quarta-feira, 31 de março de 2021
PORRADA!
terça-feira, 30 de março de 2021
VACÚNATE ACA
“La virginidad da cáncer. Vacúnate aca". Esta frase estava escrita em uma plaquinha dependurada na parede da república onde na década de 1970 moravam dois panamenhos de quem fui colega na faculdade. Lembrei-me disso hoje, pois recebi a primeira dose de Coronavac. Eba!!!
domingo, 28 de março de 2021
PERDI UM AMIGO
E, fala sério, quer coisa mais tediosa que um encontro desses? Os que participam geralmente têm um ponto em comum: depois de certo tempo de formados alguns tornaram-se profissionais de sucesso, empresários ou diretores de empresas. Os assuntos que rolam ou são reminiscências do tempo de escola, ideais para ressuscitar bullying em alguns ou para exaltar as conquistas individuais, as viagens internacionais, o carrão carésimo, a mansão em Angra, o caso extra-conjugal com alguma gostosa quinze anos mais nova, etc. Duvido que alguém se anime a ir nesses encontros de egos super inflados se estiver desempregado na época, duvido mesmo.
PRÓPRIO PARA MENORES
sábado, 27 de março de 2021
BLOGSONÊS, A LÍNGUA DO BLOGSON
Uma vez eu folheei um livro interessantíssimo sobre as línguas faladas no mundo. Não me lembro mais de quase nada, mas quase nada mesmo. A única lembrança mais confiável que restou é sobre a língua falada na Suméria. Segundo o livro, era uma língua tecnicamente extinta e só falada (ou compreendida) por uns 200 ou 300 linguistas ou arqueólogos. As outras línguas citadas no livro também traziam esse tipo de informação, além de sua origem, a qual tronco linguístico pertenciam, etc. Achei bacana demais esse livro e lamento até hoje não tê-lo comprado.
A necessidade de comunicação mais complexa provavelmente fez com que os primeiros grupos de humanos – certamente afetados e influenciados pelo ambiente onde tentavam sobreviver - fossem criando formas de linguagem, palavras, gestos e expressões cada vez mais diferenciadas dos recursos similarmente utilizados por outros grupos para trocar um lero fiado ou planejar um churrascão.
Palavras aparentemente sofisticadas como “hipopótamo”, por exemplo, jamais seriam imaginadas ou inventadas na Finlândia. Aliás, a propósito desse animal há uma lenda reproduzida pelos anciãos de algum agrupamento humano daquela época (pessoal com uns trinta anos, pouco mais pouco menos, assim imagino) para demonstrar que o cuidado com a clareza da comunicação deve ser permanente.
Depois de tomar conhecimento dessa lenda gravada em tecnicolor na parede de alguma gruta que acabaram de descobrir (essa indeterminação de uma frase é ótima para dar credibilidade a qualquer notícia), percebi mais uma vez a necessidade de dar a conhecer a língua própria do blog, para que tudo fique explicadinho, explicadinho. Com essa ideia em mente, resolvi registrar suas principais características para que as futuras gerações pós-Apophis entendam e absorvam a sabedoria profunda guardada nos textos ancestrais do Blogson (ancestrais sim, pois muitos anos terão se passado, claro). Por isso, sem mais delongas nem mais decurtas, vamos lá.
O Blogsonês é uma língua falada?
Bom, falada, falada mesmo não é, está mais para balbuciada e assim mesmo, só por Jotabê quando entra em transe criativo (ou seja, quase nunca). Na prática, é a língua escrita do Blogson, uma escrita com overdose de vírgulas e agressões à gramática. Como o blogueiro que vos fala (escreve!) sempre pensa mil coisas enquanto conversa com outras pessoas, acaba tendo uma fala hesitante, quase tatibitate, pois faz muitas pausas (até para tentar se lembrar sobre que estão conversando, de que estão falando, qual assunto está sendo abordado). Além disso, tem a mania de prender a respiração enquanto emite seus conceitos e pensamentos de alta sabedoria, o que acaba resultando em muitos suspiros. Mas é bom não confundi-los com os “Suspiros Poéticos e Saudades”, pois esses são de Gonçalves de Magalhães.
Por sua ignorância formal das normas cultas da última flor do Lácio (paradoxalmente inculta e bela), o blogsonês pode ser considerado uma linguagem 90% coloquial, só não atingindo a taxa de 100% porque Jotabê detesta radicalismo. Esse coloquialismo ajuda a disfarçar a profunda ignorância que sempre é exibida no blog.
Essa talvez seja a característica mais marcante do blogsonês, a ausência quase completa de palavras vulgares em seu dicionário (a ser ainda escrito), pois, quando utilizadas, as palavras chulas aparecem totalmente despidas (naked) de conotações sexuais. “Caralho”, por exemplo, só aparece no Blogson em expressões utilizadas para designar intensidade ou quantidade, e em situações do tipo “Feio pra caralho” ou “Esse livro é do caralho!" Ou ainda em exclamações iradas (raivosas, ok?) do tipo “Vai é o caralho!”, que tem como equivalente a expressão “Vai porra nenhuma!” Outra palavra chula muito utilizada (tantas vezes que até parece estarmos na França) é “merda”, que no blog adquire a característica de comum de dois gêneros: “Esse cara é um merda!” ou “Aquela situação transformou-se na maior merda”. Há outras mais, como “puto da vida” “filhadaputa”, etc., mas sempre desidratadas de conotação sexual.
sexta-feira, 26 de março de 2021
ISSO PRA MIM É GREGO!
quarta-feira, 24 de março de 2021
UM LEGÍTIMO BLOG DE AMENIDADES
Tarso de Castro foi um dos fundadores do icônico O Pasquim, tabloide que fez e aconteceu durante a década de 1970. Em 1971 afastou-se da sociedade e criou um jornalzinho em formato de revista com o título “JA – Jornal de Amenidades”. Não sei por qual motivo esse jornalista desligou-se do Pasquim, mas um sujeito por quem a atriz norte-americana Candice Bergen (no auge de sua beleza) foi apaixonada está dispensado de dar explicações. E nem é esse assunto o tema do micro-post de hoje.
EQUAÇÃO DE MIL INCÓGNITAS
Eu preferiria que
uma equação de mil incógnitas, um software ou um super computador decidissem o que é melhor para
o país a ver um presidente sem compaixão, sem empatia, incapaz de deixar suas
crenças, interesses pessoais e preconceitos de lado fazer isso, pois a nossa
maior tragédia é ter elegido um sujeito que aparenta não entender ou não se
importar com a desgraça que se abateu sobre a população do país.
Parafraseando
(de forma espelhada) um texto lido recentemente e ao contrário do que muitos
pensam, a nossa maior tragédia é o
presidente, não é o povo burro, indisciplinado ou semianalfabeto que o
segue e nele se inspira, um povo que não é capaz, que não quer, que se recusa
em seguir protocolos mínimos de segurança, justamente por acreditar nas
sandices que o primeiro mandatário diz e, com isso, pondo em risco a própria
vida ou de seus familiares ao tomar medicamentos mundialmente condenados por
sua ineficácia contra a covid apenas porque seu ídolo insiste em preconizar seu
uso mesmo sem ter curso sequer de auxiliar de enfermagem.
A partir de
agora, a transcrição de trechos de uma entrevista feita pelo site da BBC News
Brasil com a médica infectologista Denise Garrett, atual vice-presidente do
Sabin Vaccine Institute (Washington), pois ela disse tudo o que penso e sinto
de forma muito mais clara e com mais propriedade e autoridade (por motivos
óbvios).
“Com a experiência de quem trabalhou no CDC por mais de 20 anos, Garrett
não poupa críticas ao governo federal em relação ao combate à pandemia de
covid-19. No órgão, ligado ao Departamento de Saúde dos EUA (equivalente ao
Ministério da Saúde no Brasil), ela atuou como conselheira-residente do
Programa de Treinamento em Epidemiologia de Campo (FETP) no Brasil, como líder
da equipe no Consórcio de Estudos Epidemiológicos da Tuberculose (TBESC) e como
conselheira-residente da Iniciativa Presidencial contra a Malária em Angola”.
O Brasil é o exemplo de tudo o que podia dar errado numa pandemia. Temos
um país com uma liderança que, além de não implementar medidas de controle,
minou as medidas que tínhamos, como distanciamento social, uso de máscaras e,
por um bom tempo, também as vacinas.
A situação hoje é extremamente preocupante. Temos uma população que está
exausta. E fizemos um lockdown 'meia boca'.
Um ano depois, estamos no pior lugar em que poderíamos estar, com uma
transmissão altíssima, com uma variante extremamente alarmante e com sistema de
saúde à beira de colapsar.
O Brasil parece viver em um universo paralelo. Enquanto todos os países
estão indo numa direção, seguimos na contramão.
Um fator decisivo para isso, além daqueles sobre os que eu já falei, foi
o incentivo do uso de medicações sem nenhuma comprovação cientifica com a
população acreditando nelas como uma medida de proteção.
Ou seja, em vez de praticar o distanciamento social e usar máscara,
muita gente acreditou no presidente da República e achou que se protegeria com
ivermectina e hidroxicloroquina. Não vi nenhum outro país do mundo fazendo
isso.
De fato, aqui nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump também
chegou, em determinado momento, a recomendar esse medicamento. Mas, no Brasil,
houve um protocolo recomendado pelo Ministério da Saúde.
O impacto dessa fake news é imenso - e faz com que até colegas médicos
sofram pressão do próprio paciente.
Além de tudo isso, não temos vacina. O governo não fez acordos quando
deveria fazer. O presidente disse que não se vacinaria. O estoque que o Brasil
tem agora não é proveniente do governo federal.
O Brasil virou uma grande ameaça global. O país se tornou um caldeirão
para novas variantes. Vírus estão sempre mutando. As mutações que forem
favoráveis a ele, quando não há restrição à transmissão, serão selecionadas e
vão predominar.
Eventualmente, e isso ainda não aconteceu, uma vez que as novas cepas
estão respondendo às vacinas, que protegem contra a forma mais grave da doença,
podemos ter variantes que comprometam a eficácia das vacinas.
Claro que num ambiente onde a taxa de vacinação é baixa e a taxa de
transmissão alta, como no Brasil, esse risco é muito mais elevado.
Ninguém está seguro até que todos estejam seguros. Nenhum país vai se
sentir seguro enquanto houver um país como o Brasil, onde não há nenhum tipo de
controle.
Todos os esforços louváveis de outros países que estão funcionando podem
simplesmente ser perdidos por causa de um país que não se importa com a
pandemia. E onde não existe uma sensibilização pela vida por parte da liderança
do país.
O Brasil precisa de um lockdown estrito a nível nacional. Passou da hora
de um lockdown a nível municipal ou estadual. E quando eu falo em lockdown, eu
me refiro a não sair de casa, só em caso de urgência. De esvaziar as ruas,
mesmo. Só funcionar serviços essenciais.
Existiu uma época em que poderíamos até fazer confinamentos a nível
municipal ou estadual, quando a pandemia no Brasil ainda era "muitas
pandemias".
Explico: somos um país enorme e houve um momento em que tínhamos
diferentes estágios da pandemia em diferentes localidades. Ou seja, medidas
localizadas poderiam ser tomadas.
No estágio atual, essa possibilidade não existe mais. O país inteiro
está à beira do colapso. Não adianta fechar um Estado e os outros continuarem
abertos. E as pessoas transitando de um para outro.
O Brasil precisa retomar o controle sobre o vírus. O vírus está solto -
e isso é urgente. Só assim vamos reduzir os casos e, por consequência, as
mortes.
Outra coisa é vacinar a população.
Precisamos de planejamento e estratégia. Mas, infelizmente, não tenho
esperança quanto ao governo federal sobre isso.
domingo, 21 de março de 2021
O GRANDE ARTISTA QUE O MUNDO PERDEU - CARLOS HEITOR CONY
Aos 17 anos, só pensava em poesia, música e dança. Acreditava-se um artista e acreditou nisso até o fim, quando pediu a um de seus escravos que lhe metesse um punhal na garganta. Tinha então 31 anos, um a mais do que o habitual para ser confiável aos jovens da época.
Odiava a guerra, detestava a política, desdenhava as futricas palacianas de sua família.
Tantas e tamanhas, essas futricas o fizeram, com pouco mais de 16 anos, imperador de Roma. De certa forma, imperador do mundo e dos homens que nele viviam.
Quatorze anos depois, escorraçado, amaldiçoado por todos, foi obrigado a fugir. Encurralado, com repugnância de cometer qualquer violência contra si mesmo, pediu ao escravo que o matasse, mas não o desfigurasse no rosto.
Consta que pronunciou a frase que ficou sendo um epitáfio e um ridículo: "Que grande artista o mundo vai perder!"
Sim, foi um artista, ao gosto de sua época e de seu próprio gosto. Ficou em aberto a qualidade de sua arte, falta-nos elementos para julgá-la.
Seus poemas são medíocres, seus cantos e sua voz não foram gravados. O depoimento dos contemporâneos é suspeito: todos o bajulavam ou o odiavam.
Mesmo assim, há indícios de que sua voz era suave e sua habilidade na lira ou na cítara davam para o gasto.
Não promoveu campanhas enquanto imperador: tinha horror às guerras. Contudo, fez questão de participar, como simples menestrel, nos Jogos Olímpicos de 68, em Corinto.
Poesia e canto eram modalidades olímpicas naquele tempo. Esse seria o seu único triunfo, o único que comemorou, mandando erguer um arco em homenagem a seus poemas, tal como Tito, Vespasiano e Constantino fariam para perpetuar no mármore a glória obtida nos campos da guerra.
Apesar disso, não escapou do politicamente correto de seu tempo e lugar. Transou com a mãe, Agripina, a mulher mais bela e sensual de Roma, que atravessara e vencera a cólera de três imperadores (Tibério, Calígula e Claudio).
Mandou matá-la, depois, não porque tenha desgostado da transa, mas por motivos de Estado. E também mandou matar os dois mestres (Burro e Sêneca), aos quais dedicava um afeto de filho e uma admiração de pupilo.
Era piromaníaco: gostava de iluminar os jardins de sua casa com tochas humanas: mandava embeber escravos em petróleo; o cheiro não era lá essas coisas, mas a luz era excelente.
Por essas e outras, foi considerado a encarnação do Anticristo. Primeiro imperador romano a colocar o cristianismo fora da lei. Oficializou a perseguição aos seguidores de um tal de Crestus -que os romanos não sabiam exatamente quem era nem o que pregava.
A vingança veio mais tarde, mas veio. Os cristãos tomaram o poder e como vencedores escreveram a história. E a ele foi atribuído o incêndio de Roma.
Era pouco. A tradição garante que ele aproveitou o espetáculo, subiu na torre mais alta de seu palácio, empunhou a cítara e teve seus melhores momentos de poeta e cantor. Dois mil anos depois, nenhum artista o superaria nesse "happening".
Pudesse, não cantaria apenas a destruição da cidade dos Césares. Sendo um deles, cantaria a própria destruição dos Césares. Um monstro, sem dúvida, mas um esteta.
Ninguém como ele desprezou o lado marcial do poder e o próprio poder. Usou de sua força para ampliar e melhorar a qualidade dos espetáculos do circo que tinha seu nome.
Benfeitor das artes e protetor dos artistas, favoreceu o teatro e os torneios de música e dança. A ele deve ser creditado o uso da cor para tornar mais atraente o show.
O número mais atraente era duplo: enquanto um touro mantinha relações sexuais com uma jovem, do alto de uma torre jovens escravos se atiravam ao ar, nus, com asas de cera cobertas de penas de ganso -e se esborrachavam no chão, uns mais depressa que outros.
Por mais que hoje nos pareça extraordinário, havia alguns que se sustinham no espaço mais tempo.
Suetônio garante que ele apreciava esse número final e teve a revolucionária idéia de levar duas enormes esmeraldas que colocava à frente dos olhos. Por meio do prisma esverdeado, o espetáculo ficava mais emocionante.
Foi um ancestral do LSD: o imperador via a realidade com mais cor.
Tantas ele fez, tantas inventou e tantas deixou que outros fizessem com menos arte e criatividade que, aos 30 anos, sentiu que não dava mais pé.
Tentou negociar sua vida: renunciava ao império, a tudo, trocaria o poder por um cargo obscuro e mal remunerado numas das províncias, na Hispânia, na Gália, em qualquer lugar bem longe do Forum, do Capitólio.
Era impossível. Roma só conhecia dois tipos de imperadores: o vivo e os mortos. Lucio Domizio Enobardi, mais conhecido como Nero, não teve coragem de se matar.
Pediu que o escravo lhe metesse o punhal na garganta. O mundo perderia um grande artista, mas seu nome teria excelente serventia.
Cinco em dez cachorros de todo o mundo têm o seu nome. E, com um pouco de boa vontade, corrigindo-se uma ou outra aberração própria de sua época e condição, ele poderia ser o patrono da juventude de todos os tempos e modos.
sexta-feira, 19 de março de 2021
A INUSITADA E SINGULAR ESTÓRIA DE FRANZ KAFKA E A BONECA VIAJANTE - ANÔNIMO
Um ano antes de sua morte, Franz Kafka viveu uma experiência singular. Passeando pelo parque de Steglitz, em Berlim, encontrou uma menina chorando porque havia perdido sua boneca. Para acalmar a garotinha, inventou uma história – a boneca não estava perdida, mas viajara, e ele, um "carteiro de bonecas", tinha uma carta em seu poder que lhe entregaria no dia seguinte. Naquela noite, ele escreveu a primeira de muitas cartas que, durante três semanas, entregou pontualmente à menina, narrando as peripécias da boneca vividas em todos os cantos do mundo.
Durante
anos, Klaus Wagenbach, um estudioso de Kafka, procurou a menina pela região
próxima ao parque, investigou com os vizinhos, colocou anúncio nos jornais, mas
nunca conseguiu encontrar a pista da menina ou dos originais das cartas.
Segundo Dora Dymant, sua última companheira, Kafka se envolveu com tanta
seriedade na tarefa de consolar a pequena Elsi como se escrevesse mais um de
seus romances ou contos que nunca foram publicados em vida. Toda essa inusitada
situação, verdadeira ou não, acabou inspirando Jordi Sierra a escrever este
livro e inventar as supostas cartas, criando desta forma um final imaginário
para esta estranha e bela história.
O
livro é dividido em quatro partes: primeira ilusão: a boneca perdida – quando
Kafka encontra a menina chorando no parque; segunda fantasia: as cartas de
Brígida – quando se torna o carteiro de bonecas, e passa a escrever as cartas
da então boneca perdida que se tornou viajante; terceira ilusão: o longo
percurso da boneca viajante – quando começam as cartas de despedida da boneca;
quarto sorriso: o presente – quando há a aceitação e superação da perda.
“Quanto a mim, permiti-me a transgressão:
inventar essas cartas, terminar a história, dar-lhe um final imaginário. Pode
ter sido este ou outro qualquer, não acho que seja muito importante. O que
aconteceu é tão belo em si mesmo que o resto carece de importância. A única
coisa evidente é que aquelas cartas devem ter sido mais lúcidas que as
recriadas por mim.” – Jorri Sierra i Fabra, declara no final do livro “Kafka e
a Boneca Viajante”.
PEGA NA MENTIRA
Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais no dia 18 de fevereiro, Jair Bolsonaro apresentou o cartão de imunização da mãe, Olinda, afirmando que ela teria sido imunizada pela vacina de Oxford, fornecida pela Fiocruz.
No entanto, de acordo com informações do cartão de vacinação de Olinda, o número do comprovante da dose aplicada corresponde a um lote compatível com o imunizante do Instituto Butantan, vindo de São Paulo.
Quando qualquer negacionista vir te falar de remédio de verme e remédio de malária, divida essa notícia com ele.
Vacina é o único método comprovadamente eficaz contra a Covid-19".
quinta-feira, 18 de março de 2021
CONFISSÕES DE UM ELEITOR ARREPENDIDO
Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim que perguntar carece “‘Como não fui eu que fiz?”
Ele estava a bordo da aeronave B-29, responsável por carregar o artefato nuclear “Little Boy” que, tão logo foi detonado, pulverizou instantaneamente 150 mil moradores de Hiroshima.
Essa era uma bomba de Urânio. Três dias depois, em 9 de agosto, uma outra carga atômica, de plutônio, chamada “Fat Man”, explodiu sobre Nagasaki incinerando 80 mil vidas.
Lewis retratou o horror a que assistiu – e que fora responsável – em um diário. Nele, além de desenhos do “cogumelo atômico”, relatou a missão e escreveu: “Deus, o que fizemos?”.
Somadas as duas bombas, numa comparação simplista, forçada e diria esdrúxula, a Covid já matou mais brasileiros que a tragédia atômica da Segunda Guerra: 280 mil a 230 mil mortos.
Ao pensar no meu voto no segundo turno da eleição presidencial de 2018, me ocorreu a frase: “Deus, o que fizemos”? Na verdade, eu pensei: Deus, o que (que merda) eu fiz?
Os americanos são mestres em criar frases: “Um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para humanidade”, Neil Armstrong, em 20 de julho de 1969 ao pisar na lua.
No primeiro turno votei em Henrique Meirelles. No segundo, com os olhos fechados e o nariz tampado, pedi para minha filha, então com 12 anos, apertar o 1 e o 7, pois não tive coragem.
Minha ojeriza ao lulopetismo e a tudo o que ele representa me fez, assim como a milhões de outros brasileiros, fingir que Jair Bolsonaro era melhor, senão menos pior, do que Haddad.
No começo do governo, diante uma boa formação ministerial e alguns acertos, até cheguei a elogiar o atual verdugo do Planalto – e a criticar o excesso de má-vontade da imprensa.
Contudo, a partir dos desatinos subsequentes, e sobretudo após o desembarque do maldito novo coronavírus no País, o que já não era doce se tornou amargo; um féu intragável.
O amigão do Queiroz, pai do senador das rachadinhas e da mansão de 6 milhões de reais, é um dos maiores erros da minha vida. E olhem que a concorrência é grande e variada.
Eu não vou adentrar ao mérito do compadrio com o Centrão, a demonização de Sergio Moro, a extinção da Lava Jato e o boicote à prisão em segunda instância. Isso é pouco.
Tampouco irei me ater às catastróficas medidas econômicas e ao maior estelionato eleitoral da nossa história. Muito menos lamentar os pensamentos toscos e as falas desconexas.
Minha “treta” com Bolsonaro é outra! E começou com as seguidas tentativas de autogolpe em 2020, para chegar até os dias de hoje, com seu comportamento insano e infame.
Seja como presidente ou ser humano (ele é?), em relação à Covid-19, às vítimas fatais e aos familiares e amigos, suas falas e atitudes são abjetas, eivadas de ódio, violência e mentiras.
Desconheço, inclusive, nos dias de hoje, ao menos, ditadores e facínoras, mundo afora, que reproduzem o comportamento vil que Jair Bolsonaro impõe ao Brasil e aos brasileiros.
Já são 3 mil mortos por dia por Covid-19. Quase 300 mil vidas que se foram. Sem vacinas, o maníaco da cloroquina nos lidera a uma catástrofe sem precedentes em nossa história.
A mim me parece que o sujeito opera em duas frentes: a loucura, que acredito lhe ser nata. E o método, a fim de levar o País ao caos sanitário, econômico e social. E ao golpe!
Não à toa investe tanto em desinformação, mentiras e cisão da sociedade. Como não é à toa sua obsessão armamentista, e o populismo financeiro com as Polícias e as Forças Armadas.
Bolsonaro sonha, planeja, trabalha e tentará, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, golpear a democracia. Por isso me penitencio tanto. Não só, mas também por isso.
As perdas nesta pandemia, materiais e humanas, são terríveis e irrecuperáveis para milhões de brasileiros. E o presidente é incapaz de um gesto de consolo, uma palavra de carinho.
O sujeito só pensa em si, na sua prole enrolada com a Justiça e em sua reeleição. Se em 2022 o Brasil contar com menos 500 ou 600 mil brasileiros, e daí? Ele não é coveiro.
O País atirou no lixo, graças a Bolsonaro e a Pazuello, mais de uma centena de milhão de doses de vacinas, ainda em 2020. Quantas vidas isso já está custando e ainda custará?
Entendem, caros leitores, por que escrevo tanto sobre esse energúmeno e sou tão ácido nas palavras? É um misto de indignação e de raiva. Uma espécie de… culpa! E como não sentir?
Encerro com um sincero pedido de desculpas pelo que fiz. E ainda que eu considere meu erro imperdoável, apelo à boa vontade daqueles que também erraram como eu errei. Perdão.
ESTADO DE SÍTIO
quarta-feira, 17 de março de 2021
QUASI MODO
Todas as deformações, pode examinar
Todas as perversões que conseguir imaginar
Todas as mutilações que tentar quantificar
Todos os defeitos que quiser relacionar
Deformações de dar pena
Perversões abjetas
Mutilações inconfessáveis
Defeitos inenarráveis
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Este post serve para divulgar as três obras primas publicadas por este blogueiro na Amazon.com.br . E são primas só pelo parentesco, pois...
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O tema de hoje é meio esquisito pois vou falar de cerveja, logo eu que nem gosto de cerveja! Mas meu papel é só de documentarista. Por iss...
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Esperando que ninguém tenha "fugido para as montanhas", apresento mais uma música fruto da parceria Suno-Jotabê (o compositor se...