domingo, 14 de janeiro de 2018

EI, EI, E-MAÍL

As formas e modalidades de comunicação têm evoluído tão rapidamente que tenho dificuldade de acompanhar. Cartas, telex, fax, e-mail, convivi com tudo isso, e achava moderníssimo. O fax, por exemplo, quase me fez cair duro quando recebi um que trazia um desenho. Aquilo era maravilhoso, inacreditável!

Depois, foi a vez do e-mail. Possuir um endereço profissional era demostração de prestígio e status elevado dentro da empresa. Quase tive um orgasmo quando criaram um para mim! Infelizmente, meses depois, todos os funcionários também tiveram o seu e o status foi pro brejo.

Já aposentado, continuei utilizando e-mail pessoal (que acabou desaguando no Blogson) e resisti o quanto pude à sugestão de criar um perfil no Facebook. Quando, finalmente, concordei com a ideia, descobri que já não era a última moda e que os "peixes" que essa rede pesca hoje são, em sua maioria, pessoas mais idosas, gente que adora postar imagens de bebês fofinhos, flores encantadoras e bichinhos de estimação fazendo travessuras ou correntes de orações piedosas (não sei se consegui, mas tentei escolher palavras condizentes com a caretice dessas postagens). Os mais jovens (creio!) preferem hoje o Tweeter, Messenger, Whatsapp, Instagram ou sei lá mais o quê. Curiosamente, vivemos um paradoxo estranho: quanto maior a quantidade de opções de comunicação, pior é a qualidade do que se comunica (mas isso é papo de velho rabugento. Assim como eu).

Muito bem. Este texto serve como introdução para um e-mail pessoal enviado poucos dias antes da criação do Blogson. E é curioso observar o anacronismo quase total desse correio eletrônico. Quem hoje usa esse tipo de mídia? (a pergunta é apenas retórica!). Por isso, vale a pena (para mim, para mim!) resgatar essa mensagem das "cinzas" (sem referência aos nomes dos envolvidos) e dar a ela uma sobrevida. Vê ai.


Pessoal,
Existem realmente (perdoem-me o clichê) males que vêm para o bem. Ontem, já exasperado com os seguidos problemas que o IG tem apresentado, criei uma conta no GMAIL, que informei às pessoas de quem conheço o e-mail (vocês, no caso). De manhã, conversando com um dos filhos, foi-me perguntado o porquê do "h" no meio do e-mail. Expliquei que não tinha conseguido usar um nome mais simples.

À noite, mais um perguntou a mesma coisa. Aí expliquei de novo, mas fiquei surpreso com o significado do "h" no final de uma palavra. Foi-me dito que meu novo e-mail seria lido assim "pintó...” – e passaram a me chamar de "pintó". Achei graça, mas depois todo mundo começou a me zoar. Fiquei tão puto, que tentei criar outra conta, conforme sugeriram. A nova conta seria identificada por "jbp...”. Ao fazer essa tentativa, o Gmail informou que já existia esse e-mail e sugeriu as seguintes opções: "josebotelho804", "botelhojose58" e "jbotelho861"

Pela numeração, deduzo que já existem 803 e-mails "josebotelho", 57 "botelhojose" e 860 "jbotelho". É mole? Então, pessoal, vai continuar pintó... mesmo, ou melhor, "pintoh...". Essa é a parte ruim. A boa é que surgiu um personagem novo, alternativo ao velho "Jotabê". Esse novo cara é o Pintóh. Pela sonoridade, imagino que ele seja catalão, ou melhor, català. A sua finalidade será a de assinar as "reflexões" a que eu tinha dado o nome de "emispardim", profundas como poça d'água.

Afinal, se o Fernando Pessoa teve mais de 50 heterônimos, porque não posso ter dois? Ou, como dizia um antigo colega: “se até o Jean Jacques Rousseau, porque eu também não vou ruçar”? É isso.

(o título é uma brincadeira com o jingle do candidato à presidência Eymael ("ei, ei Eymael, um democrata cristão...")


4 comentários:

  1. Retórica ou não, respondo : Eu! Eu ainda uso e-mail. Uso com um amigo de longa data e com um primo. Na verdade, eles respondem quando eu envio algum.
    Se o Jean Jacques Rousseau, eu não sei, mas que o Conde D'eu, isso deu.

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    Respostas
    1. Esqueci de dizer o principal: o "Pintó" não vingou, pois não havia tanta idiotice para ser distribuída entre ele e o velho Jotabê (qualitativamente daria para um exército, mas quantitativamente era pouco).

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  2. Pra ser sincero, eu também utilizo, mas tão raramente que nem me lembro de olhar se foi respondido. Meu filho mais velho às vezes
    me encaminha links de um cara genial (André Barcinski), mas só descubro dias depois. É uma mudança e tanto, pois os primeiros "tijolos" para a construção do Blogson foram extraídos de e-mails (até sete por dia) que mandava para meus filhos e amigos. E, acredite, até o ladrão de Bagdá.

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