segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

FUNCIONALISMO E FUNCIONALIDADE

Quando estava na faculdade, um colega chamou-me para ir com ele pegar um livro na república onde morava. OK. O lugar era um apartamento do Condomínio JK, na Praça Raul Soares, em BH. Foi meu primeiro contato com o interior de uma obra projetada pelo Niemeyer. Já adianto que achei uma bosta. 

O hall dos elevadores não ficava nos mesmos andares dos apartamentos, ficava em um nível intermediário, no meio. Você tinha (tem) que subir ou descer um lanço de escada. Mas não parava aí a esquisitice. Através de um longo corredor (longo mesmo), chegamos à porta do apartamento. Essa era uma inesperada porta de correr. Quando meu colega a abriu eu entendi porque, mas fiquei ainda mais espantado: não havia uma sala ou um espaço parecido, só havia um lanço de escada (confinado entre paredes) para subir, mais nada! Subimos e chegamos ao nível da sala/ cozinha. Outra escada, mais um lanço e chegava-se ao quarto e banheiro. Fiquei pasmo com aquela coisa, o Niemeyer tinha inventado a merda em dose dupla, a quitinete duplex!

Embora fosse ateu, o Niemeyer até parecia ser o papa de uma igreja (da Pampulha, talvez), pois para seu “rebanho”, falar mal dele ainda é heresia.

Eu não tenho nada contra os projetos que fez, de uma beleza plástica de cair o queixo. O que eu questiono é o pouco caso que sempre dedicou aos detalhes de acabamento e à funcionalidade. E isso eu constatei ao vivo e a cores.

Como a maioria absoluta do que projetou é composta de obras públicas, elas acabam parecidas com boa parcela do funcionalismo que as ocupa: nada “funciona” bem.


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