segunda-feira, 15 de março de 2021

HOUSTON, WE'VE HAD A PROBLEM HERE...



Estava ali de bobeira, em pleno domingão, sem vontade de fazer nada, quando o planeta Marte começou a orbitar minha mente, pois comecei a pensar em que tipo de gente se disporia a viajar para o planeta vermelho, aguentar seis meses dentro de uma quitinete espacial, esperar dois anos (se tudo correr bem) no solo do planeta até que a Terra se aproxime novamente de Marte e encarar mais seis meses dentro da nave para a viagem de volta. Quem são esses mareantes espaciais? Seriam "comunistas raiz"? Ué, "planeta vermelho"... Tá bom, a piada é muito ruim!

Falando sério, que tipo de mente suporta esse desafio? Como será o condicionamento mental de quem teve coragem de se "alistar" para essa empreitada? Seriam descendentes diretos dos marinheiros da época das grandes navegações, aqueles que navegaram "por mares nunca dantes navegados" (e que, em muitos casos, nunca voltaram para casa)? 
 
Aí me ocorreu que esses pensamentos talvez tenham sido motivados ou deflagrados por uma imagem que vi de alguém atingido pela Covid, acamado, usando um capacete-respirador e pelas notícias sobre insensatos que não abrem mão das baladas e aglomerações a propósito de qualquer coisa. Certamente o perfil desses lunáticos não é indicado nem para uma viagem à Lua, quanto mais para um planeta longe pra cacete. Talvez, além do péssimo exemplo dado por nosso presidente, uma das explicações para esse comportamento irresponsável esteja descrita no texto a seguir:

Nós, jornalistas, comentaristas, formadores de opinião, influentes, não estamos conseguindo fazer o que este vírus faz de melhor: penetrar nas células, modificar um padrão, provocar uma mudança no ambiente. Ficamos assombrados, lendo e repetindo notícias, para um público cada vez mais amortecido e paralisado”.

Estou quase 100% isolado dentro de casa desde março  de 2020, um terço do tempo que os astronautas terão de segurar a onda (apesar de Marte não ter mar). Por conta desse isolamento forçado de meses e meses e meses nunca pude abraçar minhas netinhas ou carregá-las no colo, nunca pude sorrir para elas sem máscara (pensando bem, esse é um efeito colateral benéfico para que elas não tenham pesadelos à noite). Por isso, posso ter apenas uma pálida ideia da barra e dos riscos inerentes a essa exploração.

Voltando aos astronautas, fiquei pensando sobre sua necessidade permanente de uso de roupas especiais e de capacetes para poder respirar e sobreviver fora da nave, pois o planeta vermelho - como se fosse um gigantesco coronavírus em escala cósmica – estará sempre pronto a destruir todos os sonhos já sonhados por alguém que faça um "contato de terceiro grau" com ele, tal como fez a mamoninha assassina com amigos, conhecidos e mais de 260.000 desafortunados que não conseguiram sair vivos de uma situação a que foram levados, mesmo usando um respirador hospitalar. Analogia sinistra e estranha, concordam?

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