quinta-feira, 18 de março de 2021

CONFISSÕES DE UM ELEITOR ARREPENDIDO


 
Uma das músicas que o Milton Nascimento gravou tem versos perfeitos para o texto transcrito a seguir. A música composta por ele e pelo falecido Tunai traz a seguinte letra:
Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim que perguntar carece “‘Como não fui eu que fiz?”
 
Pensei comigo ao ler este artigo publicado em 17/mar/21 no portal da revista Isto É: “Esse cara sou eu!”, pois ele votou exatamente igual a mim nas eleições de 2018, ou seja, no Henrique Meirelles no primeiro turno e (cheio de vergonha e constrangimento) no Bolsonaro no segundo turno.
 
Eu sei que poderei ser criticado por alguns amigos virtuais, seja por detestar e criticar o mito ou por criticar e detestar o deus do PT. Paciência. Apenas deixo clara minha opinião de que há vida inteligente fora dos extremos e que não há vergonha ou erro em ter essa ou aquela visão ideológica (só não deve ser radical!). Por isso resolvi fazer a transcrição literal do texto que tão bem me impressionou e retratou. Olhaí.

 
DEUS, O QUE FIZEMOS? QUE ERRO TERRÍVEL COMETI COM BOLSONARO. PERDÃO

RICARDO KERTZMAN

Robert Lewis (1917-1983) foi o piloto americano da missão secreta que culminou na explosão da primeira das duas bombas atômicas que dizimaram o Japão em 6 de agosto de 1945.
Ele estava a bordo da aeronave B-29, responsável por carregar o artefato nuclear “Little Boy” que, tão logo foi detonado, pulverizou instantaneamente 150 mil moradores de Hiroshima.
Essa era uma bomba de Urânio. Três dias depois, em 9 de agosto, uma outra carga atômica, de plutônio, chamada “Fat Man”, explodiu sobre Nagasaki incinerando 80 mil vidas.
Lewis retratou o horror a que assistiu – e que fora responsável – em um diário. Nele, além de desenhos do “cogumelo atômico”, relatou a missão e escreveu: “Deus, o que fizemos?”.
Somadas as duas bombas, numa comparação simplista, forçada e diria esdrúxula, a Covid já matou mais brasileiros que a tragédia atômica da Segunda Guerra: 280 mil a 230 mil mortos.
Ao pensar no meu voto no segundo turno da eleição presidencial de 2018, me ocorreu a frase: “Deus, o que fizemos”? Na verdade, eu pensei: Deus, o que (que merda) eu fiz?
Os americanos são mestres em criar frases: “Um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para humanidade”, Neil Armstrong, em 20 de julho de 1969 ao pisar na lua.
No primeiro turno votei em Henrique Meirelles. No segundo, com os olhos fechados e o nariz tampado, pedi para minha filha, então com 12 anos, apertar o 1 e o 7, pois não tive coragem.
Minha ojeriza ao lulopetismo e a tudo o que ele representa me fez, assim como a milhões de outros brasileiros, fingir que Jair Bolsonaro era melhor, senão menos pior, do que Haddad.
No começo do governo, diante uma boa formação ministerial e alguns acertos, até cheguei a elogiar o atual verdugo do Planalto – e a criticar o excesso de má-vontade da imprensa.
Contudo, a partir dos desatinos subsequentes, e sobretudo após o desembarque do maldito novo coronavírus no País, o que já não era doce se tornou amargo; um féu intragável.
O amigão do Queiroz, pai do senador das rachadinhas e da mansão de 6 milhões de reais, é um dos maiores erros da minha vida. E olhem que a concorrência é grande e variada.
Eu não vou adentrar ao mérito do compadrio com o Centrão, a demonização de Sergio Moro, a extinção da Lava Jato e o boicote à prisão em segunda instância. Isso é pouco.
Tampouco irei me ater às catastróficas medidas econômicas e ao maior estelionato eleitoral da nossa história. Muito menos lamentar os pensamentos toscos e as falas desconexas.
Minha “treta” com Bolsonaro é outra! E começou com as seguidas tentativas de autogolpe em 2020, para chegar até os dias de hoje, com seu comportamento insano e infame.
Seja como presidente ou ser humano (ele é?), em relação à Covid-19, às vítimas fatais e aos familiares e amigos, suas falas e atitudes são abjetas, eivadas de ódio, violência e mentiras.
Desconheço, inclusive, nos dias de hoje, ao menos, ditadores e facínoras, mundo afora, que reproduzem o comportamento vil que Jair Bolsonaro impõe ao Brasil e aos brasileiros.
Já são 3 mil mortos por dia por Covid-19. Quase 300 mil vidas que se foram. Sem vacinas, o maníaco da cloroquina nos lidera a uma catástrofe sem precedentes em nossa história.
A mim me parece que o sujeito opera em duas frentes: a loucura, que acredito lhe ser nata. E o método, a fim de levar o País ao caos sanitário, econômico e social. E ao golpe!
Não à toa investe tanto em desinformação, mentiras e cisão da sociedade. Como não é à toa sua obsessão armamentista, e o populismo financeiro com as Polícias e as Forças Armadas.
Bolsonaro sonha, planeja, trabalha e tentará, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, golpear a democracia. Por isso me penitencio tanto. Não só, mas também por isso.
As perdas nesta pandemia, materiais e humanas, são terríveis e irrecuperáveis para milhões de brasileiros. E o presidente é incapaz de um gesto de consolo, uma palavra de carinho.
O sujeito só pensa em si, na sua prole enrolada com a Justiça e em sua reeleição. Se em 2022 o Brasil contar com menos 500 ou 600 mil brasileiros, e daí? Ele não é coveiro.
O País atirou no lixo, graças a Bolsonaro e a Pazuello, mais de uma centena de milhão de doses de vacinas, ainda em 2020. Quantas vidas isso já está custando e ainda custará?
Entendem, caros leitores, por que escrevo tanto sobre esse energúmeno e sou tão ácido nas palavras? É um misto de indignação e de raiva. Uma espécie de… culpa! E como não sentir?
Encerro com um sincero pedido de desculpas pelo que fiz. E ainda que eu considere meu erro imperdoável, apelo à boa vontade daqueles que também erraram como eu errei. Perdão.

 


9 comentários:

  1. Concordo com o texto em quase tudo, menos nos pedidos de desculpas. Não temos que pedir desculpas a nínguém por ter votado em alguém Nem tentar nos autodesculparmos por isso. Era o que achamos que havia de menos ruim para a ocasião, e ainda digo que não queria o Haddad de jeito nenhum. Também não cabe arrependimento ou mea culpa. Basta não votar no cara de novo.

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    1. Pois é, eu não acho necessário pedir desculpas a ninguém pela MINHA escolha, mas acho interessante como finalização do texto. Seguindo a linha de raciocínio que ele adotou, provavelmente eu adotaria essa "liberdade poética” também.
      Mas uma coisa de que eu sempre me penitencio é ter votado nele simplesmente pelo fato de nunca ter votado em branco ou anulado o voto. Poderia dizer como no ato de contrição da missa, “minha culpa, minha tão grande culpa”, pois eu sempre votei tentando escolher não o melhor, mas no menos pior. Eu devia ter pensado melhor! O problema é que eu nem sabia quem ele era. Eu votei contra o Haddad, não a favor do Bozo. E digo mais: votaria tranquilamente no Haddad se não tivesse aquele apêndice do PT, pois eu tenho respeito pelos professores (até mesmo por ser casado com uma), pelas pessoas com boa formação escolar (pode ser elitismo, mas eu sou elitista).
      Mas em 2022 (se ainda estiver vivo) vou rever meus conceitos. Ou anularei o voto ou votarei CONTRA o Bozo, porque conviver com corrupção nós já estamos acostumados, mas com ignorância, estupidez, crendice e prepotência em doses "cavalares" nem o coronavírus suporta.

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    2. O duro é que o corona suporta.
      Para quando está prevista a fase de vacinação que incluírá você e sua esposa?
      Meu pai (80 anos) e minha mãe (76) já receberam a primeira dose.
      Quanto aos professores, parece que nossa vacinação está prevista no mesmo grupo dos presidiários. Pãããããta....
      Enquanto isso, vou me autovacinando, tomando minhas doses.

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    3. Comparada com São Paulo, Minas está atrasada. Como tenho setenta anos, a primeira dose deve ser dada daqui umas duas semanas. Creio que agora é que começaram a vacinar o pessoal de 78 anos. Agora, junto com os presidiários é uma puta ironia.Talvez seja pelo fato de estarem presos à sagrada missão de ensinar.

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    4. E já tem preso reclamando:
      https://www.youtube.com/watch?v=PYnFyMIaQBU

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    5. Pããããããta que pariu!!!!!

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    6. desrespeito com os presos, kakakakaka

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    7. Tão rindo, né? É foda, é foda... mas é verdade.

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