Por conta de um texto despretensioso que
escrevi sobre o Prêmio Nobel, o blog “A Marreta do Azarão” não só o reproduziu como recebi do blogueiro um elogio que me deixou envaidecido e orgulhoso (era final de mês).
Meu ego ficou tão inchado que precisei tomar anti-inflamatório para que ele
voltasse ao normal (para o bem da verdade ele já é normalmente muito inflado,
mais ou menos como uma barriga cheia de gases. Ou como minha barriga, com ou sem gases. Mas, vamos voltar à trilha
original).
Não quero me gambá (lembrança do Pasquim), mas sou “obrigado” a transcrever o
elogio para dar sequência ao post (boa desculpa!):
“Descobri
recentemente - na verdade, foi ele quem me descobriu - o blog Blogson Crusoe,
de autoria de um declarado misantropo do qual só sei que se chama Zé, de Belo
Horizonte. No blog, o Zé registra lá seus pensamentos, suas elucubrações, seus
insights, as suas sacadas, tudo em textos curtos, leves, claros, concisos,
agradáveis de se ler, escritos em bom e correto português (coisa rara na net) e
sempre muito inteligentes e espirituosos”.
Não sei se sou um misantropo genuíno, pois
sou bastante vaidoso e exibicionista (não, não uso casaco comprido nem faço “tcharã!” quando uma mulher vem na
direção contrária à minha). Sou um exibicionista apenas intelectual, emocional.
Por conta desse comentário, ocorreu-me a
ideia de que o Blogson é para mim o substituto de um consultório de psicologia.
Na mesma linha de raciocínio, os textos e desenhos que divulgo funcionariam
como terapia, como sessões terapêuticas. Só que paciente e terapeuta fundem-se
em mim mesmo.
E o exibicionismo deve-se a esse desnudamento
de emoções e pensamentos que exponho aos 2,4 leitores do blog. Até mesmo os
textos de outros autores são como que “pijamas” que visto, pela sintonia que
encontro neles com o que penso e sinto.
O Mário Quintana definiu de forma magnífica esse
sentimento quando disse que “minha vida
está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que
não fosse uma confissão”.
Então, numa boa, é querer demais que um sujeito que
está sempre expondo publicamente suas entranhas queira também ser identificado
civilmente, cartorialmente. “Zé” (ou Jotabê) já está de bom tamanho.
E o comentário de que eu seria um misantropo me
fez lembrar uma crônica genial do meu ídolo Rubem Braga (“Eu, Lúcio de Santo Graal”) da qual, para fechar e enriquecer este post, transcrevo
um pequeno trecho:
Sim, eu
serei misterioso; magnífico e irredutível, quer me chame “Dr. Mefisto",
quer me chame “Johnny", ou, o que talvez prefira, “Lúcio de Santo
Graal". (...)
E lá
atrás de seu pseudônimo fabuloso ficará escondido, mergulhado na escuridão,
ferido e medroso, o pobre coração do Braga.
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