quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

LEMBRANÇAS ESPARSAS


LEMBRANÇAS ESPARSAS
Recentemente, conversando sobre meu falecido amigo Pintão, lembrei-me de dois casos que ele me contou quando trabalhávamos na mesma empresa. Por serem muito curtos, resolvi deixá-los de fora quando resolvi registrar as histórias hilárias que nos contou ao longo do tempo. Bora lá.

Meu amigo ficou viúvo muito moço. Um dia, provavelmente conversando sobre nossa descrença no espiritismo e afins, ele contou um caso ocorrido quando já estava casado novamente (com uma senhora simpaticíssima). Como era um autêntico bibliófilo, converteu um dos cômodos da casa em biblioteca, onde ficavam expostos e organizados em prateleiras metálicas seus amados livros (mais de cinco mil). Provavelmente, um lugar onde passava a maior parte de suas horas de folga.

Era dia de seu aniversário e ele estava sentado nessa biblioteca quando, sem nenhuma explicação plausível (rajada de vento, netos ou filhos brincando de esconde-esconde, ratos ou gatos, tremor de terra, etc.), um livro caiu da estante. Levantou-se, apanhou o livro para recolocá-lo no lugar quando viu que era um livro dado a ele de presente de aniversário por sua primeira esposa. E tinha uma dedicatória que era algo assim: “para o meu amado (ou ‘querido’) Luiz Felipe, etc.”. Surpreso com a coincidência, teria murmurado “Obrigado, Silvinha”.

E ficamos ali, pensando sobre os mistérios e coincidências do mundo. Esse caso, tão delicado e íntimo, eu preferi nunca registrar, pois era muito, muito pessoal. Hoje, passados tantos anos desde seu falecimento, achei que seria mais uma oportunidade para homenagear sua lembrança e de mantê-lo “vivo”.


HAJA CU!
A desvantagem de contar lembranças é a chance de já tê-las contado antes e não se lembrar disso. É outro caso “made in” Pintão. Trata-se de um episódio acontecido durante o Estado Novo com o pai de um de seus amigos de juventude. O sujeito chamava-se Alberto Jacoud. Sabe lá Deus por qual motivo, mandou um telegrama irônico para o Getúlio Vargas com essa mensagem: “Estou com a ditadura. A. Jacoud”. O trocadilho sacana teria rendido ao pai de seu amigo alguns meses na cadeia.


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