Talvez este não seja um texto imparcial e dois são os motivos para isso acontecer: não entendo chongas de política internacional nem tenho paciência para entender; além disso, nunca fui com a cara do Putin (se bem que no quesito "simpatia" eu dê nota zero para vários homens públicos e líderes mundiais - Putin, Biden, Maduro, Lula, Bozo, Moro, etc., etc.). Por isso, vou apenas exibir novamente meu desconhecimento sobre o atual conflito internacional. Bora lá
1969 foi o ano em que eu
estava me preparando para fazer o vestibular de engenharia. Era uma época que
poderia ser assim resumida: de casa para o cursinho, do cursinho para casa, sem
festas, sem namorada, uma dor de corno do cacete. O único alívio que tinha era
alcançado pela leitura do jornalzinho alternativo O
Pasquim, comprado religiosa e semanalmente após sair do cursinho. Não vou
falar desse jornal nem de sua equipe de colaboradores geniais. Ele só tinha um “defeito”:
criticava o regime militar através do humor afiado dos textos e charges que
publicava.
E se tem uma coisa que uma
pessoa muito formal, linha dura, autoritária ou careta não suporta é ser alvo de piadas,
críticas e deboches. Por isso, em novembro daquele ano, logo depois da posse como presidente da república do linha duríssima general Médici, toda a equipe do Pasquim foi
presa. Por qual motivo? Parece que o objetivo real era asfixiar e acabar com aquele
jornalzinho petulante e debochado (e acabaram conseguindo, algum tempo depois).
Mas, naquele momento, imediatamente após a prisão daquela cambada de vagabundos, cachaceiros, maconheiros,
comunistas ou tudo isso junto, uma espécie de “força-tarefa” composta por
profissionais de vários meios de comunicação reuniu-se e continuou a publicar o
jornaleco. A primeira capa do jornal preparado pela “força tarefa” trazia uma
imagem baseada na fábula do lobo e do cordeiro. Um dia meu irmão me pediu e eu
dei a ele esse número especialíssimo e todos os outros exemplares que guardava
do velho “Pasca”.
Fábula: O Lobo e o Cordeiro - La Fontaine (ou Esopo)
Na água limpa de um regato,
matava a sede um Cordeiro,
quando, saindo do mato,
veio um Lobo carniceiro.
Tinha a barriga vazia,
não comera o dia inteiro.
-- Como tu ousas sujar
a água que estou bebendo?
-- rosnou o Lobo, a antegozar
o almoço. – Fica sabendo
que caro vais me pagar!
-- Senhor – falou o Cordeiro –
encareço à Vossa Alteza
que me desculpeis, mas acho
que vos enganais: bebendo,
quase dez braças abaixo
de vós, nesta correnteza,
não posso sujar-vos a água.
-- Não importa. Guardo mágoa
de ti, que ano passado,
me destrataste, fingindo!
-- Mas eu nem tinha nascido.
-- Pois então foi teu irmão.
-- Não tenho irmão, Excelência.
-- Chega de argumentação.
Estou perdendo a paciência!
-- Não vos zangueis, desculpai!
-- Não foi teu irmão? Foi teu pai
ou senão foi teu avô –
disse o Lobo carniceiro.
E ao Cordeiro devorou.
Moral da história: Onde a lei não existe, ao que parece, a razão do mais forte prevalece.
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