Este blog começou sob o signo da contradição,
pois em um dos posts iniciais eu transcrevi trechos de um texto encontrado na
internet, onde o autor explicava porque parou (ou estava parando) de escrever em
seu blog.
Pois bem, não é isso o que eu pretendo fazer
(pelo menos, não ainda), mas já deu no saco. E a culpa é minha, pois o que
no início foi excitante, prazeroso, tornou-se um fardo que não estou a fim de
carregar.
Acho que já escrevi que tenho TOC moderado, muita ansiedade e desconfio que talvez seja meio bipolar (eu acho que hoje
estou na fase maníaca). Por conta disso, logo desisti da ideia inicial de fazer
um post por semana. Estava tão empolgado que comecei a postar diariamente. Mais
um pouco e comecei a acordar mais cedo e a dormir mais tarde, só para alimentar
o blog.
A maioria desses textos já existia antes do Blogson, mas a obsessão de atualizá-los, revisar e corrigir antes de os
postar fez com que eu me tornasse um burocrata, um funcionário (não remunerado). Assim, acabou a diversão.
A única vantagem que ficou foi parar de
aporrinhar as pessoas de quem conheço o endereço da caixa postal, pois cheguei
a enviar até seis e-mails por dia. Depois do blog, acredito, fui desmarcado
como spam.
O blog teve ainda um curioso efeito colateral: logo no início, por ser genuinamente anti-social (mesmo que não aparente), comecei a me sentir
patrulhado por conta dos comentários que começaram a surgir a respeito desse ou
daquele texto. Aí tirei a caixa de comentários do blog, só para acabar com a
ansiedade provocada pela “invasão de privacidade”. Coisa de maluco, concordam? Depois, desencanei e liberei geral (os comentários, bem entendido), mas aí era tarde, porque ninguém mais (ou quase isso) se animou a comentar alguma coisa.
Mas há algumas curiosidades que vale (?) a pena
comentar: em 257 dias de existência, foram divulgados 265 posts. Estranhamente, a
maioria permaneceu praticamente “inédita” (assim dizem as estatísticas do Blogger). E para
sacanear, o post que teve mais acessos (298) não foi um texto de minha autoria,
mas de J.R. Guzzo, que encontrei na revista Veja. Sou fã desse cara, mas a magnífica
literatura do Rubem Braga teve apenas dois acessos. Com o Bandeira, Fernando Pessoa e outros homenageados foi ainda pior, pois tiveram apenas um (!!!) único e solitário acesso cada. O que é o
máximo do paradoxo, porque o texto mais acessado tem justamente o título “Analfabetos
Voluntários”.
Então, para mim, a maioria das pessoas
está cagando mole para a literatura tradicional (seja ela em prosa ou poesia), para o
lirismo, para o humor e para a música (de qualidade). O que todos procuram de
fato (NÃO ESTÃO ERRADOS!) é o manifesto, a opinião, a análise crítica da
situação atual. Eu também gosto de ler isso, mas prefiro levar minha vida (ou o
que resta dela) “na flauta”, na base do humor e da ironia.
Porque a Vida pode ser uma merda, uma coisa
incompreensível, sujeita que está a muita decepção, muita dor e muito choro. E,
por já ser depressivo, para mim choro só vale a pena se for de “flauta,
violão e cavaquinho”, como teria dito o Noel Rosa.
Como estava visualizando o blog umas quinze vezes por dia (olha o TOC) para ver se estava tudo OK, resolvi agora fazer uma “volta às origens”, para conseguir me divertir de novo com o blog. Assim, a sopinha de um texto por dia termina no próximo domingo, dia 22/03. A partir daí, o blog será alimentado quando me der na telha. Bom, essa é a ideia no momento atual. E já que Blogson Crusoe tem tudo a ver com Sexta-Feira, pode ser que a proposta inicial de apenas um post por semana vingue definitivamente. Entretanto, como sou pendular e ansioso crônico, pode ser que saia tudo diferente.
Fui. (engraçado, tive agora a sensação de
estar falando para ninguém).
Também sou meio prisioneiro do Marreta. Se fico dois ou três dias sem escrever nada, já começo a ficar indócil, ansioso. O que por um lado é bom, pois me obriga a manter contato com a palavra, tão desprezada e maltratada nesses nossos tempos de analfabetos voluntários. Mas por outro, e aí entendo perfeitamente o que está a sentir, torna-se mesmo um fardo.
ResponderExcluirTambém tenho essa frustração em relação ao número de pessoas que leem cada texto postado. Às vezes, boto lá a merda de uma foto, de uma piada sem graça e ela tem uma porrada de acessos; às vezes, escrevo um puta dum texto e ele mal tem 10 ou 12 acessos.
Siga em frente, Zé, controle seu TOC, que também tenho os meus. Pergunte para as portas e janelas aqui de casa.
abraço
Vamos aos fatos: quando 12 pessoas visualizam meus posts isso é o Nirvana para mim, é quase como atingir o índice olímpico para as próximas olimpíadas. O recorde “mundial” de um texto estritamente autoral, sem citar ninguém, sem comentar uma situação do momento presente, é de 28 visualizações. Então, “my friend”, não lamente tanto, você está muito bem na fita.
ExcluirOutra coisa: a piada do TOC (“controle seu TOC, que também tenho os meus. Pergunte para as portas e janelas aqui de casa”) foi genial.