terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

FOTOGRAFANDO

Hoje é segunda-feira de carnaval; por isso, eu e minha amada resolvemos dar uma chegada na praça principal do bairro onde moramos, pois é ali que nos três últimos anos tem rolado espontaneamente uma muvuca carnavalesca. As ruas de acesso ficam proibidas ao tráfego de veículos, banheiros químicos são instalados em vários pontos, etc.

Pra nós isso não é problema. Deixamos o carro na garagem e fomos caminhando (apesar do joelho reclamar um pouco). Estávamos quase chegando quando começamos a ouvir o som cada vez mais próximo de um rock anos cinquenta, tocado em um piano. Uma caminhonete com um piano enfurecido colocado na carroceria aproximava-se. O pianista era um ilustre morador de Santa Tereza: Gabriel Guedes, músico excepcional (toca uns dez instrumentos!), filho do Beto Guedes, neto do Godofredo Guedes. A caminhonete parou do nosso lado e ele desceu com um jarro de liquidificador na mão, com cerveja até a metade. 

Mais tarde, com um bando de gente atrás, continuou seguindo em direção à praça. Mas começou uma chuva mais forte e desistimos de acompanhar essa quizumba. Penso que é nesse tipo de esculhambação e improvisação que reside o verdadeiro espírito do Carnaval.

Enquanto corríamos da chuva, lembrei-me do carnaval do ano passado, quando coincidentemente, na segunda feira, sem chuva, eu e minha mulher fomos acompanhando outro bloco desse tipo: improvisado e espontâneo como tantos outros que, a despeito dos esforços contrários das autoridades municipais, fizeram ressurgir o carnaval de rua de BH. 

Uma coisa que chamou minha atenção foi a quantidade de gente tirando fotos com seus smartphones e até tablets. Beleza. Deu-me a impressão de que alguns se divertiam tanto em participar daquela muvuca quanto em provar (via redes sociais) que estavam mesmo ali. Meio bizarro, mas tudo bem.

Até o início da década de 1970 era possível encontrar pelas ruas do centro de BH fotógrafos profissionais que tiravam retrato (instantâneos) das pessoas que passavam. Em seguida, ofereciam a elas a revelação da foto. Hoje em dia, com o surgimento dos tablets e smartphones, esses profissionais desapareceram (talvez até antes disso).   

Como a maioria das fotos que a moçada tira para colocar nas redes sociais são o que se convencionou chamar de “selfies”, eu penso que esse hábito obsessivo de se auto-fotografar em vários lugares, em vários momentos, tudo isso em um mesmo dia, bem que poderia ser chamado de selfie service.
(de vez em quando, Jotabê queima o filme por conta das idiotices que pensa).


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