Conversando outro dia com um de meus filhos sobre o “Prêmio Ignobel” (objeto de texto recente
neste blog), fui informado de outra “premiação” mais irônica ainda, que é o “Prêmio Charles Darwin” (Darwin Awards). O que esse prêmio perde
em visibilidade para o Ignobel, ele
ganha disparado em humor negro.
E o motivo é bastante simples: esses “prêmios” são atribuídos de forma
simbólica às pessoas que cometeram erros absurdamente improváveis ou que se
descuidaram de forma tão estúpida que acabaram pondo fim à própria vida ou, no caso de terem sobrevivido, se auto-esterilizando.
O humor negro decorre do pressuposto de que os “laureados” – ao se
autodestruírem ou se mutilarem – contribuíram para a evolução da espécie humana,
pois eliminaram o risco de deixar descendentes. Puta e divertidíssima
sacanagem.
Segundo a Wikipédia, “estes
prêmios começaram a ser atribuídos a partir de 1991, não obstante terem
sido atribuídos a indivíduos que preencheram os critérios anteriormente. O caso
mais antigo remonta a 1874, quando o aluno de uma universidade que iria
fantasiar-se de vampiro para uma festa e, para fingir que havia sido caçado,
tentou prender uma estaca de madeira na camisa e acabou atravessando-a no peito”.
Outra curiosidade desse prêmio é o fato de ser uma criação “coletiva”
surgida na internet. Por isso, existem vários sites sobre o assunto. O mais
conhecido é o "darwinawards.com",
criado por uma bióloga (Wendy Northcutt). Mostrando ser dona de uma “alma
empreendedora”, essa moça já escreveu alguns livros sobre o assunto (nesse
caso, ganhar dinheiro com a desgraça dos outros não é demérito nenhum).
Mas o que ela fez de melhor foi sistematizar os critérios para concessão
da “láurea post-mortem” (ou pós-hospitalização),
provando com isso que humor é coisa de gente séria. E os quesitos são os seguintes:
¾ Incapacidade de gerar descendência – em decorrência da própria morte ou
esterilização;
¾ Excelência – forma sensacional e estúpida com que comete o erro.
Incrível desuso da lógica e da razão.
¾ Auto-seleção – Causa o desastre por si mesmo; com mérito
incondicionalmente individual.
¾ Maturidade – O indivíduo deve estar em total uso das suas
capacidades mentais e físicas. Deve possuir capacidade de julgamento e
raciocínio.
¾ Veracidade – O evento tem de ser verificável.
E o “melhor” vem agora: o vencedor do prêmio de 2008 foi o padre
brasileiro, Adelir Antônio de Carli. Para quem não se lembra ou é
analfabeto funcional, esse padre amarrou-se em trocentos balões de gás, desses que as crianças pequenas sempre
deixam escapar e depois ficam enchendo o saco querendo outro.
Segundo li, o padre queria bater o recorde de permanência no ar nessa
modalidade (já imaginou quantas mortes ou mutilações de malucos e idiotas o Guiness Book já deve ter provocado
indiretamente?).
Para encurtar a conversa, ele atendeu todos os quesitos para ser
premiado, pois, antes de cair, pediu orientações para operar o aparelho de GPS
que levava e ainda teve tempo de informar que a bateria estava acabando. Um “Amir Klink” do voo com balões de festa em
matéria de planejamento! Devo completar, para que não reste dúvida: “Bazinga!”
Fico imaginando a reação do mala sem alça Galvão Bueno ao saber dessa
premiação – deve ter exclamado daquele modo contido de que só ele é capaz:
“É DO BRASIL ! É DO BRASIL !!!”