domingo, 1 de fevereiro de 2015

RELÍQUIAS SAGRADAS E OUTRAS PRENDAS

Se já tiver escrito alguma coisa parecida com isso anteriormente, peço que me avisem e me perdoem, pois minha “memória ram” está cada vez menor.

O lance é o seguinte: por conta da insônia de minha mulher, nem sei mais há quantos anos a televisão do nosso quarto fica ligada a noite toda. Quando ainda não tínhamos  TV a cabo, às vezes eu acordava tipo meia noite e, sabe Deus porque, a merda do televisor estava sintonizado na Record.

O problema é que de madrugada rolava um tele-culto da Universal, com os pastores exibindo um fervor religioso denunciado pelo volume sempre alto da pregação. Em uma dessas vezes eu vi anunciarem uma réplica da "arca da aliança" (de plástico, "bunitinha" pra caramba, boa pra menino brincar de tesouro de pirata). Em outra acordada, vi anunciarem uma "espada de Davi” (?) ou de outro figurão bíblico. Mas era baratinho, tipo "dez real". O fato é que isso é uma putaria sem fim, putaria muitas vezes copiada pelos católicos (embora de forma mais discreta, mas não menos chocante).

Para coibir ações desse tipo, que lembram mais um estelionato, eu acho que deveria ser obrigatório pelo menos um teste com polígrafo em todo candidato a pastor ou padre. Nesse teste o candidato seria obrigado a responder algumas perguntas do tipo:

- Você realmente acredita em Deus?
- O que te leva a desejar ser pastor (ou padre)?
- Você acredita nesses "milagres" que transmitem pela televisão?

Sei lá, como não tenho perfil de inquisidor, fica difícil imaginar alguma pergunta mais criativa.  Mas é um saco e um absurdo você ver os caras esfolando as pessoas mais humildes (creio que a maioria dos fieis das novas igrejas evangélicas).

Eu tive um amigo que (mesmo sendo irmão leigo dominicano) ironizava esse lance de relíquias, ao comentar que se juntassem todos os pedaços da cruz de Cristo espalhados pelo mundo daria madeira equivalente a quase uma floresta. Eu cagava de rir dessa história, mas, recentemente, vi no Discovery a explicação para isso: para os primeiros cristãos, um fragmento verdadeiro da cruz, por ser considerado santo, santificava uma cruz inteira onde fosse enxertado. Essa cruz depois poderia ser despedaçada e os novos fragmentos poderiam ser venerados pois estariam tão santificados quanto os pedaços originais. E assim, sucessivamente.

Eu imagino que tiraram essa ideia da multiplicação de pães e peixes. Depois, aparentemente alguém usou o mesmo raciocínio para criar a homeopatia.


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