segunda-feira, 30 de novembro de 2020
COMENTANDO OS COMENTÁRIOS
Meu amigo Bolsonaro não dá
mole para o acaso. Com ele é “na tiôia”
(como dizia um amigo já falecido). Nunca soube o que é “tiôia”, mas agora é tarde para perguntar. Poderia também dizer que
com ele é oito ou oitenta - ou preto no branco, mas não sei mais como
traduzir essa expressão para os tempos atuais. O certo é que ele espera ver
tudo em pratos limpos quando o
assunto é (re)eleição.
Aparentemente, talvez movido
por alguma paranoia (leve, muito leve!) e para não correr o risco de ser
chamado de “maneta”, esse meu amigo não
põe a mão no fogo (estou esgotando todos os clichês) pela lisura e
infalibilidade dos processos eleitorais existentes, seja nos Estados Unidos ou aqui.
Segundo ele, "aconteceram"
fraudes no recente processo eleitoral americano - que é uma das maiores zonas
que já vi e que utiliza voto em papel. Suas “fontes” também deveriam ter-lhe dito
“vá para luz!”
Quando fala sobre o sistema
brasileiro de urnas eletrônicas é taxativo: “não
adianta alguém bater no peito e dizer que é seguro, não tem como
comprovar". Talvez, para tranquilizar nosso presidente e acabar com
todas as possibilidades de fraude, o melhor seja não ter voto nenhum - ou ter apenas
um candidato em quem votar. Isso o faria feliz e lhe daria um sono tranquilo.
domingo, 29 de novembro de 2020
BOTA LENHA - FERNANDO BOCCA
No início da década de 1970 dois amigos inseparáveis perambulavam pela zona sul de BH e frequentavam alguns dos mesmos lugares onde eu ia. Tinham cara de maconheiros ricos ou, no mínimo, remediados, ao contrário de mim, um bobalhão pobre, pobre de marré deci. Nunca conversei com eles, mas tinha um pouco de inveja secreta dos dois, pois aparentavam ser o que eu nunca fui. Mas um pouco de acaso fez com que eu ficasse sabendo mais dessa dupla.
sábado, 28 de novembro de 2020
SANTINHO II
Com o segundo turno das
eleições municipais fungando no cangote de quem vai votar, resolvi desovar um refugo que estive
rascunhando sem muita inspiração, tal como costumam fazer com as sobras de santinhos de candidatos
nos dias de eleição, descartadas despreocupada e esperançosamente nas proximidades das seções eleitorais.
URNA ELETRÔNICA
Foi divulgado pela mídia
que o ataque hacker aos computadores do STE teria sido orquestrado por
bolsonaristas ultrarradicais com o objetivo de “desestabilizar o
sistema eleitoral brasileiro” e desqualificar a utilização da urna
eletrônica. Só isso aí já me faria sapatear de ódio. Agora, pior mesmo é ver
que o rebanho bolsonarista ecoa a visão míope e retrógrada do presidente e de
seus filhos, que defendem a volta do “voto de papel”.
Aparentemente utilizam viseiras (antolhos)
para não enxergar a zona que as recentes eleições americanas exibiram. Uma de
minhas amigas bolsonaristas em sua defesa do voto de papel comentou que “gostaria de saber em quem votou”.
Acontece que ela é quase tão velha quanto eu e certamente utilizou a cédula de
papel, tão ou mais sujeita a fraudes que a urna eletrônica. Tive vontade de lhe
perguntar se na época em que se podia escrever qualquer merda naquele pedaço de
papel (e escreviam) era fornecida a ela uma cópia do voto depositado na urna,
mas preferi lembrar as “eleições” do Macaco Tião e do rinoceronte Cacareco. Macaco
Tião era um chimpanzé que teve sua candidatura lançada em 1986 pela turma do
Casseta e Planeta. Recebeu 400.000 votos e ganhou estátua depois que morreu. Cacareco era uma rinoceronte que
recebeu 100.000 votos em 1959. Não foi diplomada como vereadora, mas ganhou marchinha de
carnaval ("Ca ca ca careco...").
Um dos méritos da urna eletrônica foi acabar com
essa esculhambação. Além disso, por não estar conectada à internet e ser
auditada antes e depois da votação tem infinitamente mais segurança que o voto
de papel. Mas os bolsonaristas só mudarão suas convicções se antes o presidente
mudar as dele. Brinquei com outro amigo bolsonarista que as urnas eletrônicas
são mesmo uma merda, pois sempre confirmam as pesquisas eleitorais. Resposta do
jumento: - “É claro, por isso eles
começam antes a adulterar as pesquisas eleitorais”. Depois disso,
desisti de contra-argumentar, pois não tinha nem um pouco de capim para oferecer a ele!
VOTO ÚTIL
Um amigo de facebook que
conheço há centenas de anos me criticou por “torcer
para bandidos”. Como diria o personagem Seu
Peru, eu já estava com ele “porraqui”.
E essa foi a gota d’água para cancelar nossa “amizade” na rede social. Antes do
gesto definitivo, fiz uma profissão de fé na moderação e no equilíbrio.
“Não
torço, nunca torci para bandidos. Pelo menos não conscientemente. Sempre votei
pensando qual candidato seria menos pior, menos danoso para a população. Por
isso meu voto oscilou de um lado para outro, pois em cada momento eu ACREDITAVA
que o candidato em quem votei era o menos pior.
Votei no Collor contra o
Lula, no FHC contra o Lula, no Lula contra o Serra, no Aécio contra a Dilma e,
mais recentemente, no Bolsonaro. No segundo turno, por odiar o PT, nunca
poderia votar no Haddad. Como nunca anulei voto nem nunca votei em branco,
sobrava o Bolsonaro. Votei nele. Mas hoje tenho tantas restrições às coisas que
ele diz e faz que não consigo deixar de comentar o que seus apoiadores
convictos postam no Facebook. Quer saber? Eu adoraria
que ele mudasse um pouco, que deixasse de escutar seus filhos, o Olavo e outros
radicais. Que amansasse um pouco o "Cavalão" que demonstra ser (na verdade, está
mais para jumento), que deixasse de ser preconceituoso, que deixasse de só pensar
e agir com vistas à sua reeleição. Eu continuo torcendo para que faça um bom
governo, mas não tenho mais muitas esperanças. Na verdade, não tenho nenhuma”.
... E OBRIGATÓRIO
Sou totalmente a favor do
voto obrigatório (assim como da vacinação obrigatória) e o motivo é simples:
desde há muito tempo, percebi que se o voto não for obrigatório qualquer grupo
minimamente organizado poderá fazer seu candidato ser eleito justamente pelo
desinteresse em votar manifestado pelas pessoas que não se ligam em grupos e propostas
ideológicas definidas. Isso vale tanto para os bolsonaristas quanto para os
petistas ou evangélicos, por exemplo. O voto obrigatório dilui essa
possibilidade.
ANDRÉ DO RAP
Em minha opinião de
ignorante, a soltura do criminoso barra pesada André do Rap por conta de uma
filigrana jurídica foi um lamentável equívoco do ministro Marco Aurélio, decisão criticada também por um porrilhão de juristas. Já tinha esquecido esse assunto
quando vi a crítica à prisão do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio (muito
prazer, nunca tinha ouvido falar dele antes). Mas foi justamente a soltura do
traficante autorizada pelo "STF” a defesa usada pela gangue bolsonarista para
condenar a prisão do blogueiro. Procedimento que ilustra bem o raciocínio
equivocado ou de má fé (prefiro esta hipótese) utilizado pelos seguidores do
Messias. Meu fígado talhado exigiu que eu respondesse ao amigo que tinha
divulgado essa idiotice:
“Dizem os sábios que dois
erros não fazem um acerto. A soltura do traficante foi erro de UM ministro
do STF, não de todo o STF. Quanto ao Oswaldo Eustáquio, mesmo que ele seja
apenas um blogueiro incendiário a favor de um presidente incendiário, o que ele
fez foi desprezar as restrições legais a que estava imposto. Essa ideia de que
tudo o que é a favor do presidente está certo e de que tudo o que ele critica
está errado é insuportavelmente parcial e equivocada. Relembrando: No primeiro
caso UM juiz autorizou a libertação de um criminoso. No
segundo caso foi o próprio condenado que decidiu por si só o que deveria fazer.
No primeiro caso um equívoco de UM juiz; no segundo caso, um sujeito
que resolveu ser juiz de si próprio. Não dá para aceitar nenhum dos dois,
concorda?”
OLHA A VACINA AÍ, GENTE!
Desde o início da pandemia é óbvio dizer que
todas as pessoas desejaram que algum medicamento já existente funcionasse e
fosse eficaz no tratamento e prevenção da Covid-19 - pelo menos até a
disponibilização das vacinas em estudo. Agora, algumas vacinas já estão nas
bicas de ser liberadas para vacinação em massa. Mas, aparentemente há pessoas
torcendo contra, mais uma vez ecoando o pensamento do presidente sobre o
assunto. O que me incomoda nessa história toda é que um assunto eminentemente
técnico esteja sendo discutido e questionado por pessoas que não têm nenhuma
formação para isso.
Entre ouvir um médico especialista nessa
área, um farmacêutico com PHD e um capitão reformado cheio de preconceitos e
ideias ultrapassadas e que se elegeu presidente, prefiro muito mais os
profissionais que estudaram pra caramba antes de emitir opinião. Entre dois
errados prefiro o erro do especialista. Basta lembrar a quantidade de posts e
tuites que já circularam defendendo o uso da cloroquina (a menina dos olhos do
presidente). Em contrapartida, a mesma quantidade de posts refugou a vacina chinesa
com as justificativas mais estapafúrdias.
O desprezo ou falta de crença na Ciência e o
pensamento (equivocado, na minha opinião) de que a vacinação não deve ser
obrigatória talvez esteja condenando o Brasil a conviver novamente com a
poliomielite e outras doenças para as quais há muito tempo já existe vacina
comprovada.
ONDA, ONDA, OLHA A ONDA!
Agora, com a ameaça de uma segunda onda de
contaminação ascendente da Covid, nosso presidente manifestou sua preocupação
com os destinos da população e da economia, dizendo: "E agora tem a conversinha de
segunda onda. Tem que enfrentar se tiver (segunda onda). Se quebrar de vez a
economia, seremos um País de miseráveis. Só isso". Desconsiderando a "conversinha", eu penso sinceramente que essa é uma preocupação justa e
plausível. Mas aí eu penso também: por que o filhadaputa teima em detonar, questionar e
atropelar a liberação de vacinas só porque veio daqui ou dali, desse ou daquele
país? Nessas horas é que o “daltonismo” dele deveria se manifestar, pois o
vermelho pode muito bem ser verde, ou seja, quando uma vacina chinesa for
injetada em alguém trará apenas imunidade à Covid, não transformará ninguém em
comunista.
CAITITUJustamente pela associação tóxica entre
ideologia, ignorância e negacionismo é que entendo ser necessário fazer este
alerta final: ainda não existe (e talvez nunca venha a existir) vacina
injetável (nem mesmo de fabricação chinesa) contra radicalismo, ignorância,
visão distorcida da realidade e preconceito. Por isso, cuidado para não se
contaminar, pois, como dizia meu pai, “só
bobos e caititus andam em bando”.
Foi divulgado pela mídia que o ataque hacker aos computadores do STE teria sido orquestrado por bolsonaristas ultrarradicais com o objetivo de “desestabilizar o sistema eleitoral brasileiro” e desqualificar a utilização da urna eletrônica. Só isso aí já me faria sapatear de ódio. Agora, pior mesmo é ver que o rebanho bolsonarista ecoa a visão míope e retrógrada do presidente e de seus filhos, que defendem a volta do “voto de papel”.
Aparentemente utilizam viseiras (antolhos) para não enxergar a zona que as recentes eleições americanas exibiram. Uma de minhas amigas bolsonaristas em sua defesa do voto de papel comentou que “gostaria de saber em quem votou”. Acontece que ela é quase tão velha quanto eu e certamente utilizou a cédula de papel, tão ou mais sujeita a fraudes que a urna eletrônica. Tive vontade de lhe perguntar se na época em que se podia escrever qualquer merda naquele pedaço de papel (e escreviam) era fornecida a ela uma cópia do voto depositado na urna, mas preferi lembrar as “eleições” do Macaco Tião e do rinoceronte Cacareco. Macaco Tião era um chimpanzé que teve sua candidatura lançada em 1986 pela turma do Casseta e Planeta. Recebeu 400.000 votos e ganhou estátua depois que morreu. Cacareco era uma rinoceronte que recebeu 100.000 votos em 1959. Não foi diplomada como vereadora, mas ganhou marchinha de carnaval ("Ca ca ca careco...").
Um dos méritos da urna eletrônica foi acabar com essa esculhambação. Além disso, por não estar conectada à internet e ser auditada antes e depois da votação tem infinitamente mais segurança que o voto de papel. Mas os bolsonaristas só mudarão suas convicções se antes o presidente mudar as dele. Brinquei com outro amigo bolsonarista que as urnas eletrônicas são mesmo uma merda, pois sempre confirmam as pesquisas eleitorais. Resposta do jumento: - “É claro, por isso eles começam antes a adulterar as pesquisas eleitorais”. Depois disso, desisti de contra-argumentar, pois não tinha nem um pouco de capim para oferecer a ele!
VOTO ÚTIL
Sou totalmente a favor do voto obrigatório (assim como da vacinação obrigatória) e o motivo é simples: desde há muito tempo, percebi que se o voto não for obrigatório qualquer grupo minimamente organizado poderá fazer seu candidato ser eleito justamente pelo desinteresse em votar manifestado pelas pessoas que não se ligam em grupos e propostas ideológicas definidas. Isso vale tanto para os bolsonaristas quanto para os petistas ou evangélicos, por exemplo. O voto obrigatório dilui essa possibilidade.
Em minha opinião de ignorante, a soltura do criminoso barra pesada André do Rap por conta de uma filigrana jurídica foi um lamentável equívoco do ministro Marco Aurélio, decisão criticada também por um porrilhão de juristas. Já tinha esquecido esse assunto quando vi a crítica à prisão do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio (muito prazer, nunca tinha ouvido falar dele antes). Mas foi justamente a soltura do traficante autorizada pelo "STF” a defesa usada pela gangue bolsonarista para condenar a prisão do blogueiro. Procedimento que ilustra bem o raciocínio equivocado ou de má fé (prefiro esta hipótese) utilizado pelos seguidores do Messias. Meu fígado talhado exigiu que eu respondesse ao amigo que tinha divulgado essa idiotice:
Desde o início da pandemia é óbvio dizer que todas as pessoas desejaram que algum medicamento já existente funcionasse e fosse eficaz no tratamento e prevenção da Covid-19 - pelo menos até a disponibilização das vacinas em estudo. Agora, algumas vacinas já estão nas bicas de ser liberadas para vacinação em massa. Mas, aparentemente há pessoas torcendo contra, mais uma vez ecoando o pensamento do presidente sobre o assunto. O que me incomoda nessa história toda é que um assunto eminentemente técnico esteja sendo discutido e questionado por pessoas que não têm nenhuma formação para isso.
Entre ouvir um médico especialista nessa área, um farmacêutico com PHD e um capitão reformado cheio de preconceitos e ideias ultrapassadas e que se elegeu presidente, prefiro muito mais os profissionais que estudaram pra caramba antes de emitir opinião. Entre dois errados prefiro o erro do especialista. Basta lembrar a quantidade de posts e tuites que já circularam defendendo o uso da cloroquina (a menina dos olhos do presidente). Em contrapartida, a mesma quantidade de posts refugou a vacina chinesa com as justificativas mais estapafúrdias.
O desprezo ou falta de crença na Ciência e o pensamento (equivocado, na minha opinião) de que a vacinação não deve ser obrigatória talvez esteja condenando o Brasil a conviver novamente com a poliomielite e outras doenças para as quais há muito tempo já existe vacina comprovada.
ONDA, ONDA, OLHA A ONDA!
Agora, com a ameaça de uma segunda onda de contaminação ascendente da Covid, nosso presidente manifestou sua preocupação com os destinos da população e da economia, dizendo: "E agora tem a conversinha de segunda onda. Tem que enfrentar se tiver (segunda onda). Se quebrar de vez a economia, seremos um País de miseráveis. Só isso". Desconsiderando a "conversinha", eu penso sinceramente que essa é uma preocupação justa e plausível. Mas aí eu penso também: por que o filhadaputa teima em detonar, questionar e atropelar a liberação de vacinas só porque veio daqui ou dali, desse ou daquele país? Nessas horas é que o “daltonismo” dele deveria se manifestar, pois o vermelho pode muito bem ser verde, ou seja, quando uma vacina chinesa for injetada em alguém trará apenas imunidade à Covid, não transformará ninguém em comunista.
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
SABE A DIFERENÇA?
Acho que tenho um comportamento
simultaneamente sádico e masoquista. Masoquista por continuar com meu perfil no
Facebook, mesmo me enfurecendo ao ler as postagens de meus “amigos”
bolsonaristas descontrolados, afirmações às vezes tão infantis que lembram
comentários de meninos mimados de quarta série.
O comportamento sádico aparece quando para alimentar o Blogson utilizo os comentários e respostas que dou a esses radicais, pois, falando sinceramente, ninguém merece ler um trocadilho tão indecente como o deste post. Mas acontece que eu sou sádico...
O comportamento sádico aparece quando para alimentar o Blogson utilizo os comentários e respostas que dou a esses radicais, pois, falando sinceramente, ninguém merece ler um trocadilho tão indecente como o deste post. Mas acontece que eu sou sádico...
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
A NOITE DA PANTERA
Sabe aquela sucessão de pensamentos, quando você
se lembra de alguma coisa ou alguém e essa lembrança te leva a mais outra e mais
outra, como se fosse uma enxurrada em dia de chuva forte, que vai levando tudo o
que encontra pela frente? Hoje aconteceu isso comigo.
Depois de ver algumas cenas do ator que interpretou o hilário Mr. Bean, lembrei-me do não menos engraçado ator Leslie Nielsen da trilogia “Corra que a polícia vem aí” (episódios 1, 2½ e 33⅓). Isso me fez lembrar de O. J. Simpson, jogador de futebol americano que atuou nesses filmes e que teria assassinado sua ex-esposa.
Depois de absolvido, o sacana escreveu um livro com o título “If I Did It” onde descreve como teria matado a facadas a ex-esposa e um suposto namorado. Claro, "se" tivesse feito isso, pois é um anjo de candura. Segundo li, a reação popular foi tão grande que a editora teve de destruir 400.000 exemplares ainda não vendidos.
Bom, voltando à enxurrada e pensando nesse episódio de realidade “alternativa”, me ocorreu fazer um exercício de criação de um texto ficcional (obviamene) onde descreveria uma experiência nunca vivida realmente. Por exemplo, a vez em que tive "contato de terceiro grau" com a maconha (só na ficção!). Pois é, falta do que fazer dá nisso!
Planejamento:
A primeira providência seria definir a época e o local onde isso ocorreu. A época foi fácil, pois o ano de 1970 foi o ano em que mais transformações ocorreram em minha vida – entrei para a faculdade de engenharia, me envolvi com as “Calouríadas” (olimpíadas dos calouros), reatei o namoro com a mulher da minha vida, tomei porres homéricos com a turma da minha sala, fui hippie por uma semana em Ouro Preto, participei do “Show Engenharia” (esquece, Marreta), vendi fundos de investimentos, vagabundei bastante, estudei inglês e... (acho que falta alguma coisa!). Ah, sim, assisti algumas aulas. Nesse contexto, “a experiência” só poderia acontecer em alguma festa ou bebedeira da turma.
A história:
No ano em que fui aprovado, o vestibular para engenharia ainda não previa divisão por especialidade. Assim, só depois de matriculados, os calouros foram dividos em "Grupamento A" - destinado a quem desejava estudar engenharia civil, elétrica ou mecânica e "Grupamento B", para quem estava interessado nos cursos de química, minas ou metalurgia. Na divisão em grupamentos, o "B" ficou com 47 alunos e o "A" com o resto dos matriculados, "apenas" 453. A divisão definitiva por especialidade só aconteceria no início do terceiro ano. A consequência imediata dessa divisão tão desigual foi ficar todo o Grupamento B instalado em uma única sala. A segunda, óbvia, foi uma ótima e fraterna convivência entre todos esses alunos e até o surgimento de dois relacionamentos estáveis (que provavelmente resultaram em casamento).
O primeiro semestre de 1970 - tempo em que permaneci nesse grupo - foi para mim o melhor período dos cinco anos de duração do curso. E a explicação para isso é simples. Depois de muito tempo, talvez pela primeira vez na vida, eu me sentia pertencente a um grupo mais ou menos homogêneo que convivia inclusive fora do horário escolar. E sentia prazer nisso. Depois das provas, por exemplo, saíamos para beber nos botecos descolados da região da Savassi. E, papo vai, papo vem, o mala aqui deve ter posado de bicho-grilo, deve ter dito que o sonho de consumo era fumar um baseado, tentando parecer ser mais do que realmente era (a praxe dos imbecis).
A menina de um dos casais formados morava no mesmo bairro que eu e era irmã de um sujeito que só tinha semelhança física com ela, pois era um produto típico daquele lugar: desocupado, perdido na vida e... maconheiro (não o conhecia, mas seus olhos frequentemente vermelhos chamavam minha atenção quando pegávamos o mesmo ônibus, pois imaginava que era apenas cachaceiro, traço comum dos "born losers" nascidos naquele bairro).
Pois bem, um dia essa colega resolveu comemorar seu aniversário e convidou a sala inteira para ir à festa que preparou em sua casa. E a galera compareceu em peso. Lá pelas tantas, seu namorado, provavelmente descrente da minha falsa pose de doidão, chamou-me a um canto e perguntou se eu queria fumar um bagulho com seu cunhado. O que dizer em uma hora dessas? Dizer "não, obrigado"?Desconversar? Dizer alla Frejat que eu nunca tinha apertado nem acendido um baseado? Ou imitar o Zeca Pagodinho e retrucar que nunca vi, não provei, só ouvia falar? Aquele era um "point of no return": ou eu aceitava ou ficaria desmoralizado e pior, eternamente ridicularizado. Por isso, aceitei.
Meu colega me levou para fora da casa e apresentou-me ao cunhado - que já estava dando uns tapas na pantera sentado na calçada junto com mais dois ou três amigos. Por não saber como proceder, observei rapidamente o "ritual", parecido com o ato de fumar um cigarro normal, coisa que eu já fazia na época. A diferença estava nos poucos segundos em que deveria prender a fumaça aspirada. Dei umas três tragadas, agradeci e voltei para a festa já devidamente batizado - olhos vermelhos, cheiro de maconha no hálito expelido (maresia), um sorriso de idiota no rosto (maior ainda ao ver a expressão de surpresa do viado do meu colega - afinal, eu não tinha mentido, eu era mesmo doidão!).
O resto não sei dizer nem tenho como contar. Se me perguntarem se bateu alguma larica, não consigo me lembrar. Se quiserem saber se fumei outras vezes, direi que não. Se me pedirem uma comparação com os porres que tomei direi que foi muito melhor, pois além da sensação ser muito boa, ainda lucrei por não ter ficado com ressaca. O mais difícil foi perder o contato com meus amigos do Grupamento B depois de resolver estudar engenharia civil. E, claro, ter inventado toda essa história.
Depois de ver algumas cenas do ator que interpretou o hilário Mr. Bean, lembrei-me do não menos engraçado ator Leslie Nielsen da trilogia “Corra que a polícia vem aí” (episódios 1, 2½ e 33⅓). Isso me fez lembrar de O. J. Simpson, jogador de futebol americano que atuou nesses filmes e que teria assassinado sua ex-esposa.
Depois de absolvido, o sacana escreveu um livro com o título “If I Did It” onde descreve como teria matado a facadas a ex-esposa e um suposto namorado. Claro, "se" tivesse feito isso, pois é um anjo de candura. Segundo li, a reação popular foi tão grande que a editora teve de destruir 400.000 exemplares ainda não vendidos.
Bom, voltando à enxurrada e pensando nesse episódio de realidade “alternativa”, me ocorreu fazer um exercício de criação de um texto ficcional (obviamene) onde descreveria uma experiência nunca vivida realmente. Por exemplo, a vez em que tive "contato de terceiro grau" com a maconha (só na ficção!). Pois é, falta do que fazer dá nisso!
Planejamento:
A primeira providência seria definir a época e o local onde isso ocorreu. A época foi fácil, pois o ano de 1970 foi o ano em que mais transformações ocorreram em minha vida – entrei para a faculdade de engenharia, me envolvi com as “Calouríadas” (olimpíadas dos calouros), reatei o namoro com a mulher da minha vida, tomei porres homéricos com a turma da minha sala, fui hippie por uma semana em Ouro Preto, participei do “Show Engenharia” (esquece, Marreta), vendi fundos de investimentos, vagabundei bastante, estudei inglês e... (acho que falta alguma coisa!). Ah, sim, assisti algumas aulas. Nesse contexto, “a experiência” só poderia acontecer em alguma festa ou bebedeira da turma.
A história:
No ano em que fui aprovado, o vestibular para engenharia ainda não previa divisão por especialidade. Assim, só depois de matriculados, os calouros foram dividos em "Grupamento A" - destinado a quem desejava estudar engenharia civil, elétrica ou mecânica e "Grupamento B", para quem estava interessado nos cursos de química, minas ou metalurgia. Na divisão em grupamentos, o "B" ficou com 47 alunos e o "A" com o resto dos matriculados, "apenas" 453. A divisão definitiva por especialidade só aconteceria no início do terceiro ano. A consequência imediata dessa divisão tão desigual foi ficar todo o Grupamento B instalado em uma única sala. A segunda, óbvia, foi uma ótima e fraterna convivência entre todos esses alunos e até o surgimento de dois relacionamentos estáveis (que provavelmente resultaram em casamento).
O primeiro semestre de 1970 - tempo em que permaneci nesse grupo - foi para mim o melhor período dos cinco anos de duração do curso. E a explicação para isso é simples. Depois de muito tempo, talvez pela primeira vez na vida, eu me sentia pertencente a um grupo mais ou menos homogêneo que convivia inclusive fora do horário escolar. E sentia prazer nisso. Depois das provas, por exemplo, saíamos para beber nos botecos descolados da região da Savassi. E, papo vai, papo vem, o mala aqui deve ter posado de bicho-grilo, deve ter dito que o sonho de consumo era fumar um baseado, tentando parecer ser mais do que realmente era (a praxe dos imbecis).
A menina de um dos casais formados morava no mesmo bairro que eu e era irmã de um sujeito que só tinha semelhança física com ela, pois era um produto típico daquele lugar: desocupado, perdido na vida e... maconheiro (não o conhecia, mas seus olhos frequentemente vermelhos chamavam minha atenção quando pegávamos o mesmo ônibus, pois imaginava que era apenas cachaceiro, traço comum dos "born losers" nascidos naquele bairro).
Pois bem, um dia essa colega resolveu comemorar seu aniversário e convidou a sala inteira para ir à festa que preparou em sua casa. E a galera compareceu em peso. Lá pelas tantas, seu namorado, provavelmente descrente da minha falsa pose de doidão, chamou-me a um canto e perguntou se eu queria fumar um bagulho com seu cunhado. O que dizer em uma hora dessas? Dizer "não, obrigado"?Desconversar? Dizer alla Frejat que eu nunca tinha apertado nem acendido um baseado? Ou imitar o Zeca Pagodinho e retrucar que nunca vi, não provei, só ouvia falar? Aquele era um "point of no return": ou eu aceitava ou ficaria desmoralizado e pior, eternamente ridicularizado. Por isso, aceitei.
Meu colega me levou para fora da casa e apresentou-me ao cunhado - que já estava dando uns tapas na pantera sentado na calçada junto com mais dois ou três amigos. Por não saber como proceder, observei rapidamente o "ritual", parecido com o ato de fumar um cigarro normal, coisa que eu já fazia na época. A diferença estava nos poucos segundos em que deveria prender a fumaça aspirada. Dei umas três tragadas, agradeci e voltei para a festa já devidamente batizado - olhos vermelhos, cheiro de maconha no hálito expelido (maresia), um sorriso de idiota no rosto (maior ainda ao ver a expressão de surpresa do viado do meu colega - afinal, eu não tinha mentido, eu era mesmo doidão!).
O resto não sei dizer nem tenho como contar. Se me perguntarem se bateu alguma larica, não consigo me lembrar. Se quiserem saber se fumei outras vezes, direi que não. Se me pedirem uma comparação com os porres que tomei direi que foi muito melhor, pois além da sensação ser muito boa, ainda lucrei por não ter ficado com ressaca. O mais difícil foi perder o contato com meus amigos do Grupamento B depois de resolver estudar engenharia civil. E, claro, ter inventado toda essa história.
terça-feira, 24 de novembro de 2020
PUXANDO FERRO
Tenho um amigo virtual que imagino ser um dedicado “puxador de ferro”, um sujeito que malha metodicamente, toma suplementos vitamínicos legais (nada de anabolizantes!) e deve ter o corpo marombado. Admiro as pessoas que têm essa determinação e cuidado com o aspecto físico, pois há muito abandonei ideias como essa, até porque, se resolvesse mesmo fazer um upgrade jotabélico, precisaria descartar o corpo todo e ficar apenas com o cérebro (pensando melhor, talvez nem com ele!).
Guardei aquele material inútil por algum
tempo, até dá-lo de presente para um de meus primos (e não me lembro de como
surgiu essa ideia). O que sei é que um dia ele apareceu lá em casa (casa da
minha avó, na verdade) forte igual a um touro. Ele é baixinho (para mim, pelo
menos), mas estava super musculoso.
Assustado com a mudança, perguntei o que
tinha feito para ficar assim. A resposta foi surpreendente: fez duas vezes as
séries de exercícios dos fascículos que dei a ele de presente. Quatorze semanas! Filho da puta!
Depois disso, começou a montar uma mini academia em sua casa e o resto não sei
mais, pois só nos encontramos em velórios de tios, artigo cada vez mais escasso
hoje em dia. E fim.
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
DESMAGNETISMO
Não sei os leitores desta bagaça pensam da mesma forma que eu (provavelmente, não e acrescentaria: ainda bem para eles!), mas se existe uma coisa cabulosa na Física é o ímã. Pensem bem, pode haver coisa mais esquisita que uma barra de ferro com dupla personalidade? Porque é isso que acontece: duas pontas com atributos diferentes – uma atrai e a outra repele. E se quebrar essa barra em duas ou mais partes obtêm-se filhotinhos com as mesmas propriedades da barra original, uma prova de que “quem sai aos seus não degenera”, como sabiamente ensina o ditado popular. Que me perdoe a Dona Física, mas o magnetismo é uma propriedade ou fenômeno bastante esquizofrênico.
domingo, 22 de novembro de 2020
DEU MATCH!
O nome original deste post era "Segunda tentativa", tão sem graça quanto a piada imaginada, a segunda tentativa de aproveitar o barrigudinho das cavernas. Eu tinha o desenho (dois, aliás, pois dá para
ver que em um deles o traço é mais nítido), mas não tinha a piada. Sem nenhuma
inspiração imaginei uma troca de olhares: um, envolvente, sinuoso, sedutor e o outro,
tosco, machista, do tipo “é disso que eu
preciso”. Mas o resultado ficou muito ruim. Foi aí que me ocorreu o título atual, uma expressão ouvida na TV e que acabou sendo a verdadeira piada do post (e olha que eu tive de procurar na internet o que isso significava!). Esta explicação é também um
pedido de desculpas às senhoras "presentes" pelo machismo explícito do desenho.
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
MASTER CHEF RAIZ
Um dia, ainda na década de 1970, fiz um
desenho que talvez pudesse virar um personagem de HQ caricatural com foco no
humor. Dei o desenho para minha namorada e ela o guardou, dizendo que tinha
ficado muito bacana. Mas o assunto morreu por ali. Recentemente ("recentemente"
para mim pode significar algum momento acontecido no período entre dois e dez
anos, ok?), minha mulher o (re)encontrou e perguntou por que eu não o
aproveitava para fazer uma historinha ou coisa assim (até hoje ela acredita que
eu sei desenhar). Pois bem, fiz duas tentativas "recentes" de aproveitamento do personagem. O primeiro é este. Obviamente, a gazela foi "colada", pois eu nunca conseguiria desenhar tanto assim. Olhaí.
E uma curiosidade: por descuido, em vez de ser ainda tratado como rascunho, este desenho foi postado há um mês, por aí, mas logo retirado. Entretanto, meu atento e vigilante amigo virtual Scant não só o viu como ainda comentou. The Flash!
COMITÊ DE BOAS VINDAS
Ultimamente este blog tem sido uma caixinha de surpresa. Pensando bem “caixinha de surpresa" é um clichê muito velho e gasto. Por isso, seu uso não é recomendado por aqui, pois o blogueiro, por também ser velho e gasto, detesta concorrência nesses atributos. Talvez seja melhor substituir a “caixinha” por alguma coisa mais condizente com a idade mental do titular do blog. Sugiro, portanto, um kinderovo, pois tem sempre uma surpresinha quando é aberto.
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
JOEL SILVEIRA ERA O CARA! (APRESENTADO POR OZYMANDIAS REALISTA)
Como
tenho pós-doutorado em ignorância, nunca tinha ouvido falar em Joel Silveira.
Descobri na internet que foi um jornalista e escritor brasileiro que morreu em
2007 - depois de ter acompanhado a FEB na Itália, escrito 40 livros, recebido
algumas premiações e ter sido preso várias vezes durante o Estado Novo e,
depois, na ditadura militar. Sinal de que tinha a língua afiada. Tão afiada que
ao contratá-lo para os Diários Associados o lendário Assis Chateaubriand o chamou de Víbora (“Seu
Silveira, o senhor é uma víbora! O senhor vai trabalhar comigo!").
As unanimidades no
Brasil são tão unânimes que sequer admitem suplentes.
Cada dia conheço
menos gente e cada dia me conheço melhor. Lucro no primeiro caso, perco no
segundo.
De seis em seis
meses tudo muda no Brasil. Só o Brasil não muda.
Desconfio muito da
caridade trombeteada, dessa espécie que só se manifesta com a presença da mídia
e sob a luz dos refletores.
Em certos livros o
prefácio mais parece um pedido de desculpas.
Estar vivo é estar
condenado. E ter certeza de que a última batalha será perdida.
Estou penosamente
fazendo o meu imposto de renda quando sou surpreendido por um amigo que vive a
glória de uma maturidade sadia e operosa – e que me diz:
-- Você é um privilegiado. Já setentão, pode enfileirar uma porção de vantagens, isenções, e tudo o mais que a velhice tem direito.
Respondo:
-- Pode ser. Mas prefiro as desvantagens dos quarenta, e mais ainda os percalços, desatinos e temeridade dos trinta, nenhum deles isento, todos a declarar.
Eu nunca vi na
vida um rei que não estivesse nu.
Eu sou eu e meus
efeitos colaterais.
Há muita gente por
aí confundindo (ou fingindo confundir) notável com notório.
Há um tanto de
pesadelo em toda lembrança antiga.
Hoje, a cautela é
minha principal virtude.
Jornalista que
vira assunto passa, como jornalista, a não merecer a menor confiança.
Lembrança velha
dói tanto quanto remorso.
Me peçam o que
quiserem, mas não me peçam para pedir. Pedir violenta a minha natureza e
desmantela o meu metabolismo.
Não fazendo dela
uma inimiga, a insônia pode se tornar um excelente investimento.
Ninguém pode
proclamar-se livre se não tem direito de dormir pelo menos uma hora após o almoço.
Nunca dou
conselhos – Ou não os dou mais. Pois agora já sei que todo conselho pedido
nunca é aquele que se espera receber.
O ciúme não é mais
que um acúmulo de hematomas, sempre renovados.
O desagradável no
suicídio é que o corpo raramente toma uma posição decente.
O mais irritante
na morte é a sua absoluta falta de senso de humor. A morte talvez seja o único
profissional que não brinca em serviço.
O que pesa não são
os anos – o que pesa mesmo são os quilos.
Os fracassos no
Brasil doem mais porque somos um país de triunfalistas por antecipação. Por
isso, quando perdemos, o que acontece quase sempre, o apressado “já ganhou”
ganha cores mais funéreas, e as derrotas, as proporções mais catastróficas.
Por ser sincera,
por não ser hipócrita – como é intolerante a moral dos pobres!
Pouco adianta se a
palavra é leve quando a mão é pesada.
Quem esteve numa
guerra de verdade sabe que o que nela primeiro se perde é o pudor. Em seguida, os
escrúpulos, todos eles.
Recém-saída de uma
clínica especializada em recauchutagem corporal, a socialite proclama aos
quatro ventos, exultante:
-- Meu bumbum está uma coisa!
Só falta acrescentar:
-- Sirvam-se!
Se você não sabe
nadar, é arriscado ou no mínimo imprudente dizer que dessa água não beberei.
Sei por
experiência própria: passar dos setenta nos dá a sensação de estarmos usufruindo
de um tempo que não nos pertence mais. O que não deixa de ser um roubo.
Simplifiquemos as
coisas e economizemos nas palavras: idiota é todo aquele cujas opiniões não
coincidem com as nossas.
Velho não precisa
mentir, nem ser hipócrita. Não precisa mais disso.
Velório: encontro
de hipócritas, maus piadistas e parentes que se detestam.
-- Você é um privilegiado. Já setentão, pode enfileirar uma porção de vantagens, isenções, e tudo o mais que a velhice tem direito.
Respondo:
-- Pode ser. Mas prefiro as desvantagens dos quarenta, e mais ainda os percalços, desatinos e temeridade dos trinta, nenhum deles isento, todos a declarar.
-- Meu bumbum está uma coisa!
Só falta acrescentar:
-- Sirvam-se!
Se gostou da amostra, vale a pena acessar o texto completo de meu amigo Ozy para ler o restante das ótimas frases e textos do jornalista. O link é este:
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
CONFRARIA DAS HIENAS
Outro dia fiquei surpreso e até incomodado ao ler no Facebook comentários seríssimos, sisudos, provocados por um texto de puro humor, uma piada engraçadíssima, pois nunca imaginaria que um texto destinado apenas a provocar risos em quem o lê seria objeto quase de uma dissertação de mestrado. E mais uma vez levantei esta questão: “Estamos perdendo a capacidade de rir?” Essa minha impertinência pode ser explicada pela matéria prima utilizada para construir o esqueleto do Blogson. Nessa matéria primeva estavam embolados o humor, a sátira e a ironia que – mesmo de má qualidade – esguichavam de e-mails encaminhados para meus filhos e um pequeno grupo de amigos.
domingo, 15 de novembro de 2020
TATOO, ETC.
QUERO FICAR NO TEU CORPO...
Tatuagem já foi coisa de gente desclassificada, muito desclassificada. Quando eu estava beirando a adolescência, quase comeram meu fígado quando comentei que seria bacana fazer no meu braço uma tatuagem de âncora igual à do Popeye. Ainda bem que ninguém concordou, pois como eu era magro feito um espeto alguém talvez ficasse tentado a me chamar de “Olívio Palito” (muito ruim!).
Isso mudou radicalmente. Hoje tem gente tão tatuada que na hora do rala e rola pode acontecer de não rolar nem ralar nada. Claro que isso provocará surpresa no dono ou dona das tatuagens. Para justificar o transe contemplativo em que se encontra a parceira ou parceiro pode dizer algo assim:
- “Calma, deixe-me acabar de ler. Adoro histórias em quadrinhos!”.
MESÁRIO
Existe um tipo de funcionário público (na maioria dos casos semelhantes) que é o terror das chefias e do setor de RH: aquele que tem médico ou dentista na sexta-feira e acorda passando mal na segunda-feira (conheço um assim). Para esse tipo de “nó cego”, merecedor do mais entusiasmado pé na bunda, ser mesário em dias de eleição deve ser a melhor coisa do mundo, pois, além de ganhar dois dias de folga para cada dia devotado a tão nobre atividade cívica, ainda tem uma justificativa legal para as constantes ausências. Mesmo que seja a cada dois anos (mas isso é só um detalhe sem importância para meu conhecido – que também trabalhava como mesário).
Tatuagem já foi coisa de gente desclassificada, muito desclassificada. Quando eu estava beirando a adolescência, quase comeram meu fígado quando comentei que seria bacana fazer no meu braço uma tatuagem de âncora igual à do Popeye. Ainda bem que ninguém concordou, pois como eu era magro feito um espeto alguém talvez ficasse tentado a me chamar de “Olívio Palito” (muito ruim!).
Isso mudou radicalmente. Hoje tem gente tão tatuada que na hora do rala e rola pode acontecer de não rolar nem ralar nada. Claro que isso provocará surpresa no dono ou dona das tatuagens. Para justificar o transe contemplativo em que se encontra a parceira ou parceiro pode dizer algo assim:
- “Calma, deixe-me acabar de ler. Adoro histórias em quadrinhos!”.
MESÁRIO
Existe um tipo de funcionário público (na maioria dos casos semelhantes) que é o terror das chefias e do setor de RH: aquele que tem médico ou dentista na sexta-feira e acorda passando mal na segunda-feira (conheço um assim). Para esse tipo de “nó cego”, merecedor do mais entusiasmado pé na bunda, ser mesário em dias de eleição deve ser a melhor coisa do mundo, pois, além de ganhar dois dias de folga para cada dia devotado a tão nobre atividade cívica, ainda tem uma justificativa legal para as constantes ausências. Mesmo que seja a cada dois anos (mas isso é só um detalhe sem importância para meu conhecido – que também trabalhava como mesário).
sábado, 14 de novembro de 2020
ESTROBOSCÓPIO
Com as eleições municipais já batendo à porta, preciso dizer que deixarei de votar pela primeira vez na vida. Nunca anulei voto, nunca votei em branco, nunca precisei justificar minha ausência. Sempre tentei votar no menos pior, sempre votei pensando no que poderia ser melhor, não para mim, mas para o povo da minha cidade, do meu estado ou do Brasil (sempre fui um romântico). Por isso mesmo, votei no FHC, no Lula, no Aécio e no Bolsonaro. Só não me arrependi de ter votado no FHC. Mas não votarei nas eleições municipais deste ano. E o motivo atende pelo nome de Covid. Talvez eu seja apenas mais um dos velhos de um "país de maricas", como relinchou o primeiro mandatário. Não me incomodo que ele pense assim, pois diz o ditado popular que "chumbo trocado não dói". E eu penso muito mal dele! Por isso, com as eleições na cabeça, tive uma ideia de jerico (ou seria de maricas?), uma experimentação estética, apenas um passatempo que passarei a detalhar.
Não me lembro mais se estava no primeiro ou
segundo grau quando um professor de física nos deu como trabalho prático a fabricação
ou execução de um estroboscópio. Tratava-se de um disco com fendas radiais e um
furo excêntrico com diâmetro suficiente para nele se enfiar o dedo indicador. Esse disco
era pregado em uma madeira e girado para se obter o efeito “congelado” de
alguma coisa em movimento giratório ou coisa parecida.
Lembrei-me desse experimento ao ouvir a música “Criola”, de Jorge Ben(jor). Um dos versos diz que “a negra é a soma de todas as cores”. Indiscutivelmente uma ótima frase, atribuída pelo Benjor ao Gilberto Gil (“E como já dizia o poeta Gil...”). Tenho a impressão de que muitos dos meus pensamentos surgem primeiro como imagens. Talvez por isso, enquanto ouvia a música, fui assaltado por uma ideia meio bizarra (melhor ser assaltado por uma ideia infantil que ouvir alguém dizer “Perdeu, perdeu!”, concorda?).
Fiquei pensando em utilizar uma variante do velho e bom disco de Newton para fazer uma avaliação puramente estética da “cor do Brasil”. Só que em lugar da divisão homogênea do disco nas tonalidades básicas, seriam utilizadas algumas cores que representassem macro situações do país (o que a ociosidade não faz!). Poderia, por exemplo, ser utilizada para definir a “cor religiosa do Brasil”. Mas, para ser sincero, estimulado pelas manifestações inflamadas dos bolsonaristas-raiz, pensei mesmo foi tentar encontrar a “cor ideológica” do Brasil. E a “receita” seria esta:
- utilizar os resultados eleitorais para presidente obtidos no primeiro turno das eleições de 2018;
- dividir em cinco as nuances ideológicas observadas. Sem me preocupar muito com o rigor científico (afinal, essa experiência é apenas diversão, não uma tese de mestrado), os votos seriam identificados como direita ou esquerda entusiasmada, direita ou esquerda civilizada e centro (não confundir com “Centrão”);
- os resultados do segundo turno poderiam ser utilizados apenas para aferição da “grande direita" e da “grande esquerda";
- as ausências e votos brancos ou nulos seriam contabilizados como “centro”, pois nenhum dos dois candidatos que passaram ao segundo turno teria atraído o interesse desse grupo;
- seriam adotadas as cores vermelho Ferrari (um pouco de elitismo não faz mal!), vermelho suco de melancia (esmaecido), verde oliva, verde bandeira, e, para o centro, poderiam ser usadas cores neutras tipo “amarelo constrangido”, “creme indiferente”, “cinza distraído”, “rosa e rosinha” e por aí. Entretanto, para dar um pouco de qualidade a essa ideia de jegue, sugiro a adoção da cor “flicts” (cor inventada pelo Ziraldo para identificar a cor da Lua) para o povo do centro;
- os percentuais apurados seriam lançados em um gráfico tipo pizza e o disco assim obtido seria submetido a uma rotação uniforme. Et voilà!, visualiza-se a cor resultante que poderia ser chamada de “a cor do Brasil”. Que tal?
Como no país não se vota em partidos nem em ideias, a identificação seria feita apenas pelo perfil provável de cada candidato que concorreu. A única exceção seria no caso do PT, pois em vez de classificar o “poste” Haddad, pensei na Gleisi Hoffman e em outros dirigentes tão ou mais radicais que ela. Se essa brincadeira interessou a alguém, os percentuais a que cheguei são estes:
Esquerda entusiasmada (vermelho Ferrari) 22%
Esquerda civilizada (vermelho desbotado) 10%
Centro (flicts) 32%
Direita civilizada (verde bandeira) 2%
Direita exaltada (verde oliva) 34%
Essa mistura de cores pode ser feita em aplicativos de celular, mas não tenho essa manha nem meu celular tem capacidade para isso, pois ainda é movido a carvão. E nem penso em fazer “trabalhinho escolar”, pois não tenho mais idade nem saco para isso. Alguém aí se habilita? Pensando bem, melhor não, pois correrá o risco de ser considerado mariquinhas por algum filhadaputa à solta.
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
A SONG FOR YOU
Leon Russell é um roqueiro americano que não
fez muito sucesso no Brasil e acredito que nem fará mais, pois morreu em 2016.
Sem falar que o rock hoje é pouco mais que uma curiosidade musical, um móvel
velho recebido de herança de uma tia solteirona e que colocado na sala da casa destoa da decoração moderna. Mas o cara era bom. Multi-instrumentista e
compositor de ótimas músicas, algumas regravadas por vários intérpretes (Joe
Cocker e Ray Charles, entre outros).
Minha temperatura cerebral pediu que eu selecionasse “A song for you”, gravada por ele em 1971. Mas, para dar o destaque que a música
merece, escolhi duas versões caseiras (caseiras mesmo, só com piano e voz), com
interpretações ao vivo dele próprio e do ator e cantor Justin Timberlake. Som
na caixa!
"Estive em muitos lugares na minha vida, cantei
muitas canções e fiz algumas rimas ruins. Agora estamos sozinhos e estou
cantando minha música para você. Eu já te tratei mal, mas saiba que não há
ninguém mais importante para mim. Então, querida, tente me ver como sou, porque
estamos sozinhos agora e estou cantando minha música para você. Apenas ouça a
melodia, pois é nela que meu amor se esconde. E eu te amo em um lugar onde não
há espaço ou tempo, eu te amo para sempre. E quando minha vida acabar lembre-se
de quando estávamos juntos. Nós estávamos sozinhos e eu estava cantando A Song for You”.
quarta-feira, 11 de novembro de 2020
IRONIA, SARCASMO E INDIGNAÇÃO
Eu votei em Bolsonaro no segundo turno. Não votaria nele hoje. Aliás, se eu estiver vivo até lá, não votarei nele em 2022. Quanto mais comportamento truculento exibia, quanto mais exibia suas crenças equivocadas, seu negacionismo, intolerância e desejo de ser reeleito a qualquer custo em 2022, mais eu fui me decepcionando, mais eu fui me afastando, mais eu fui me indignando.
terça-feira, 10 de novembro de 2020
PODE SER PIADA, PODE SER ANECDOTE
Escrito em 27/08
Quando eu ainda era um working class hero (talvez nem tão hero nem tão worker
assim, mas tudo bem), eu achava que um profissional deveria ter habilidades
especiais além da necessária e esperada competência em sua área, caso quisesse
encantar e surpreender clientes, superiores e colegas. Essas habilidades seriam
fluência em inglês, desinibição e boa capacidade para falar em público e...
saber tocar (bem) um instrumento musical. Se fosse piano, melhor ainda.
Essas habilidades extracurriculares teriam
funções e visibilidade distintas. Fluência em inglês seria uma carta na manga
em reuniões com estrangeiros, especialmente quando falassem entre si sem saber
que você estava entendendo o que diziam. A capacidade de falar em público sem
gaguejar e tremer seria super bem avaliada nessas reuniões gerais que acontecem
em auditórios. Quanto mais público, melhor. A terceira habilidade seria a
cereja do bolo nas festas de congraçamento de final de ano. Ficava imaginando o
pessoal conversando, interagindo e o sujeito aproximar-se de um piano (tinha que
ter um piano!), sentar-se em frente a ele e começar a tocar “Lígia” ou um standard americano da década de trinta. O efeito disso curaria
qualquer ressaca e atrairia todo tipo de olhares e pensamentos sobre ele.
Devo dizer que essa era minha fantasia,
irrealizada fantasia, pois nunca deixei de ser monoglota, nunca fui exatamente
um primor de eloquência e o único instrumento que toco é violão. E tocava mal
(agora, pior ainda). Além do mais, a menos que você seja um Yamandu Costa, não
há o menor charme em espancar um violão para pessoas que te pedirão para tocar
alguma música sertaneja que você odeia (eu odeio todas).
Não sei se este início ficou divertido, mas
fantasias profissionais não são o tema deste post. O que interessa é o fato
indesculpável de eu não saber falar inglês, coisa quase tão banal hoje quanto prisão
de governador do Rio de Janeiro.
Mesmo sem saber falar inglês, tenho a
sensação de que algumas expressões idiomáticas da língua de Shakespeare e
Donald Trump podem ter sido equivocadamente traduzidas ao pé da letra, gerando assim expressões
bizarras em português. “Politicamente
correto” é um bom exemplo do que acabei de dizer e até mereceu um post
neste desclassificado blog.
Mas descobri outra ainda mais surpreendente
ao acessar hoje o site BBC News Brasil. Esse site tem a vantagem de ser um
híbrido do portal G1 com a revista Super Interessante, pois traz notícias
do momento atual misturadas com artigos sobre dinossauros ou de como se contava
na Idade Média até 9.999 usando apenas os dedos das mãos, como se fosse um braille aritmético medieval.
Pois bem, encontrei nesse site um longo e
interessante artigo sobre a obsessão do nosso presidente em defender a bendita
cloroquina, quando cientistas do mundo todo criticam seu uso - por ineficaz e
perigoso - no tratamento da Covid. Mas o que chamou
minha atenção foi o uso da expressão "evidência
anedótica" ao longo do texto, como neste trecho:
João
estava com dor de cabeça. João tomou suco de laranja. A dor de cabeça de João
passou. Podemos afirmar que a dor de cabeça de João passou porque ele
tomou suco de laranja? A resposta é não. Dizer que sim é criar uma falsa
correlação de causa e efeito. Pois alguém dizer que tomou cloroquina e, por
causa disso, se curou da covid-19, como faz o presidente Jair Bolsonaro, é
exatamente o mesmo.
Isso é
o que se chama de "evidência anedótica", informal, sem valor
científico. E o erro de lógica usado para se chegar nessa "evidência"
é uma falácia lógica, chamado também de correlação coincidente ou, em
latim, post hoc ergo propter hoc ("depois disso, logo, causado
por isso"), explica o cientista David Grimes, autor do livro The
Irrational Ape, sobre desinformação relacionada à ciência.
Essa
falácia lógica é construída a partir da ideia de que dois eventos que acontecem
em uma sequência cronológica estão ligados por meio de uma relação de causa e
efeito. Outros exemplos: "Eu espirrei e, segundos depois, a luz
caiu". A luz caiu por que eu espirrei? "Hoje de manhã nós dançamos.
Mais tarde, choveu." Choveu porque dançamos?
Mesmo que longo, o texto merece ser lido na
íntegra. O link do artigo é este:
Mas voltemos à expressão "evidência
anedótica" que tanta surpresa me causou. Comecei a fuçar dicionários e
só encontrava "piada”, “chiste” ou
“facécia" como sinônimo de "anedota". Joguei a expressão
bizarra no Google Translator e pesquisei sua tradução para o inglês (anecdotal evidence). Aí a coisa começou
a melhorar, pois encontrei este texto na https://en.wikipedia.org/
Anecdotal
evidence is evidence from anecdotes: evidence collected in
a casual or informal manner and relying heavily or entirely on personal
testimony.
The
term is sometimes used in a legal context to describe certain kinds
of testimony which are uncorroborated by objective, independent
evidence such as notarized documentation, photographs, audio-visual recordings,
etc.
When
used in advertising or promotion of a product, service, or idea,
anecdotal reports are often called a testimonial, which are highly
regulated or banned in some jurisdictions.
When
compared to other types of evidence, anecdotal evidence is generally regarded
as limited in value due to a number of potential weaknesses, but may be
considered within the scope of scientific method as some anecdotal
evidence can be both empirical and verifiable, e.g. in the use of case
studies in medicine. Other anecdotal evidence, however, does not qualify
as scientific evidence, because its nature prevents it from being investigated
by the scientific method. Where only one or a few anecdotes are presented,
there is a larger chance that they may be unreliable due
to cherry-picked or otherwise non-representative samples of
typical cases. Similarly, psychologists have found that due to cognitive
bias people are more likely to remember notable or unusual examples rather
than typical examples. Thus, even when accurate, anecdotal evidence is not
necessarily representative of a typical experience. Accurate determination of
whether an anecdote is typical requires statistical evidence. Misuse
of anecdotal evidence is an informal fallacy and is sometimes
referred to as the "person who" fallacy ("I know a person
who..."; "I know of a case where..." etc.) which places undue
weight on experiences of close peers which may not be typical.
In all
forms of anecdotal evidence its reliability by objective independent assessment
may be in doubt. This is a consequence of the informal way the information is
gathered, documented, presented, or any combination of the three. The term is
often used to describe evidence for which there is an absence of documentation,
leaving verification dependent on the credibility of the party presenting the
evidence.
Como o texto é meio chato, optei por não publicar a
tradução feita pelo Google Translator. Quem quiser, que o faça. Mas depois de sua leitura, vi que minha suspeita tinha fundamento, ou seja, "anedota" em inglês poderia ter mais significados que em português. Por isso, ao buscar na internet o significado de "anecdote", encontrei o texto a seguir (depois de traduzido do inglês para o português)
Ocasionalmente humorísticas, as anedotas diferem das piadas porque seu objetivo principal não é simplesmente provocar risos, mas revelar uma verdade mais geral do que o próprio conto breve. As anedotas podem ser reais ou fictícias".
Ocasionalmente humorísticas, as anedotas diferem das piadas porque seu objetivo principal não é simplesmente provocar risos, mas revelar uma verdade mais geral do que o próprio conto breve. As anedotas podem ser reais ou fictícias".
Para fechar este texto "rapsódico" (mais um), posso dizer que "evidência anedótica" é uma tradução meionascoxal para "anecdotal evidence". O mais correto seria dizer evidência "falaciosa" ou "equivocada" ou "sofismática". mas nunca "jocosa" ou "engraçada", nunca uma "piada".
Pensando bem, no caso do presidente até poderia ser mesmo uma evidência jocosa, pois seu comportamento detestável, condenável, sua visão machista, radical e preconceituosa nunca passaram de piadas de mau gosto, de péssimo gosto.
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