quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O ELOGIO DA LOUCURA

Por conta de um texto despretensioso que escrevi sobre o Prêmio Nobel, o blog “A Marreta do Azarão” não só o reproduziu como recebi do blogueiro um elogio que me deixou envaidecido e orgulhoso (era final de mês). Meu ego ficou tão inchado que precisei tomar anti-inflamatório para que ele voltasse ao normal (para o bem da verdade ele já é normalmente muito inflado, mais ou menos como uma barriga cheia de gases. Ou como minha barriga, com ou sem gases. Mas, vamos voltar à trilha original).

Não quero me gambá (lembrança do Pasquim), mas sou “obrigado” a transcrever o elogio para dar sequência ao post (boa desculpa!):

“Descobri recentemente - na verdade, foi ele quem me descobriu - o blog Blogson Crusoe, de autoria de um declarado misantropo do qual só sei que se chama Zé, de Belo Horizonte. No blog, o Zé registra lá seus pensamentos, suas elucubrações, seus insights, as suas sacadas, tudo em textos curtos, leves, claros, concisos, agradáveis de se ler, escritos em bom e correto português (coisa rara na net) e sempre muito inteligentes e espirituosos”.

Não sei se sou um misantropo genuíno, pois sou bastante vaidoso e exibicionista (não, não uso casaco comprido nem faço “tcharã!” quando uma mulher vem na direção contrária à minha). Sou um exibicionista apenas intelectual, emocional.

Por conta desse comentário, ocorreu-me a ideia de que o Blogson é para mim o substituto de um consultório de psicologia. Na mesma linha de raciocínio, os textos e desenhos que divulgo funcionariam como terapia, como sessões terapêuticas. Só que paciente e terapeuta fundem-se em mim mesmo.

E o exibicionismo deve-se a esse desnudamento de emoções e pensamentos que exponho aos 2,4 leitores do blog. Até mesmo os textos de outros autores são como que “pijamas” que visto, pela sintonia que encontro neles com o que penso e sinto.

O Mário Quintana definiu de forma magnífica esse sentimento quando disse que “minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão”.

Então, numa boa, é querer demais que um sujeito que está sempre expondo publicamente suas entranhas queira também ser identificado civilmente, cartorialmente. “” (ou Jotabê) já está de bom tamanho.

E o comentário de que eu seria um misantropo me fez lembrar uma crônica genial do meu ídolo Rubem Braga (“Eu, Lúcio de Santo Graal”) da qual, para fechar e enriquecer este post, transcrevo um pequeno trecho:

Sim, eu serei misterioso; magnífico e irredutível, quer me chame “Dr. Mefisto", quer me chame “Johnny", ou, o que talvez prefira, “Lúcio de Santo Graal". (...)
E lá atrás de seu pseudônimo fabuloso ficará escondido, mergulhado na escuridão, ferido e medroso, o pobre coração do Braga.



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