segunda-feira, 30 de novembro de 2020
COMENTANDO OS COMENTÁRIOS
domingo, 29 de novembro de 2020
BOTA LENHA - FERNANDO BOCCA
No início da década de 1970 dois amigos inseparáveis perambulavam pela zona sul de BH e frequentavam alguns dos mesmos lugares onde eu ia. Tinham cara de maconheiros ricos ou, no mínimo, remediados, ao contrário de mim, um bobalhão pobre, pobre de marré deci. Nunca conversei com eles, mas tinha um pouco de inveja secreta dos dois, pois aparentavam ser o que eu nunca fui. Mas um pouco de acaso fez com que eu ficasse sabendo mais dessa dupla.
sábado, 28 de novembro de 2020
SANTINHO II
Com o segundo turno das
eleições municipais fungando no cangote de quem vai votar, resolvi desovar um refugo que estive
rascunhando sem muita inspiração, tal como costumam fazer com as sobras de santinhos de candidatos
nos dias de eleição, descartadas despreocupada e esperançosamente nas proximidades das seções eleitorais.
URNA ELETRÔNICA
Foi divulgado pela mídia
que o ataque hacker aos computadores do STE teria sido orquestrado por
bolsonaristas ultrarradicais com o objetivo de “desestabilizar o
sistema eleitoral brasileiro” e desqualificar a utilização da urna
eletrônica. Só isso aí já me faria sapatear de ódio. Agora, pior mesmo é ver
que o rebanho bolsonarista ecoa a visão míope e retrógrada do presidente e de
seus filhos, que defendem a volta do “voto de papel”.
Aparentemente utilizam viseiras (antolhos)
para não enxergar a zona que as recentes eleições americanas exibiram. Uma de
minhas amigas bolsonaristas em sua defesa do voto de papel comentou que “gostaria de saber em quem votou”.
Acontece que ela é quase tão velha quanto eu e certamente utilizou a cédula de
papel, tão ou mais sujeita a fraudes que a urna eletrônica. Tive vontade de lhe
perguntar se na época em que se podia escrever qualquer merda naquele pedaço de
papel (e escreviam) era fornecida a ela uma cópia do voto depositado na urna,
mas preferi lembrar as “eleições” do Macaco Tião e do rinoceronte Cacareco. Macaco
Tião era um chimpanzé que teve sua candidatura lançada em 1986 pela turma do
Casseta e Planeta. Recebeu 400.000 votos e ganhou estátua depois que morreu. Cacareco era uma rinoceronte que
recebeu 100.000 votos em 1959. Não foi diplomada como vereadora, mas ganhou marchinha de
carnaval ("Ca ca ca careco...").
Um dos méritos da urna eletrônica foi acabar com
essa esculhambação. Além disso, por não estar conectada à internet e ser
auditada antes e depois da votação tem infinitamente mais segurança que o voto
de papel. Mas os bolsonaristas só mudarão suas convicções se antes o presidente
mudar as dele. Brinquei com outro amigo bolsonarista que as urnas eletrônicas
são mesmo uma merda, pois sempre confirmam as pesquisas eleitorais. Resposta do
jumento: - “É claro, por isso eles
começam antes a adulterar as pesquisas eleitorais”. Depois disso,
desisti de contra-argumentar, pois não tinha nem um pouco de capim para oferecer a ele!
VOTO ÚTIL
Um amigo de facebook que
conheço há centenas de anos me criticou por “torcer
para bandidos”. Como diria o personagem Seu
Peru, eu já estava com ele “porraqui”.
E essa foi a gota d’água para cancelar nossa “amizade” na rede social. Antes do
gesto definitivo, fiz uma profissão de fé na moderação e no equilíbrio.
“Não
torço, nunca torci para bandidos. Pelo menos não conscientemente. Sempre votei
pensando qual candidato seria menos pior, menos danoso para a população. Por
isso meu voto oscilou de um lado para outro, pois em cada momento eu ACREDITAVA
que o candidato em quem votei era o menos pior.
Votei no Collor contra o
Lula, no FHC contra o Lula, no Lula contra o Serra, no Aécio contra a Dilma e,
mais recentemente, no Bolsonaro. No segundo turno, por odiar o PT, nunca
poderia votar no Haddad. Como nunca anulei voto nem nunca votei em branco,
sobrava o Bolsonaro. Votei nele. Mas hoje tenho tantas restrições às coisas que
ele diz e faz que não consigo deixar de comentar o que seus apoiadores
convictos postam no Facebook. Quer saber? Eu adoraria
que ele mudasse um pouco, que deixasse de escutar seus filhos, o Olavo e outros
radicais. Que amansasse um pouco o "Cavalão" que demonstra ser (na verdade, está
mais para jumento), que deixasse de ser preconceituoso, que deixasse de só pensar
e agir com vistas à sua reeleição. Eu continuo torcendo para que faça um bom
governo, mas não tenho mais muitas esperanças. Na verdade, não tenho nenhuma”.
... E OBRIGATÓRIO
Sou totalmente a favor do
voto obrigatório (assim como da vacinação obrigatória) e o motivo é simples:
desde há muito tempo, percebi que se o voto não for obrigatório qualquer grupo
minimamente organizado poderá fazer seu candidato ser eleito justamente pelo
desinteresse em votar manifestado pelas pessoas que não se ligam em grupos e propostas
ideológicas definidas. Isso vale tanto para os bolsonaristas quanto para os
petistas ou evangélicos, por exemplo. O voto obrigatório dilui essa
possibilidade.
ANDRÉ DO RAP
Em minha opinião de
ignorante, a soltura do criminoso barra pesada André do Rap por conta de uma
filigrana jurídica foi um lamentável equívoco do ministro Marco Aurélio, decisão criticada também por um porrilhão de juristas. Já tinha esquecido esse assunto
quando vi a crítica à prisão do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio (muito
prazer, nunca tinha ouvido falar dele antes). Mas foi justamente a soltura do
traficante autorizada pelo "STF” a defesa usada pela gangue bolsonarista para
condenar a prisão do blogueiro. Procedimento que ilustra bem o raciocínio
equivocado ou de má fé (prefiro esta hipótese) utilizado pelos seguidores do
Messias. Meu fígado talhado exigiu que eu respondesse ao amigo que tinha
divulgado essa idiotice:
“Dizem os sábios que dois
erros não fazem um acerto. A soltura do traficante foi erro de UM ministro
do STF, não de todo o STF. Quanto ao Oswaldo Eustáquio, mesmo que ele seja
apenas um blogueiro incendiário a favor de um presidente incendiário, o que ele
fez foi desprezar as restrições legais a que estava imposto. Essa ideia de que
tudo o que é a favor do presidente está certo e de que tudo o que ele critica
está errado é insuportavelmente parcial e equivocada. Relembrando: No primeiro
caso UM juiz autorizou a libertação de um criminoso. No
segundo caso foi o próprio condenado que decidiu por si só o que deveria fazer.
No primeiro caso um equívoco de UM juiz; no segundo caso, um sujeito
que resolveu ser juiz de si próprio. Não dá para aceitar nenhum dos dois,
concorda?”
OLHA A VACINA AÍ, GENTE!
Desde o início da pandemia é óbvio dizer que
todas as pessoas desejaram que algum medicamento já existente funcionasse e
fosse eficaz no tratamento e prevenção da Covid-19 - pelo menos até a
disponibilização das vacinas em estudo. Agora, algumas vacinas já estão nas
bicas de ser liberadas para vacinação em massa. Mas, aparentemente há pessoas
torcendo contra, mais uma vez ecoando o pensamento do presidente sobre o
assunto. O que me incomoda nessa história toda é que um assunto eminentemente
técnico esteja sendo discutido e questionado por pessoas que não têm nenhuma
formação para isso.
Entre ouvir um médico especialista nessa
área, um farmacêutico com PHD e um capitão reformado cheio de preconceitos e
ideias ultrapassadas e que se elegeu presidente, prefiro muito mais os
profissionais que estudaram pra caramba antes de emitir opinião. Entre dois
errados prefiro o erro do especialista. Basta lembrar a quantidade de posts e
tuites que já circularam defendendo o uso da cloroquina (a menina dos olhos do
presidente). Em contrapartida, a mesma quantidade de posts refugou a vacina chinesa
com as justificativas mais estapafúrdias.
O desprezo ou falta de crença na Ciência e o
pensamento (equivocado, na minha opinião) de que a vacinação não deve ser
obrigatória talvez esteja condenando o Brasil a conviver novamente com a
poliomielite e outras doenças para as quais há muito tempo já existe vacina
comprovada.
ONDA, ONDA, OLHA A ONDA!
Agora, com a ameaça de uma segunda onda de
contaminação ascendente da Covid, nosso presidente manifestou sua preocupação
com os destinos da população e da economia, dizendo: "E agora tem a conversinha de
segunda onda. Tem que enfrentar se tiver (segunda onda). Se quebrar de vez a
economia, seremos um País de miseráveis. Só isso". Desconsiderando a "conversinha", eu penso sinceramente que essa é uma preocupação justa e
plausível. Mas aí eu penso também: por que o filhadaputa teima em detonar, questionar e
atropelar a liberação de vacinas só porque veio daqui ou dali, desse ou daquele
país? Nessas horas é que o “daltonismo” dele deveria se manifestar, pois o
vermelho pode muito bem ser verde, ou seja, quando uma vacina chinesa for
injetada em alguém trará apenas imunidade à Covid, não transformará ninguém em
comunista.
CAITITUJustamente pela associação tóxica entre
ideologia, ignorância e negacionismo é que entendo ser necessário fazer este
alerta final: ainda não existe (e talvez nunca venha a existir) vacina
injetável (nem mesmo de fabricação chinesa) contra radicalismo, ignorância,
visão distorcida da realidade e preconceito. Por isso, cuidado para não se
contaminar, pois, como dizia meu pai, “só
bobos e caititus andam em bando”.
Foi divulgado pela mídia que o ataque hacker aos computadores do STE teria sido orquestrado por bolsonaristas ultrarradicais com o objetivo de “desestabilizar o sistema eleitoral brasileiro” e desqualificar a utilização da urna eletrônica. Só isso aí já me faria sapatear de ódio. Agora, pior mesmo é ver que o rebanho bolsonarista ecoa a visão míope e retrógrada do presidente e de seus filhos, que defendem a volta do “voto de papel”.
Aparentemente utilizam viseiras (antolhos) para não enxergar a zona que as recentes eleições americanas exibiram. Uma de minhas amigas bolsonaristas em sua defesa do voto de papel comentou que “gostaria de saber em quem votou”. Acontece que ela é quase tão velha quanto eu e certamente utilizou a cédula de papel, tão ou mais sujeita a fraudes que a urna eletrônica. Tive vontade de lhe perguntar se na época em que se podia escrever qualquer merda naquele pedaço de papel (e escreviam) era fornecida a ela uma cópia do voto depositado na urna, mas preferi lembrar as “eleições” do Macaco Tião e do rinoceronte Cacareco. Macaco Tião era um chimpanzé que teve sua candidatura lançada em 1986 pela turma do Casseta e Planeta. Recebeu 400.000 votos e ganhou estátua depois que morreu. Cacareco era uma rinoceronte que recebeu 100.000 votos em 1959. Não foi diplomada como vereadora, mas ganhou marchinha de carnaval ("Ca ca ca careco...").
Um dos méritos da urna eletrônica foi acabar com essa esculhambação. Além disso, por não estar conectada à internet e ser auditada antes e depois da votação tem infinitamente mais segurança que o voto de papel. Mas os bolsonaristas só mudarão suas convicções se antes o presidente mudar as dele. Brinquei com outro amigo bolsonarista que as urnas eletrônicas são mesmo uma merda, pois sempre confirmam as pesquisas eleitorais. Resposta do jumento: - “É claro, por isso eles começam antes a adulterar as pesquisas eleitorais”. Depois disso, desisti de contra-argumentar, pois não tinha nem um pouco de capim para oferecer a ele!
VOTO ÚTIL
Sou totalmente a favor do voto obrigatório (assim como da vacinação obrigatória) e o motivo é simples: desde há muito tempo, percebi que se o voto não for obrigatório qualquer grupo minimamente organizado poderá fazer seu candidato ser eleito justamente pelo desinteresse em votar manifestado pelas pessoas que não se ligam em grupos e propostas ideológicas definidas. Isso vale tanto para os bolsonaristas quanto para os petistas ou evangélicos, por exemplo. O voto obrigatório dilui essa possibilidade.
Em minha opinião de ignorante, a soltura do criminoso barra pesada André do Rap por conta de uma filigrana jurídica foi um lamentável equívoco do ministro Marco Aurélio, decisão criticada também por um porrilhão de juristas. Já tinha esquecido esse assunto quando vi a crítica à prisão do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio (muito prazer, nunca tinha ouvido falar dele antes). Mas foi justamente a soltura do traficante autorizada pelo "STF” a defesa usada pela gangue bolsonarista para condenar a prisão do blogueiro. Procedimento que ilustra bem o raciocínio equivocado ou de má fé (prefiro esta hipótese) utilizado pelos seguidores do Messias. Meu fígado talhado exigiu que eu respondesse ao amigo que tinha divulgado essa idiotice:
Desde o início da pandemia é óbvio dizer que todas as pessoas desejaram que algum medicamento já existente funcionasse e fosse eficaz no tratamento e prevenção da Covid-19 - pelo menos até a disponibilização das vacinas em estudo. Agora, algumas vacinas já estão nas bicas de ser liberadas para vacinação em massa. Mas, aparentemente há pessoas torcendo contra, mais uma vez ecoando o pensamento do presidente sobre o assunto. O que me incomoda nessa história toda é que um assunto eminentemente técnico esteja sendo discutido e questionado por pessoas que não têm nenhuma formação para isso.
Entre ouvir um médico especialista nessa área, um farmacêutico com PHD e um capitão reformado cheio de preconceitos e ideias ultrapassadas e que se elegeu presidente, prefiro muito mais os profissionais que estudaram pra caramba antes de emitir opinião. Entre dois errados prefiro o erro do especialista. Basta lembrar a quantidade de posts e tuites que já circularam defendendo o uso da cloroquina (a menina dos olhos do presidente). Em contrapartida, a mesma quantidade de posts refugou a vacina chinesa com as justificativas mais estapafúrdias.
O desprezo ou falta de crença na Ciência e o pensamento (equivocado, na minha opinião) de que a vacinação não deve ser obrigatória talvez esteja condenando o Brasil a conviver novamente com a poliomielite e outras doenças para as quais há muito tempo já existe vacina comprovada.
ONDA, ONDA, OLHA A ONDA!
Agora, com a ameaça de uma segunda onda de contaminação ascendente da Covid, nosso presidente manifestou sua preocupação com os destinos da população e da economia, dizendo: "E agora tem a conversinha de segunda onda. Tem que enfrentar se tiver (segunda onda). Se quebrar de vez a economia, seremos um País de miseráveis. Só isso". Desconsiderando a "conversinha", eu penso sinceramente que essa é uma preocupação justa e plausível. Mas aí eu penso também: por que o filhadaputa teima em detonar, questionar e atropelar a liberação de vacinas só porque veio daqui ou dali, desse ou daquele país? Nessas horas é que o “daltonismo” dele deveria se manifestar, pois o vermelho pode muito bem ser verde, ou seja, quando uma vacina chinesa for injetada em alguém trará apenas imunidade à Covid, não transformará ninguém em comunista.
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
SABE A DIFERENÇA?
O comportamento sádico aparece quando para alimentar o Blogson utilizo os comentários e respostas que dou a esses radicais, pois, falando sinceramente, ninguém merece ler um trocadilho tão indecente como o deste post. Mas acontece que eu sou sádico...
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
A NOITE DA PANTERA
Depois de ver algumas cenas do ator que interpretou o hilário Mr. Bean, lembrei-me do não menos engraçado ator Leslie Nielsen da trilogia “Corra que a polícia vem aí” (episódios 1, 2½ e 33⅓). Isso me fez lembrar de O. J. Simpson, jogador de futebol americano que atuou nesses filmes e que teria assassinado sua ex-esposa.
Depois de absolvido, o sacana escreveu um livro com o título “If I Did It” onde descreve como teria matado a facadas a ex-esposa e um suposto namorado. Claro, "se" tivesse feito isso, pois é um anjo de candura. Segundo li, a reação popular foi tão grande que a editora teve de destruir 400.000 exemplares ainda não vendidos.
Bom, voltando à enxurrada e pensando nesse episódio de realidade “alternativa”, me ocorreu fazer um exercício de criação de um texto ficcional (obviamene) onde descreveria uma experiência nunca vivida realmente. Por exemplo, a vez em que tive "contato de terceiro grau" com a maconha (só na ficção!). Pois é, falta do que fazer dá nisso!
Planejamento:
A primeira providência seria definir a época e o local onde isso ocorreu. A época foi fácil, pois o ano de 1970 foi o ano em que mais transformações ocorreram em minha vida – entrei para a faculdade de engenharia, me envolvi com as “Calouríadas” (olimpíadas dos calouros), reatei o namoro com a mulher da minha vida, tomei porres homéricos com a turma da minha sala, fui hippie por uma semana em Ouro Preto, participei do “Show Engenharia” (esquece, Marreta), vendi fundos de investimentos, vagabundei bastante, estudei inglês e... (acho que falta alguma coisa!). Ah, sim, assisti algumas aulas. Nesse contexto, “a experiência” só poderia acontecer em alguma festa ou bebedeira da turma.
A história:
No ano em que fui aprovado, o vestibular para engenharia ainda não previa divisão por especialidade. Assim, só depois de matriculados, os calouros foram dividos em "Grupamento A" - destinado a quem desejava estudar engenharia civil, elétrica ou mecânica e "Grupamento B", para quem estava interessado nos cursos de química, minas ou metalurgia. Na divisão em grupamentos, o "B" ficou com 47 alunos e o "A" com o resto dos matriculados, "apenas" 453. A divisão definitiva por especialidade só aconteceria no início do terceiro ano. A consequência imediata dessa divisão tão desigual foi ficar todo o Grupamento B instalado em uma única sala. A segunda, óbvia, foi uma ótima e fraterna convivência entre todos esses alunos e até o surgimento de dois relacionamentos estáveis (que provavelmente resultaram em casamento).
O primeiro semestre de 1970 - tempo em que permaneci nesse grupo - foi para mim o melhor período dos cinco anos de duração do curso. E a explicação para isso é simples. Depois de muito tempo, talvez pela primeira vez na vida, eu me sentia pertencente a um grupo mais ou menos homogêneo que convivia inclusive fora do horário escolar. E sentia prazer nisso. Depois das provas, por exemplo, saíamos para beber nos botecos descolados da região da Savassi. E, papo vai, papo vem, o mala aqui deve ter posado de bicho-grilo, deve ter dito que o sonho de consumo era fumar um baseado, tentando parecer ser mais do que realmente era (a praxe dos imbecis).
A menina de um dos casais formados morava no mesmo bairro que eu e era irmã de um sujeito que só tinha semelhança física com ela, pois era um produto típico daquele lugar: desocupado, perdido na vida e... maconheiro (não o conhecia, mas seus olhos frequentemente vermelhos chamavam minha atenção quando pegávamos o mesmo ônibus, pois imaginava que era apenas cachaceiro, traço comum dos "born losers" nascidos naquele bairro).
Pois bem, um dia essa colega resolveu comemorar seu aniversário e convidou a sala inteira para ir à festa que preparou em sua casa. E a galera compareceu em peso. Lá pelas tantas, seu namorado, provavelmente descrente da minha falsa pose de doidão, chamou-me a um canto e perguntou se eu queria fumar um bagulho com seu cunhado. O que dizer em uma hora dessas? Dizer "não, obrigado"?Desconversar? Dizer alla Frejat que eu nunca tinha apertado nem acendido um baseado? Ou imitar o Zeca Pagodinho e retrucar que nunca vi, não provei, só ouvia falar? Aquele era um "point of no return": ou eu aceitava ou ficaria desmoralizado e pior, eternamente ridicularizado. Por isso, aceitei.
Meu colega me levou para fora da casa e apresentou-me ao cunhado - que já estava dando uns tapas na pantera sentado na calçada junto com mais dois ou três amigos. Por não saber como proceder, observei rapidamente o "ritual", parecido com o ato de fumar um cigarro normal, coisa que eu já fazia na época. A diferença estava nos poucos segundos em que deveria prender a fumaça aspirada. Dei umas três tragadas, agradeci e voltei para a festa já devidamente batizado - olhos vermelhos, cheiro de maconha no hálito expelido (maresia), um sorriso de idiota no rosto (maior ainda ao ver a expressão de surpresa do viado do meu colega - afinal, eu não tinha mentido, eu era mesmo doidão!).
O resto não sei dizer nem tenho como contar. Se me perguntarem se bateu alguma larica, não consigo me lembrar. Se quiserem saber se fumei outras vezes, direi que não. Se me pedirem uma comparação com os porres que tomei direi que foi muito melhor, pois além da sensação ser muito boa, ainda lucrei por não ter ficado com ressaca. O mais difícil foi perder o contato com meus amigos do Grupamento B depois de resolver estudar engenharia civil. E, claro, ter inventado toda essa história.
terça-feira, 24 de novembro de 2020
PUXANDO FERRO
Tenho um amigo virtual que imagino ser um dedicado “puxador de ferro”, um sujeito que malha metodicamente, toma suplementos vitamínicos legais (nada de anabolizantes!) e deve ter o corpo marombado. Admiro as pessoas que têm essa determinação e cuidado com o aspecto físico, pois há muito abandonei ideias como essa, até porque, se resolvesse mesmo fazer um upgrade jotabélico, precisaria descartar o corpo todo e ficar apenas com o cérebro (pensando melhor, talvez nem com ele!).
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
DESMAGNETISMO
Não sei os leitores desta bagaça pensam da mesma forma que eu (provavelmente, não e acrescentaria: ainda bem para eles!), mas se existe uma coisa cabulosa na Física é o ímã. Pensem bem, pode haver coisa mais esquisita que uma barra de ferro com dupla personalidade? Porque é isso que acontece: duas pontas com atributos diferentes – uma atrai e a outra repele. E se quebrar essa barra em duas ou mais partes obtêm-se filhotinhos com as mesmas propriedades da barra original, uma prova de que “quem sai aos seus não degenera”, como sabiamente ensina o ditado popular. Que me perdoe a Dona Física, mas o magnetismo é uma propriedade ou fenômeno bastante esquizofrênico.
domingo, 22 de novembro de 2020
DEU MATCH!
O nome original deste post era "Segunda tentativa", tão sem graça quanto a piada imaginada, a segunda tentativa de aproveitar o barrigudinho das cavernas. Eu tinha o desenho (dois, aliás, pois dá para
ver que em um deles o traço é mais nítido), mas não tinha a piada. Sem nenhuma
inspiração imaginei uma troca de olhares: um, envolvente, sinuoso, sedutor e o outro,
tosco, machista, do tipo “é disso que eu
preciso”. Mas o resultado ficou muito ruim. Foi aí que me ocorreu o título atual, uma expressão ouvida na TV e que acabou sendo a verdadeira piada do post (e olha que eu tive de procurar na internet o que isso significava!). Esta explicação é também um
pedido de desculpas às senhoras "presentes" pelo machismo explícito do desenho.
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
MASTER CHEF RAIZ
COMITÊ DE BOAS VINDAS
Ultimamente este blog tem sido uma caixinha de surpresa. Pensando bem “caixinha de surpresa" é um clichê muito velho e gasto. Por isso, seu uso não é recomendado por aqui, pois o blogueiro, por também ser velho e gasto, detesta concorrência nesses atributos. Talvez seja melhor substituir a “caixinha” por alguma coisa mais condizente com a idade mental do titular do blog. Sugiro, portanto, um kinderovo, pois tem sempre uma surpresinha quando é aberto.
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
JOEL SILVEIRA ERA O CARA! (APRESENTADO POR OZYMANDIAS REALISTA)
-- Você é um privilegiado. Já setentão, pode enfileirar uma porção de vantagens, isenções, e tudo o mais que a velhice tem direito.
Respondo:
-- Pode ser. Mas prefiro as desvantagens dos quarenta, e mais ainda os percalços, desatinos e temeridade dos trinta, nenhum deles isento, todos a declarar.
-- Meu bumbum está uma coisa!
Só falta acrescentar:
-- Sirvam-se!
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
CONFRARIA DAS HIENAS
Outro dia fiquei surpreso e até incomodado ao ler no Facebook comentários seríssimos, sisudos, provocados por um texto de puro humor, uma piada engraçadíssima, pois nunca imaginaria que um texto destinado apenas a provocar risos em quem o lê seria objeto quase de uma dissertação de mestrado. E mais uma vez levantei esta questão: “Estamos perdendo a capacidade de rir?” Essa minha impertinência pode ser explicada pela matéria prima utilizada para construir o esqueleto do Blogson. Nessa matéria primeva estavam embolados o humor, a sátira e a ironia que – mesmo de má qualidade – esguichavam de e-mails encaminhados para meus filhos e um pequeno grupo de amigos.
domingo, 15 de novembro de 2020
TATOO, ETC.
Tatuagem já foi coisa de gente desclassificada, muito desclassificada. Quando eu estava beirando a adolescência, quase comeram meu fígado quando comentei que seria bacana fazer no meu braço uma tatuagem de âncora igual à do Popeye. Ainda bem que ninguém concordou, pois como eu era magro feito um espeto alguém talvez ficasse tentado a me chamar de “Olívio Palito” (muito ruim!).
Isso mudou radicalmente. Hoje tem gente tão tatuada que na hora do rala e rola pode acontecer de não rolar nem ralar nada. Claro que isso provocará surpresa no dono ou dona das tatuagens. Para justificar o transe contemplativo em que se encontra a parceira ou parceiro pode dizer algo assim:
- “Calma, deixe-me acabar de ler. Adoro histórias em quadrinhos!”.
MESÁRIO
Existe um tipo de funcionário público (na maioria dos casos semelhantes) que é o terror das chefias e do setor de RH: aquele que tem médico ou dentista na sexta-feira e acorda passando mal na segunda-feira (conheço um assim). Para esse tipo de “nó cego”, merecedor do mais entusiasmado pé na bunda, ser mesário em dias de eleição deve ser a melhor coisa do mundo, pois, além de ganhar dois dias de folga para cada dia devotado a tão nobre atividade cívica, ainda tem uma justificativa legal para as constantes ausências. Mesmo que seja a cada dois anos (mas isso é só um detalhe sem importância para meu conhecido – que também trabalhava como mesário).
sábado, 14 de novembro de 2020
ESTROBOSCÓPIO
Lembrei-me desse experimento ao ouvir a música “Criola”, de Jorge Ben(jor). Um dos versos diz que “a negra é a soma de todas as cores”. Indiscutivelmente uma ótima frase, atribuída pelo Benjor ao Gilberto Gil (“E como já dizia o poeta Gil...”). Tenho a impressão de que muitos dos meus pensamentos surgem primeiro como imagens. Talvez por isso, enquanto ouvia a música, fui assaltado por uma ideia meio bizarra (melhor ser assaltado por uma ideia infantil que ouvir alguém dizer “Perdeu, perdeu!”, concorda?).
Fiquei pensando em utilizar uma variante do velho e bom disco de Newton para fazer uma avaliação puramente estética da “cor do Brasil”. Só que em lugar da divisão homogênea do disco nas tonalidades básicas, seriam utilizadas algumas cores que representassem macro situações do país (o que a ociosidade não faz!). Poderia, por exemplo, ser utilizada para definir a “cor religiosa do Brasil”. Mas, para ser sincero, estimulado pelas manifestações inflamadas dos bolsonaristas-raiz, pensei mesmo foi tentar encontrar a “cor ideológica” do Brasil. E a “receita” seria esta:
- utilizar os resultados eleitorais para presidente obtidos no primeiro turno das eleições de 2018;
- dividir em cinco as nuances ideológicas observadas. Sem me preocupar muito com o rigor científico (afinal, essa experiência é apenas diversão, não uma tese de mestrado), os votos seriam identificados como direita ou esquerda entusiasmada, direita ou esquerda civilizada e centro (não confundir com “Centrão”);
- os resultados do segundo turno poderiam ser utilizados apenas para aferição da “grande direita" e da “grande esquerda";
- as ausências e votos brancos ou nulos seriam contabilizados como “centro”, pois nenhum dos dois candidatos que passaram ao segundo turno teria atraído o interesse desse grupo;
- seriam adotadas as cores vermelho Ferrari (um pouco de elitismo não faz mal!), vermelho suco de melancia (esmaecido), verde oliva, verde bandeira, e, para o centro, poderiam ser usadas cores neutras tipo “amarelo constrangido”, “creme indiferente”, “cinza distraído”, “rosa e rosinha” e por aí. Entretanto, para dar um pouco de qualidade a essa ideia de jegue, sugiro a adoção da cor “flicts” (cor inventada pelo Ziraldo para identificar a cor da Lua) para o povo do centro;
- os percentuais apurados seriam lançados em um gráfico tipo pizza e o disco assim obtido seria submetido a uma rotação uniforme. Et voilà!, visualiza-se a cor resultante que poderia ser chamada de “a cor do Brasil”. Que tal?
Como no país não se vota em partidos nem em ideias, a identificação seria feita apenas pelo perfil provável de cada candidato que concorreu. A única exceção seria no caso do PT, pois em vez de classificar o “poste” Haddad, pensei na Gleisi Hoffman e em outros dirigentes tão ou mais radicais que ela. Se essa brincadeira interessou a alguém, os percentuais a que cheguei são estes:
Esquerda entusiasmada (vermelho Ferrari) 22%
Esquerda civilizada (vermelho desbotado) 10%
Centro (flicts) 32%
Direita civilizada (verde bandeira) 2%
Direita exaltada (verde oliva) 34%
Essa mistura de cores pode ser feita em aplicativos de celular, mas não tenho essa manha nem meu celular tem capacidade para isso, pois ainda é movido a carvão. E nem penso em fazer “trabalhinho escolar”, pois não tenho mais idade nem saco para isso. Alguém aí se habilita? Pensando bem, melhor não, pois correrá o risco de ser considerado mariquinhas por algum filhadaputa à solta.
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
A SONG FOR YOU
quarta-feira, 11 de novembro de 2020
IRONIA, SARCASMO E INDIGNAÇÃO
Eu votei em Bolsonaro no segundo turno. Não votaria nele hoje. Aliás, se eu estiver vivo até lá, não votarei nele em 2022. Quanto mais comportamento truculento exibia, quanto mais exibia suas crenças equivocadas, seu negacionismo, intolerância e desejo de ser reeleito a qualquer custo em 2022, mais eu fui me decepcionando, mais eu fui me afastando, mais eu fui me indignando.
terça-feira, 10 de novembro de 2020
PODE SER PIADA, PODE SER ANECDOTE
Ocasionalmente humorísticas, as anedotas diferem das piadas porque seu objetivo principal não é simplesmente provocar risos, mas revelar uma verdade mais geral do que o próprio conto breve. As anedotas podem ser reais ou fictícias".
ESTRELA DE BELÉM, ESTRELA DE BELÉM!
Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...
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Este post serve para divulgar as três obras primas publicadas por este blogueiro na Amazon.com.br . E são primas só pelo parentesco, pois...
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Esperando que ninguém tenha "fugido para as montanhas", apresento mais uma música fruto da parceria Suno-Jotabê (o compositor se...
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Recebi de minha mulher um vídeo onde a atriz Alessandra Maestrini lê o texto transcrito a seguir. Alessandra Maestrini é a intéprete da hilá...