quarta-feira, 2 de março de 2022

"ESTUPIDEZ PREGUIÇOSA"

“Uma música inspirada, mas que me dá uma espécie de meditação sobre o assunto. Pessoas como a da música tiveram poucos recursos para completar os estudos e a necessidade de trabalhar se tornou muito maior para poderem sobreviver. Outras que nasceram privilegiadas como o Mário Frias (ele nasceu e foi criado na Barra da Tijuca) cometem bizarros erros na pronúncia de nosso idioma por serem os verdadeiros ignorantes em nosso país: não dão valor aos estudos e encaram o fato de terem nascido ricas como uma "Dádiva Divina". É ingênua e inocente a repetição errada de palavras vinda de pessoas humildes, já me deparei com muitas escritas assim lá no YouTube. Mas, vinda de gente que estudou nas melhores escolas e universidades soa como estupidez preguiçosa de gente que não faz uso adequado dp cérebro, se é que possuam um”.
 
O autor desse comentário feito no post “Orora Analfabeta” identifica-se como “Inominável Ser”. Impossível discordar do que disse. Uma espécie de humor antigo e que ainda é praticado no Brasil é feito através de personagens travestidos de matutos e caipiras (mas sempre espertos, sempre ladinos). É o caso de “Nerso da Capitinga” ou de “Filó”, criação da atriz Gorete Milagres. Como são dois atores fabulosos, nadam de braçada no sotaque, na pronúncia e no ataque à língua portuguesa.
 
Dureza, como bem destacou o Inominável Ser, é quando essas topadas são dadas por pessoas que jamais poderiam dar-se a esse luxo. Perdoem-me todos os que já leram essa frase mais de “vinte” vezes, mas o injustiçado Juca Chaves foi certeiro quando disse que “querer ser mais do que valem é dos imbecis a praxe”. E acho que esse é o mal dos “bem nascidos” ou bem sucedidos, querer ser o que não são. Tive um colega que era tecnicamente meia boca, mas, por ser filho de um dos sócios da empresa não podia (ou queria) exibir seu pouco conhecimento, fruto talvez de sua “estupidez preguiçosa” no tempo da faculdade. Um dia, em uma roda de engenheiros muito mais fodas que ele, cismou de exibir o conhecimento que não possuía sobre uma etapa ou operação de içamento de cargas pesadas conhecida pelo termo “plano de rigging”. Em vez de “rigging”, usou a palavra “jigger” ou “jigert”. Foi um momento de extremo constrangimento para todos os que o ouviam (até para mim, que não entendo porra nenhuma desse assunto).
 
E assim parece agir uma parte enorme da população. Para se exibir usam palavras fora de contexto ou constroem frases pessimamente formuladas. Há muito tempo eu creio ter resolvido satisfatoriamente meu desconhecimento dos fundamentos de nossa maltratada língua. E a solução que encontrei foi escrever de forma totalmente coloquial, praticamente igual à minha forma rotineira de falar. Algumas pessoas já disseram que sou muito culto, o que é um equívoco gigantesco. Não sou e declaro que não sou. Se pensarmos na população brasileira, tão carente de ensino de qualidade, talvez eu seja mesmo mais culto que a maioria, mas isso não é motivo para orgulho, é motivo de tristeza e desalento.
 
Meu pai dizia que a família de meus avós tinha um amigo com perfil adequado para secretário de cultura. Naquele tempo em que se amarrava cachorro com linguiça, ia entrando casa adentro sem cerimônia e sem avisar, exclamando:
- “Ô Vítaras! Quedes ela?” A tradução desta pergunta é “Ô Vita! (apelido de minha avó) “Que é dela? ou Onde ela está”?” ou, pelo menos, ”Cadê ela?”. Dureza, não?

Para finalizar este comentário que acabou virando post, o que posso dizer é que ignorância e falta de cultura não são necessariamente motivos de vergonha para ninguém. É um comentário requentado e sem sal, mas é assim mesmo que eu penso. Não adianta tentar exibir qualidades que não se tem. E falo por mim, pois meu dicionário particular é muito magrinho. Como disse Otto Lara Resebde, "sei alguns minutos de muitos assuntos. E não sei nada". Por isso, se seu vocabulário é escasso se sua cultura é mais ou "menas", cuidado ao usar palavras com que tem pouca intimidade, pois triste e até risível é alguém querer mostrar o que não é, o que não sabe. Deu para ouvir daí, Mário?
 

2 comentários:

  1. Concordo integralmente com você! Você mencionou o Eike, mas pense nos filhos que tem (podem - talvez - até ter curso universitário, mas talvez sejam uma versão piorada do pai). O Eike é um sonhador, um visionário que montou uma equação empresarial de "sucesso", só esqueceu de "combinar com os russos". E se esqueceu do principal: o "X" que imaginou ser um sinal de multiplicação e que colocou no nome de suas empresas era só uma incógnita (faltou estudo básico de matemática).

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  2. Eu conheço a história. O Eike é indiretamente responsável pela perda de parte da complementação de aposentadoria que precisarei engolir até morrer, pois contra todas as indicações técnicas, o Lula (ou a Dilma ou algum "iluminado" dos governos petistas) mandou investir a grana dos fundos de previdência privada de empresas públicas ou estatais nas empresas "X" do Eike. Esse investimento virou pó e gerou um rombo bilionário no fundo da empresa onde trabalhei. O resultado foi o desconto de quase 10% do que deveria receber mensalmente para cobrir o rombo abissal provocado pelo investimento mal feito. Ou seja, o(s) governo(s) petista(s) protagonizaram aquela piada que diz "segura na brocha que eu vou retirar a escada". E é para o resto da vida (da minha, pelo menos).

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