Graças a uma casualidade própria das redes do
Facebook, acabei fazendo contato com um dos genros do meu saudoso amigo Luis
Felipe Pintão. Mandei para ele o link do primeiro dos quinze posts dedicado a
seu sogro e parece que gostou. Mas “desafiou-me” a lembrar de mais casos. O
maior problema é que já se passaram mais de vinte anos desde o tempo em que
trabalhávamos na mesma empresa. As lembranças vão ficando esmaecidas,
desbotadas, borradas como uma folha de papel impressa a jato de tinta e que foi
respingada com água. Dá para lembrar de alguma coisa, mas muitos trechos ficam
“ilegíveis”.
Apesar dessa limitação, fiquei com isso na
cabeça e acabei por me lembrar de um caso em que o protagonista não foi meu
amigo, mas um de seus irmãos (aparentemente, tão aloprados quanto ele). A
história é a seguinte:
Um de seus irmãos foi comandante de navio da
marinha mercante. Nas idas e vindas pelos mares e portos do mundo, conheceu uma
alemã, com quem se casou. Creio que fixou residência no sul do país, em cidade
com forte presença de alemães e, obviamente, de seus descendentes. Muito bem.
Um dia, foi a uma festa de aniversário de um
dos ilustres membros da colônia local, um alemão já bem velhinho. Segundo meu
amigo Pintão, depois de devidamente calibrado, seu irmão resolveu fazer um
discurso em homenagem ao aniversariante. Nenhum problema haveria nisso, não
fosse o fato do discurso ter sido feito em “alemão” e que o orador não soubesse
porra nenhuma dessa língua.
Já chapado, começou seu discurso com um entusiasmo que só aumentava, gesticulando de forma teatral e dizendo coisas desse tipo
(lembrando-me do Pintão a imitar os gestos e o discurso, peguei um texto
em alemão e saí trocando letras, só para dar a sensação de um discurso
inacreditavelmente sem noção):
Mein fichndicht dor wort dichetrch ichn
ranichr lotanicichn form thichodircich ichrrtmolr ichm einsbein ichm
rynodichn bichricht dichr päprtlichchichn nenticher???
Mein enichrt ollichrdichngr bichr hichetich, ob
domolr marlene dietrich toträchlichch da rprochich dichr wolkichr ichn dichetrchlond
(ichm dichetrichn rprochroem) gichmant wor???
As aftas ardem e doem wichnichg
dichetlichchichr wichrd das wichrbichndeng zem lond dichr dichetrchichn ichrrt
zwa johrich rpätichr...
Fohnichnflecht eod thichodichrco lichngeo
horichrlichz dichcichter an andichetichgichr bichlichg bichratr anich wondleng
won eichnsbeichn ichn zu dichetrchich prochich wollzogichn sprach wor deutsche
leben!!! Obrigado!
Segundo o Pintão, seu mano foi
entusiasticamente aplaudido (já devia estar todo mundo bêbado mesmo!). O
homenageado aproximou-se com os olhos lacrimejantes e agradeceu:
- “Fiquei muito comovido e emocionado com
suas palavras, mas confesso que não entendi nada do que o senhor disse. Imagino
que deve ter falado em um dialeto que desconheço”.
- “Claro, claro”, teria sido a provável
resposta do brother, capaz de fazer coisas tão sem noção quanto meu
amigo Pintão.
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