sexta-feira, 11 de março de 2022

TRISTESSE - MILTON E MARIA RITA

 
Não sei se todas as pessoas são como eu, mas a música, algumas músicas sempre me ajudaram a expressar minha alegria e entusiasmo ou, no sentido oposto, me consolaram ou até me deixaram mais abatido ainda. Talvez por isso eu seja um péssimo fã em shows ao vivo, pois o que eu gosto mesmo é de ficar sentado, prestando atenção na melodia, nos músicos, nos arranjos, nos instrumentos. E pouco importa que seja um sambão, um pagode ou um show de rock. O que eu quero é ouvir o som que me encantou.
 
Eu sei que isso é meio bizarro, mas já aconteceu algumas vezes e talvez o interprete até note meu comportamento de múmia embalsamada (já notaram), pois nunca me interessei em dançar ou cantar junto com quem interpretava a música; o que me atrai, o que sempre me atraiu é a reprodução fiel da música que ouvi em disco. Alguns intérpretes são bons para isso. Nunca tive oportunidade de ir a um show de João Gilberto, um obcecado pelo silêncio da plateia. Se tivesse ido, meu comportamento seria tão exemplar que talvez ele me apontasse dizendo “Sigam o exemplo daquele senhor! Ele está tão imóvel que aparenta estar morto. (pausa) Será que está? Você aí do lado dele, dê uma cutucada nele para ver se reage. Reagiu? Obrigado!”
 
Já viu que Jotabê e os fãs do Gustavo Lima, Raça Negra, Tiaguinho e congêneres são como água e óleo – imiscíveis. Mas estou enrolando tanto que acabei me desviando o tema de hoje. E o tema é música (da boa!). Gosto tanto de música que 108 posts do Blogson são destinados a comentar alguma que tenha feito minha cabeça sem necessidade de elemento químico nenhum. E um dos autores que faz isso é o velho e bom Milton Nascimento (para ser sincero, velho mesmo e hoje nem tão bom assim. Como diz meu amigo virtual Marreta, “é a podridão, meu velho!”).
 
Pois bem, embora meus horários de sono não sejam hoje nem um pouco civilizados, durmo cedo (apago, para dizer a verdade) e só acordo às dez da noite para aplicar insulina em minha mulher. Por isso, a partir desse horário fico algum tempo acordado (até começar a babar de novo). E nesse período de vigília comecei a notar uma música linda que toca na série “A casa das sete mulheres”, que minha mulher assiste no canal “Viva!”. A voz ainda límpida, clara e linda do Milton divide a gravação com uma voz feminina também muito bonita.
 
Parei há muito tempo de ouvir as músicas do Milton, especialmente seus trabalhos mais recentes. Por isso, essa música era completamente desconhecida para mim. Fui pesquisar e descobri que é do Bituca e do Telo Borges (irmão do Lô Borges) e a cantora é a antipaticíssima Maria Rita (mas a gravação ficou fantástica). Por isso, o blog da solidão ampliada ganhou seu 109º post com o marcador “Música, Maestro!”. A música se chama “Tristesse” e é bonita como o diabo. Escuta aí.



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