Quando estava na faculdade, um colega
chamou-me para ir com ele pegar um livro na república onde morava. OK. O lugar
era um apartamento do Condomínio JK, na Praça Raul Soares, em BH. Foi meu primeiro
contato com o interior de uma obra projetada pelo Niemeyer. Já adianto que
achei uma bosta.
O hall dos elevadores não ficava nos mesmos andares dos
apartamentos, ficava em um nível intermediário, no meio. Você tinha (tem) que
subir ou descer um lanço de escada. Mas não parava aí a esquisitice. Através de
um longo corredor (longo mesmo), chegamos à porta do apartamento. Essa era uma inesperada porta de
correr. Quando meu colega a abriu eu entendi porque, mas fiquei ainda mais
espantado: não havia uma sala ou um espaço parecido, só havia um lanço de
escada (confinado entre paredes) para subir, mais nada! Subimos e chegamos ao
nível da sala/ cozinha. Outra escada, mais um lanço e chegava-se ao quarto e
banheiro. Fiquei pasmo com aquela coisa, o Niemeyer tinha inventado a merda em
dose dupla, a quitinete duplex!
Embora fosse ateu, o Niemeyer até parecia ser
o papa de uma igreja (da Pampulha, talvez), pois para seu “rebanho”, falar mal
dele ainda é heresia.
Eu não tenho nada contra os projetos que fez,
de uma beleza plástica de cair o queixo. O que eu questiono é o pouco caso que
sempre dedicou aos detalhes de acabamento e à funcionalidade. E isso eu
constatei ao vivo e a cores.
Como
a maioria absoluta do que projetou é composta de obras públicas, elas acabam
parecidas com boa parcela do funcionalismo que as ocupa: nada “funciona” bem.
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