa nada. Já dilmês, neologismo para identificar a linguagem tosca, desconexa e muitas vezes ininteligível da ex-presidente é perfeito.
Na Wikipédia - minha coach para assuntos abordados superficialmente - podem ser encontrados os significados de alguns desses nomes próprios acrescidos do sufixo ismo. Como minha intenção não é tornar a leitura deste texto ainda mais enfadonha do que já está, optei por não transcrever o sentido atribuído a cada um dos novos substantivos criados. Ainda assim, tendo ou não simpatia por algum desses figurões, não se pode negar que há alguma espécie de nobreza, de distinção ou até homenagem nos neologismos assim formados.
Mesmo não tendo (ainda) merecido um tópico na
Wikipédia para o neologismo, graças à sonoridade de seu nome e à sua ideologia de
extrema, extrema direita, nosso intrépido presidente provocou o surgimento do termo “bolsonarismo”,
criado para se referir às políticas e ideologia
do político e seus filhos, servindo também para identificar o movimento ou postura
política de apoio a Bolsonaro.
Se o sufixo "ismo" consegue essa façanha de dar importância a pessoas que muitas vezes não a têm, o mesmo não acontece se usarmos o nome de algum bam-bam-bam com o sufixo ice. Os substantivos paroxítonos que surgem trazem um significado mais pejorativo ou crítico e uma sonoridade mais plebeia, nivelados que são a vocábulos tais como asnice, breguice, burrice, cafonice, canalhice, canastrice, caretice, chatice, crendice, cretinice, escrotice, gulodice, idiotice, pieguice, rabugice, sem-vergonhice, sovinice, tolice e velhice, dentre outras.
Ou seja, ter seu nome acrescido do sufixo ice é fria, é gelada. Mesmo assim, a língua pátria seria enriquecida se as pessoas passassem a adotar neologismos criados dessa forma. Voltando ao nosso intrépido Cavalão, poderíamos utilizar “bolsonarice” para traduzir todas as atitudes, crenças e afirmações deploráveis, equivocadas e insensatas de que ele, seus pimpolhos e adoradores incondicionais são capazes de exibir. Assim, ao serem brindadas com nova estultice do mito as pessoas poderiam dizer "Mais uma bolsonarice!”. E seus seguidores lamentavelmente incondicionais poderiam ser identificados pelo adjetivo “bolsonarado”, inspiradores de frases deste tipo:
- Evite
contato visual com ele, pois foi (ou está) bolsonarado”. E ainda não há vacina para isso.
Boas e inspiradas sandices, Jotabê, boas e inspiradas sandices.
ResponderExcluirGostei da diferenciação entre o ismo e o ice. Nunca tinha me ocorrido como esses dois sufixos podem mudar para melhor ou para o pior o radical (o extremista, o fanático) que lhes deu origem.
Muito legal.
Obrigado!
Excluir