Eu não sei se acontece com mais pessoas, mas
algumas partes do meu corpo têm vida quase autônoma em determinadas situações.
Não, não é o óbvio que vocês estão pensando. Quase metade da humanidade tem a
mesma “independência”. Eu estou falando é de mão e de língua.
Quando vou ao dentista, parece que minha
língua assume o comando, é como se ela tivesse um processador independente. Não
adianta tomar Dramine, basta que aquele espelhinho do demônio encoste em minha
boca para eu ter ânsia de vômito.
Com minhas mãos o que acontece é mais louco
ainda: parece que elas tem um GPS embutido na palma. Só que esse GPS significa Global Pain System. E o pior é que
funciona!
Tem aí um tal de Reiki, prática “holística”
apreciada por aqueles que também creem em duendes – em que o profissional
“energiza” a pessoa apenas fazendo imposição de mãos. É mais ou menos como
fazem os pastores quando querem livrar o fiel da ação maléfica do demônio (eu
não sei por que o filho da puta não faz isso de forma reservada! Não, tem que
fazer na frente da “congregação” e, de preferência, transmitido pela televisão).
Bom, eu não acredito em nenhum dos dois, mas
que minhas mãos têm poder, ah, têm! Quando as pessoas com quem convivo estão
sofrendo com algum tipo de dor, machucado, torção, inchaço ou outra coisa do
gênero, podem acreditar, é melhor que fiquem longe de mim. Porque, mesmo
ignorando o fato, eu vou no ponto exato da dor.
Ah, tomou vacina e o lugar está dolorido?
Olha eu lá dando um murro amistoso. E o pior é que eu nunca cumprimento ninguém
dando murro no braço! Dor de cabeça? Minha mão vai logo dando um tapinha na
nuca ou na testa. Se está se recuperando de alguma cirurgia de hérnia no umbigo,
é pior, eu fico tentado a dar aquele abraço.
Eu sou daqueles sujeitos malas que têm a
mania de tocar os amigos enquanto conversa. O problema é que isso só acontece
quando a dor está presente. Luxação no ombro? Olha eu lá me apoiando no lugar
exato para contar algum caso. Cumprimento então é que é foda.
Quando era adolescente, eu ouvi alguém falar
que a pessoa que te cumprimenta com a mão mole, como se estivesse pegando um
pedaço de fígado de boi (por exemplo), não tem uma personalidade muito firme.
Bastou isso para eu nunca mais deixar de cumprimentar alguém de forma
“calorosa”. Ou seja, além de mala sem alça, retardado mental.
E se o sujeito estiver com algum corte, dedo
quebrado ou outra dor qualquer na mão, não tem escapatória, vai levar um aperto
maior que o normal. O pior é que eu nunca sei disso com antecedência! Se alguém
duvidar, minha mulher está de prova. Aliás, ela é mais que testemunha – é
testemunha e vítima frequente.
Então, quando acontece de ir a algum
casamento e o padre pede para que todos estendam as mãos em direção aos noivos
para abençoá-los, eu até estendo também, mas fico meio cabreiro, tento não apontar
na direção dos noivos ou do sacerdote.
Eu não acredito em Reiki, mas vai que minha
mão consegue acertar à distância... Já pensou se eu miro no padre e ele cai
duro na hora? Eu certamente iria ficar com muito remorso. Pior ainda seria mirar
no noivo e ele dar aquela broxada depois da minha “benção”. Ia ser foda. Ou
melhor, não ia.
Por isso é que às vezes, quando acontecem
essas coisas, eu olho as minhas mãos e me lembro do Chuck, aquele brinquedo do demônio. Elas têm poder... E esse poder é o inverso
do Reiki. Com as mãos que tenho, podem acreditar: para aumentar um pouco a dor
dos outros eu sou o rei. E kiRei...
(09/09/2014)
vc fala que é velho mas sua idade mental é de retardado. acertei?
ResponderExcluirComo dizem os advogados, há controvérsias. Mas, permita-me perguntar: em que isso te incomoda? Ou melhor, gostou ou não gostou do texto?
ExcluirBlogson.
Desculpe-me por não saber como assinar direito esta resposta, pois não entendo nada disso.
Rapza, esse cara que comentou nem sequer leu o texto, deve ser dessa geração de idiotas cibernéticos que mal conseguem ler os 140 caracteres do twitter, passou disso, só sabem reclamar.
ResponderExcluirQue bom que controlou um pouco sua fobia social e sua paranoia (acredite, sei bem o que é isso, tanto que digo que não me curei das minhas, apenas sou hoje um cara amestrado, apenas sei como evitar que elas alcem grandes voos. E, mesmo assim, de vez em quando, elas ainda decolam.
Estou na espera pelo texto de amanhã.
abraço
Por alguma razão, não consegui comentar no post em que presta reverência a mim, mas gostei pra caralho, claro. Principalmente quando diz que muita coisa peluda e cabeluda pode ser encontrada no Marreta, menos coelhinho peludo.
ResponderExcluirAbraço
Kkkkkkkk
ResponderExcluirJB, então você definitivamente se enquadra na personalidade do tio que faz a piada do pavê no natal?
Não, mas você me deu a ideia de fazer um post sobre isso. Provavelmente tão ruim quanto a piada do pavê.
ExcluirRapaz. Esse teu "GPS" é terrível! Muito divertido o texto.
ResponderExcluirObrigado! Esse é o motivo de fazer migração seletiva de textos antigos para hoje. Acredito que a maioria das pessoas que acessa o blog nunca pensa em mergulhar lá no seu início. Agora, essa minha "qualidade" é constrangedoramente real e tudo o que foi dito realmente aconteceu. Dei uma tapa na nuca (coisa que nunca faço!) de um cunhado sem saber que ele estava com torcicolo. Terrível!
Excluirótimo texto
ResponderExcluirsobre o aperto firme de mão, é uma questão cultural. parece que povos, como o chinês, não associam um aperto de mão firme com um carater honesto
reiki pode funcionar, pois até placebo funciona. tudo é uma questão de testar e por à prova
abs!
Obrigado, Scant!
ExcluirDizem que até acupuntura sem agulha funciona... pããããta...
Excluiro que funciona mesmo é uma boa duma vodka-tônica; o resto é mi-m-mi.
Vodka-tônica? Você não conhece o efeito calmante e "terapêutico" de um leitcomtode (pronúncia mineira).
Excluir