sábado, 6 de janeiro de 2018

DEIXANDO O NINHO

Tenho pensado em escrever para vocês algo como se fosse um cartão de felicitações pelo casamento. No meu caso, será um “cartão” mesmo, uma carta grande. Mas não tão grande, para que não se cansem.

O que eu quero dizer de cara, é que sim, vocês farão muita falta nas casas de onde sairão. Os pais sentem-se confortados de saber que o filho ou a filha amada continua morando com eles, mesmo que, eventualmente, passe mais tempo fora de casa. Quando os filhos casam-se, vem a certeza de que agora é pra valer, que aquela cama pode ser desmontada, aquele armário pode ser ocupado com outras coisas. A única coisa que não desocupa é a mente dos pais, com suas lembranças. Mas não se enganem, a torcida pelo novo casal é 100% a favor, a alegria de vê-los felizes supera em muito a ausência física de cada um.

E felicidade é tudo o que desejamos para vocês. Quando nós nos casamos, o padre em seu sermão disse que no casamento “um mais um é igual a um”. E ele estava certo, pois um indivíduo mais um indivíduo forma um casal. Depois, refletindo sobre isso, eu alterei um pouco a frase. Hoje, para mim, um mais um é mais que dois. Isso significa que quando dois jovens felizes se casam, espera-se que essa união os torne ainda melhores do que já eram. Até porque ninguém se casa para piorar, não é mesmo?

E essa então é a chave da história: vocês dois são como que duas galáxias distintas que se tangenciam, que se entrecruzam. Ou, lembrando a antiga matemática, a união de dois conjuntos, onde os elementos comuns são compartilhados, mas o que faltava em um é acrescentado pelo outro.

Deixando a viagem na maionese de lado, o que eu realmente quero dizer é que fiquei fascinado nos últimos meses com o carinho que tiveram com os detalhes, com os menores e mais surpreendentes detalhes de cada momento da cerimônia, um carinho e um cuidado de ourives ao lapidar uma pedra muito preciosa. Uso como exemplo a preocupação com o convite, com a fonte utilizada, essas coisas. Mas a cerimônia é apenas o ponto de partida de uma vida em comum que todos desejam que seja longa, eterna. Por isso, é importante, é importantíssimo que esse cuidado, esse carinho sejam estendidos ao dia a dia do casal. Se vocês dedicarem apenas 10% do tempo, pensamentos, carinho e preocupação que tiveram com todos os detalhes e etapas da cerimônia para cuidar do cotidiano, da convivência diária, o casamento de vocês será o mais feliz de todos.

Outra coisa essencial: brigas ou desentendimentos poderão surgir, a raiva poderá ser expressa, mas jamais deixem que o rancor ou a mágoa se instalem, porque a raiva passa rapidinho, mas a mágoa e principalmente o rancor, são mais difíceis de tratar, de remover. E respeito mútuo, o respeito pelas singularidades de cada um é absolutamente vital, fundamentalíssimo. Sem ele, o casamento pode perder o brilho, ficar meio embaçado.

Para Ele, ela é uma joia rara. Para Ela, ele também deve ser. E joias devem ser tratadas com carinho e cuidado. Então, todo cuidado, todo carinho, todo amor é pouco para manter sempre o brilho que vejo nos olhares de vocês, um brilho que certamente é o reflexo da joia que cada um enxerga no outro.

Eu sempre desejei que nossos filhos encontrassem alguém que provocasse neles o mesmo encantamento que meu Amor me causou e causa até hoje. Sempre sonhei que amassem e se sentissem amados como eu amo e sinto-me amado por minha eterna menina. E me alegro por perceber que isso mais uma vez aconteceu. Porque sem amor um casamento será apenas um contrato social, com fundamentação legal, mas não sobreviverá muito tempo.

Por isso, meus filhos, o que eu desejo, torço e rezo é para que vocês zelem pelo seu relacionamento com a mesma atenção, dedicação e cuidado que dedicaram e ainda estão dedicando, incansavelmente, à cerimônia do casamento. E que vocês sejam sempre, para sempre felizes, muito felizes. E essa é a torcida de todo mundo!

Beijos
Zé (2009).

(os nomes e apelidos foram suprimidos por respeito à privacidade alheia)

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