Uma vez eu folheei um livro interessantíssimo sobre as línguas faladas no mundo. Não me lembro mais de quase nada, mas quase nada mesmo. A única lembrança mais confiável que restou é sobre a língua falada na Suméria. Segundo o livro, era uma língua tecnicamente extinta e só falada (ou compreendida) por uns 200 ou 300 linguistas ou arqueólogos. As outras línguas citadas no livro também traziam esse tipo de informação, além de sua origem, a qual tronco linguístico pertenciam, etc. Achei bacana demais esse livro e lamento até hoje não tê-lo comprado.
A necessidade de comunicação mais complexa provavelmente fez com que os primeiros grupos de humanos – certamente afetados e influenciados pelo ambiente onde tentavam sobreviver - fossem criando formas de linguagem, palavras, gestos e expressões cada vez mais diferenciadas dos recursos similarmente utilizados por outros grupos para trocar um lero fiado ou planejar um churrascão.
Palavras aparentemente sofisticadas como “hipopótamo”, por exemplo, jamais seriam imaginadas ou inventadas na Finlândia. Aliás, a propósito desse animal há uma lenda reproduzida pelos anciãos de algum agrupamento humano daquela época (pessoal com uns trinta anos, pouco mais pouco menos, assim imagino) para demonstrar que o cuidado com a clareza da comunicação deve ser permanente.
Essa
lenda narra o ocorrido em uma balada pré-histórica, onde todo mundo já estava pra
lá de bêbado (parece que já tinham inventado uma ancestral das cervejas baratas
mas boas), rindo pra cacete, totalmente alheios aos perigos que a noite
africana podia trazer (eles estavam na África). Foi quando apareceu um
hipopótamo roliço, grande pra cacete (estava mais para “hiperpótamo", de tão grande que era), puto da
vida por causa da cantoria desafinada (eles já cantavam alguma coisinha) e da algazarra que aqueles magrelos faziam. Infelizmente, ninguém percebeu sua
aproximação - nem tão sorrateira assim -, exceto o gaguinho da tribo, que de
olhos arregalados tentou alertar a cambada, gritando (sem conseguir completar a
palavra, pois o nervosismo acentuou ainda mais sua gagueira) “Hip...”, “Hip...”. Foi quando os bebuns
reagiram gritando em uníssono (bonita palavra!) “HURRA”! E ele ainda tentou mais uma vez: “HIP...”, “HIP...!!!”. E seus amigos responderam novamente “HUR...!”, mas o hiperpótamo não deixou
nem que terminassem, passou o rodo em quem encontrou pela frente e pôs todo mundo pra correr.
Depois de tomar conhecimento dessa lenda gravada em tecnicolor na parede de alguma gruta que acabaram de descobrir (essa indeterminação de uma frase é ótima para dar credibilidade a qualquer notícia), percebi mais uma vez a necessidade de dar a conhecer a língua própria do blog, para que tudo fique explicadinho, explicadinho. Com essa ideia em mente, resolvi registrar suas principais características para que as futuras gerações pós-Apophis entendam e absorvam a sabedoria profunda guardada nos textos ancestrais do Blogson (ancestrais sim, pois muitos anos terão se passado, claro). Por isso, sem mais delongas nem mais decurtas, vamos lá.
O Blogsonês é uma língua falada?
Bom, falada, falada mesmo não é, está mais para balbuciada e assim mesmo, só por Jotabê quando entra em transe criativo (ou seja, quase nunca). Na prática, é a língua escrita do Blogson, uma escrita com overdose de vírgulas e agressões à gramática. Como o blogueiro que vos fala (escreve!) sempre pensa mil coisas enquanto conversa com outras pessoas, acaba tendo uma fala hesitante, quase tatibitate, pois faz muitas pausas (até para tentar se lembrar sobre que estão conversando, de que estão falando, qual assunto está sendo abordado). Além disso, tem a mania de prender a respiração enquanto emite seus conceitos e pensamentos de alta sabedoria, o que acaba resultando em muitos suspiros. Mas é bom não confundi-los com os “Suspiros Poéticos e Saudades”, pois esses são de Gonçalves de Magalhães.
Estilo da linguagem:
Por sua ignorância formal das normas cultas da última flor do Lácio (paradoxalmente inculta e bela), o blogsonês pode ser considerado uma linguagem 90% coloquial, só não atingindo a taxa de 100% porque Jotabê detesta radicalismo. Esse coloquialismo ajuda a disfarçar a profunda ignorância que sempre é exibida no blog.
Palavrões, palavras de baixo
calão e tijoladas:
Essa talvez seja a característica mais marcante do blogsonês, a ausência quase completa de palavras vulgares em seu dicionário (a ser ainda escrito), pois, quando utilizadas, as palavras chulas aparecem totalmente despidas (naked) de conotações sexuais. “Caralho”, por exemplo, só aparece no Blogson em expressões utilizadas para designar intensidade ou quantidade, e em situações do tipo “Feio pra caralho” ou “Esse livro é do caralho!" Ou ainda em exclamações iradas (raivosas, ok?) do tipo “Vai é o caralho!”, que tem como equivalente a expressão “Vai porra nenhuma!” Outra palavra chula muito utilizada (tantas vezes que até parece estarmos na França) é “merda”, que no blog adquire a característica de comum de dois gêneros: “Esse cara é um merda!” ou “Aquela situação transformou-se na maior merda”. Há outras mais, como “puto da vida” “filhadaputa”, etc., mas sempre desidratadas de conotação sexual.
Depois de tomar conhecimento dessa lenda gravada em tecnicolor na parede de alguma gruta que acabaram de descobrir (essa indeterminação de uma frase é ótima para dar credibilidade a qualquer notícia), percebi mais uma vez a necessidade de dar a conhecer a língua própria do blog, para que tudo fique explicadinho, explicadinho. Com essa ideia em mente, resolvi registrar suas principais características para que as futuras gerações pós-Apophis entendam e absorvam a sabedoria profunda guardada nos textos ancestrais do Blogson (ancestrais sim, pois muitos anos terão se passado, claro). Por isso, sem mais delongas nem mais decurtas, vamos lá.
O Blogsonês é uma língua falada?
Bom, falada, falada mesmo não é, está mais para balbuciada e assim mesmo, só por Jotabê quando entra em transe criativo (ou seja, quase nunca). Na prática, é a língua escrita do Blogson, uma escrita com overdose de vírgulas e agressões à gramática. Como o blogueiro que vos fala (escreve!) sempre pensa mil coisas enquanto conversa com outras pessoas, acaba tendo uma fala hesitante, quase tatibitate, pois faz muitas pausas (até para tentar se lembrar sobre que estão conversando, de que estão falando, qual assunto está sendo abordado). Além disso, tem a mania de prender a respiração enquanto emite seus conceitos e pensamentos de alta sabedoria, o que acaba resultando em muitos suspiros. Mas é bom não confundi-los com os “Suspiros Poéticos e Saudades”, pois esses são de Gonçalves de Magalhães.
Por sua ignorância formal das normas cultas da última flor do Lácio (paradoxalmente inculta e bela), o blogsonês pode ser considerado uma linguagem 90% coloquial, só não atingindo a taxa de 100% porque Jotabê detesta radicalismo. Esse coloquialismo ajuda a disfarçar a profunda ignorância que sempre é exibida no blog.
Essa talvez seja a característica mais marcante do blogsonês, a ausência quase completa de palavras vulgares em seu dicionário (a ser ainda escrito), pois, quando utilizadas, as palavras chulas aparecem totalmente despidas (naked) de conotações sexuais. “Caralho”, por exemplo, só aparece no Blogson em expressões utilizadas para designar intensidade ou quantidade, e em situações do tipo “Feio pra caralho” ou “Esse livro é do caralho!" Ou ainda em exclamações iradas (raivosas, ok?) do tipo “Vai é o caralho!”, que tem como equivalente a expressão “Vai porra nenhuma!” Outra palavra chula muito utilizada (tantas vezes que até parece estarmos na França) é “merda”, que no blog adquire a característica de comum de dois gêneros: “Esse cara é um merda!” ou “Aquela situação transformou-se na maior merda”. Há outras mais, como “puto da vida” “filhadaputa”, etc., mas sempre desidratadas de conotação sexual.
Por isso, enganam-se os
leitores desavisados que acreditam poder encontrar no Blogson cenas e palavras
explicitamente relacionadas a sexo explícito, pois esta não é a praia do blog,
um blog próprio para maiores, menores e anões. Tudo aqui funciona só na base da ironia,
da sutileza, da insinuação (mesmo que ninguém perceba). Como disse uma vez uma
conhecida do blogueiro, “Eu não gosto de
falar de sexo, eu gosto de fazer”. Tanta
sabedoria assim merece ser sempre lembrada e até usada para terminar este texto
sem noção. Eu disse "lembrada"?
Ah, pois é, como era bom!
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