sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

RADIOGRAFIA

Cápsula do tempo enterrada
Mensagem em garrafa no mar
Folha-flor guardada em livro
Graffiti em prédio abandonado
Carta na posta restante

Ferro corroído pelo tempo
Vidro quebrado na rebentação
Páginas manchadas pela seiva
Pichações sobrepostas em parede
Documento não procurado

Sonho não concretizado
Socorro não atendido
Lembranças esquecidas
Reboco quebrado em caçamba
Destinatário ignorado

Desejo manifesto
Vontade irrealizada
Comunicação interrompida
Solidão ampliada
Blogson Crusoe 

6 comentários:

  1. Bom pra caralho, JB!!! Gostei, especialmente, do toque da "posta-restante". Quem, além de você e de mim, sabe o que é a posta-restante? Só o Chico Buarque :
    https://www.vagalume.com.br/chico-buarque/futuros-amantes.html

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado! A música do Chico é lindíssima. Este texto surgiu assim do nada, talvez motivado por estar pensando em "arrumar as malas". Tenho tido pouquíssima vontade de escrever alguma coisa para o blog. E um dos motivos é o fato de estar me repetindo muito. às vezes tenho um espasmo e posto uma frase que acabei de postar no Facebook. Ou seja, o ar está cada vez mais rarefeito e a choradeira cada vez maior.

      Excluir
    2. Sem essa de arrumar as malas. Sei como é essa sensação, eu também fico me repetindo à exaustão lá no Marreta, mas, de alguma forma, acho que precisamos disso, JB. E sempre podemos ver a coisa por outro lado : na verdade, nós não nos repetimos, temos um estilo próprio!

      Excluir
    3. Valeu pela força, mas não tenho nada programado, Estou mais ou menos como naquela música do Vitor Martins na época da separação do Ivan Lins (corneado) e Lucinha Lins: "você foi saindo de mim devagar e pra sempre, de uma forma sincera, definitivamente". O Blogson está saindo de mim e eu estou saindo do blog. Está acontecendo isso na minha mente.

      Excluir
  2. Sensações é o que temos, JB.

    "Quer o destino que eu não creia no destino
    E o meu fado é nem ter fado nenhum
    Cantá-lo bem sem sequer o ter sentido
    Senti-lo como ninguém, mas não ter sentido algum

    Ai que tristeza, esta minha alegria
    Ai que alegria, esta tão grande tristeza
    Esperar que um dia eu não espere mais um dia
    Por aquele que nunca vem e que aqui esteve presente

    Ai que saudade
    Que eu tenho de ter saudade
    Saudades de ter alguém
    Que aqui está e não existe
    Sentir-me triste
    Só por me sentir tão bem
    E alegre sentir-me bem
    Só por eu andar tão triste

    Ai se eu pudesse não cantar "ai se eu pudesse"
    E lamentasse não ter mais nenhum lamento
    Talvez ouvisse no silêncio que fizesse
    Uma voz que fosse minha cantar alguém cá dentro

    Ai que desgraça esta sorte que me assiste
    Ai mas que sorte eu viver tão desgraçada
    Na incerteza que nada mais certo existe
    Além da grande certeza de não estar certa de nada"

    "J"

    ResponderExcluir

ESTRELA DE BELÉM, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...