quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

TWEETS PARA O FACEBOOK

A COISA ESTÁ FEIA!
Esta notícia foi publicada em 30/01/2018 pelo site do Jornal do Brasil:

Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e pai da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), se pronunciou no Twitter sobre o polêmico vídeo de sua filha, no qual se defende das acusações sobre condenação da Justiça do Trabalho. Jefferson afirma que "uma figura pública deve se portar como uma figura pública, e usar ferramentas como Facebook e Instagram apenas em caráter institucional", numa clara repreensão à publicação de Cristiane Brasil.

Que lição se tira disso? Quando uma pessoa moralmente condenável dá lição de moral a uma filha é porque a situação no país está feia mesmo. 


AMERICAN WAY
Mineiro, depois de muitos anos morando nos USA, deve voltar impregnado do "American Uai of Life". 


TWEET PARA O FACEBOOK
A hashtag #FORATEMER! já cansou. Agora, a hashtag da moda é #LULADENTRO! (da prisão, lógico)


terça-feira, 30 de janeiro de 2018

BRAIN - AUTOR DESCONHECIDO

Eu já disse que só respeito a inteligência. E quem bolou esta imagem é inteligente pracaraleo. Infelizmente (pra variar), não sei quem é o autor, mas presto total reverência a ele.


CONFABULANDO

Esta é uma história do tempo em que os animais não mais falavam. Sim, porque houve um tempo em que todos os animais falavam! Linguagem fluente, vocabulário sofisticado, altos papos. Isso poderia ser legal, mas a questão é que falavam muito, o tempo todo. Rolava a maior fofoca, o maior disse me disse, quem comia quem, etc. Além do mais, o problema é que cada espécie recusava-se a falar outra língua que não a sua própria, criando com isso uma verdadeira pré-Babel.

Como ninguém se entendia mesmo, Deus ficou de saco cheio daquela zoeira e, irritado, cortou o barato da bicharada (Deus quando se irrita é pedreira!). Para acabar com aquela algaravia, fez com que as espécies passassem a emitir apenas alguns ruídos e sons esporadicamente, Obviamente, só inteligíveis entre os membros da mesma espécie. Abriu apenas duas exceções: deixou o dom da fala para o homo bíblicus e para as bestas quadradas, criados ambos à Sua imagem e dessemelhança.

Não demorou muito para Deus concluir (sabe tudo!) que essas duas criaturas eram apenas subespécies do que Ele mesmo convencionou chamar de Homo Sapiens, o que facilitou muito o trabalho de classificação segundo o sistema criado milênios depois por Carolus Linnaeus, o velho e bom Lineu.

O maior dos problemas advindos dessa junção é que as bestas quadradas, com sua natural vocação para se comunicar usando linguagem engravatada, empolada e cerimonialesca começaram a botar suas manguinhas de fora e a se movimentar de forma seletiva. Templos, igrejas e igrejinhas tornaram-se seu ponto de atração, seu objeto de desejo.

Pelo prazer de sempre se envolver em conchavos, negociatas e conversas de pé do ouvido, fizeram seus ninhos em gabinetes, palácios, paços e assemelhados, sempre confabulando. Por se expressarem através de palavras de ordem, fazendo exortações, discursos e invocações, foram ocupando postos chave e de liderança de todos os tipos, usando para isso tribunas, púlpitos, tribunais, altares e estádios.

Espalharam-se como praga por todos os lados, para todos os quatro cantos de um mundo redondo, sempre fazendo a maior zona. Eis a razão de o mundo ser essa merda que é hoje.

Antes que ninguém me pergunte, já informo: os últimos homo bíblicus foram extintos há dois mil anos, mas seus relacionamentos, suas muitas interações e intercursos com as bestas quadradas acabaram gerando híbridos que compõem o resto da população que rala por aí.

E apesar de alguns dizerem que Deus é brasileiro, imagino que Ele tem dado pelo menos meio expediente em outra galáxia, em algum planeta que está começando, tentando não repetir seu pecado, ou melhor, seu vacilo original.

Moral da história: Que moral, caramba? Está pensando que isso aqui é fábula?

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

MARCHINHAS DE CARNAVAL - AUTOR DESCONHECIDO

Este é mais um post bem sacado que circulou no Facebook. Para variar, desconheço quem é o autor, o que é uma pena. Mas ainda bem que os politicamente incorretos não foram extintos. Olhaí.

ATENÇÃO!!
CARNAVAL 2018
Marchinhas que estão Canceladas!
Motivos: Incentivo a práticas condenáveis ou criminosas

- Me dá um dinheiro aí - ASSALTO;
- O Teu cabelo não nega - RACISMO;
- Cabeleira do Zezé - HOMOFOBIA;
- Você pensa que Cachaça é Água - Alcoólicos Anônimos reagiram;
- Bandeira Branca - TRÁFICO;
- Máscara Negra - BLACK BLOCKS;
- Vou Beijar-te Agora - ASSÉDIO;
- A Turma só me Chama de Palhaço - BULLYING;
- Você tem que me dar seu coração - CRIME PASSIONAL;
- Maria Sapatão - APOLOGIA GAY FELICIANA;
- Índio quer apito, se não der, pau vai comer - EXTORSÃO;
- Cidade Maravilhosa - CALÚNIA !!!
- A Pipa do Vovô não sobe mais - BULLYING COM IDOSOS

domingo, 28 de janeiro de 2018

PREZADO CARAMURU

Prezado Caramuru
– tão caro para os amigos
que já traz no nome o valor
próprio – conviver com você
é privilégio, alegria.

Verte a Vida em prosa e poesia
que registra com cultura,
savoir faire, sabedoria.

Troca meu nome, mas não ligo
(antevejo o sorriso de ironia)
– que é coisa mesmo de inimigo.

Mas comemora-se hoje o seu dia,
e só isso bastaria
para desejar a um desafeto
tudo de bom que eu poderia:
os cumprimentos de um amigo
ao seu melhor inimigo.

Parabéns!!!

ANZOL NA REDE

Meu cérebro é preguiçoso e se cansa rápido ao tentar construir raciocínios longos e elaborados, mas admiro quem consegue fazer isso (o Marreta é muito bom nisso). Comigo a coisa funciona mais como espasmo de moribundo. Por isso, às vezes surgem pensamentos curtos (de qualidade também) que jogo no Facebook, esperando pegar algum leitor no anzol. Na falta de coisa melhor, aí vão os exemplos mais recentes:


Antigamente dizia-se que OAS significava “Obras Arranjadas pelo Sogro”. Hoje significa “Obras no Apartamento do Sacana”. (O "sogro", no caso, era o Antônio Carlos Magalhães)


Preciso confessar uma coisa: EU AMO LULA!!! (fica bom demais em uma paella!)


"Analfabeto político" é todo aquele que não segue o nosso credo ideológico.


Estou achando que "Etiópia" é sinônimo de "PQP"!


Não entendo por que existem tantas pessoas que não gostam de LER. Talvez achem que isso significa Lesão por Esforço Repetitivo.


A LÓGICA DO “TIPREX/TRIPEX/TIPLEX/TLIPREX” ETC. – AUTOR DESCONHECIDO

Este post está circulando no Facebook e achei divertidíssimo. Infelizmente, não sei quem é o autor. Olhaí.


sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

SERVIÇO DE INUTILIDADE PÚBLICA - 02

Sabem quantos partidos registrados no TSE existem no Brasil? 35. Sabem quantos têm representantes no Congresso? 26. Sabem o “estilão” de cada um? A Wikipédia tem um verbete para cada um. Suponho que foram escritos por afiliados de cada um deles. Sabem o nome deste post? SERVIÇO DE INUTILIDADE PÚBLICA. Olhaí.


SEM ALÇA

Quando eu vejo o Temer falando na televisão, penso com meus borbotões: “Que mala!” Se em público é assim, na intimidade dólar deve ser igualzinho. Deve ser por esse motivo que o Geddel e o Loures aproximaram-se dele. Questão de identificação, pois os dois já demonstraram gostar muito de mala.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

EI, EI, E-MAÍL - A REVANCHE



Antigamente a alternância de comportamentos "maníacos" e "depressivos" era conhecida como  "psicose maníaco-depressiva". Sabe lá Deus por quê, creio que mudaram para "transtorno bipolar". Para um leigo como eu, aparentemente teria ficado tudo igual, exceto o fato de que essa "bipolaridade" (que eu acredito ter um pouco) me fez buscar lá na velha Física a imagem de "corrente alternada", para explicar o ping-pong do meu humor, do meu oscilante estado emocional.

O motivo dessa xaropada inicial é o resgate de um e-mail antigão, escrito e enviado para umas dez pessoas, um ou dois dias depois de ter encaminhado aquele que gerou o post "Ei, ei e-maíl". Sinceramente falando, esse tipo de coisa só interessaria a mim mesmo, "presidente do próprio umbigo". Mas, passados mais de três anos de seu envio, eu me divirto e me constranjo ao tentar imaginar o que os destinatários (especialmente meus filhos) pensavam ao testemunhar uma oscilação de humor tão rápida e tão frequente. E pensar que eu não quis fazer Psicologia por achar que não estava com a cabeça muito boa! Mais uma mensagem para a posta restante. Poderia ter escolhido para título deste post o nome "Corrente alternada", mas preferi "Ei, ei e-maíl - a revanche", para não perder o vínculo com o texto anterior.

   
Ô, gente, mas que vergonha! Normalmente, depois que encaminho um e-mail para vocês, releio para ver se alguma coisa passou batida, se havia alguma forma mais legal de dizer, etc.

Hoje, depois de reler o “Ei, ei e-,maíl”, eu gelei de vergonha. Eu sempre faço questão de me expor ao ridículo mais absoluto porque isso me diverte (claro que meus filhos devem odiar). O problema é que dessa vez eu errei a mão e, em vez de achar graça (sou muito autoindulgente), eu senti vergonha, principalmente ao inserir um novo personagem no comentário final, que é sempre uma tentativa de fazer a última gracinha. Ou seja, ao deixar de ser ridículo propositalmente, eu ultrapassei a última barreira do bom senso, pois consegui ser apenas patético, sem que me desse conta disso. O texto – que já era uma bosta – ficou repulsivo com o novo personagem.

Eu comecei a usar o “Jotabê” de sacanagem, pois conheço um sujeito idiota que conta (ou contava) vantagem usando o apelido na terceira pessoa – “Porque o Pepeu fez isso assim assim”, “O Pepeu ganha tanto” e por aí vai. Eu sempre achei isso uma pobreza só, o mesmo que sinto em relação ao Pelé quando faz a mesma coisa. Então, não fazia sentido eu querer criar um novo personagem só para “fazer reflexões”. Isso é falta absoluta de senso de ridículo ou de esquizofrenia, coisa que eu creio não ter, ou um caso claro de dupla personalidade, logo eu que não tenho nenhuma! (piadinha).

Todas as bobagens que escrevo são essencialmente jotabê, ou, melhor, são assim porque é assim que eu sou – sem noção, “boca suja”, pretensioso, ridículo. Enfim o que todo mundo que me conhece já sabe. O que eu tento sempre é me comunicar com as pessoas de quem gosto (muito) e que estão distantes de mim. E, por não ter nenhuma novidade para contar, registro as coisas que pipocam na minha cabeça.

Bom, foi mal, foi péssimo, foi horrível. Deixa o “Pintòh” no lugar de onde ele nunca deveria ter saído: só no endereço de e-mail.

NO TRIBUNAL


segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

FESTA NA COLÔNIA

Graças a uma casualidade própria das redes do Facebook, acabei fazendo contato com um dos genros do meu saudoso amigo Luis Felipe Pintão. Mandei para ele o link do primeiro dos quinze posts dedicado a seu sogro e parece que gostou. Mas “desafiou-me” a lembrar de mais casos. O maior problema é que já se passaram mais de vinte anos desde o tempo em que trabalhávamos na mesma empresa. As lembranças vão ficando esmaecidas, desbotadas, borradas como uma folha de papel impressa a jato de tinta e que foi respingada com água. Dá para lembrar de alguma coisa, mas muitos trechos ficam “ilegíveis”.

Apesar dessa limitação, fiquei com isso na cabeça e acabei por me lembrar de um caso em que o protagonista não foi meu amigo, mas um de seus irmãos (aparentemente, tão aloprados quanto ele). A história é a seguinte:


Um de seus irmãos foi comandante de navio da marinha mercante. Nas idas e vindas pelos mares e portos do mundo, conheceu uma alemã, com quem se casou. Creio que fixou residência no sul do país, em cidade com forte presença de alemães e, obviamente, de seus descendentes. Muito bem.

Um dia, foi a uma festa de aniversário de um dos ilustres membros da colônia local, um alemão já bem velhinho. Segundo meu amigo Pintão, depois de devidamente calibrado, seu irmão resolveu fazer um discurso em homenagem ao aniversariante. Nenhum problema haveria nisso, não fosse o fato do discurso ter sido feito em “alemão” e que o orador não soubesse porra nenhuma dessa língua.

Já chapado, começou seu discurso com um entusiasmo que só aumentava, gesticulando de forma teatral e dizendo coisas desse tipo (lembrando-me do Pintão a imitar os gestos e o discurso, peguei um texto em alemão e saí trocando letras, só para dar a sensação de um discurso inacreditavelmente sem noção):

Mein fichndicht dor wort dichetrch ichn ranichr lotanicichn form thichodircich ichrrtmolr ichm einsbein ichm rynodichn bichricht dichr päprtlichchichn nenticher???
Mein enichrt ollichrdichngr bichr hichetich, ob domolr marlene dietrich toträchlichch da rprochich dichr wolkichr ichn dichetrchlond (ichm dichetrichn rprochroem) gichmant wor???
As aftas ardem e doem wichnichg dichetlichchichr wichrd das wichrbichndeng zem lond dichr dichetrchichn ichrrt zwa johrich rpätichr...
Fohnichnflecht eod thichodichrco lichngeo horichrlichz dichcichter an andichetichgichr bichlichg bichratr anich wondleng won eichnsbeichn ichn zu dichetrchich prochich wollzogichn sprach wor deutsche leben!!! Obrigado!

Segundo o Pintão, seu mano foi entusiasticamente aplaudido (já devia estar todo mundo bêbado mesmo!). O homenageado aproximou-se com os olhos lacrimejantes e agradeceu:

- “Fiquei muito comovido e emocionado com suas palavras, mas confesso que não entendi nada do que o senhor disse. Imagino que deve ter falado em um dialeto que desconheço”.

- “Claro, claro”, teria sido a provável resposta do brother, capaz de fazer coisas tão sem noção quanto meu amigo Pintão.


SURDEZ FUNCIONAL

Tenho 67 anos e estou cada vez mais distraído e surdo. O presidente Temer tem 77 e deve estar do mesmo jeito ou até pior. Só pode ser essa a explicação para alguns de seus desejos e decisões. "Tá que nem a véia surda da praça"!

Por exemplo, alguém deve ter comentado com ele que “A filha do Roberto Jeferson foi condenada em ação trabalhista”. Aí ele deve ter ouvido “A Filha do Roberto Jeferson glo glo glo glo Trabalhista”. E deve ter respondido alguma coisa assim:
- “É mesmo? Boa! Vou nomeá-la ministra do Trabalho!”

 E por aí vai. Só pode ser surdez e falta de atenção! E a solução é tipo “Interdisom, para quem NÃO escuta NEM entende bem as palavras”.

domingo, 21 de janeiro de 2018

MENSAGEM NA GARRAFA

Olá, meninas,
Quem diria que já estão prestes a fazer quinze anos! Como o tempo passa! Tudo bem, já imagino a cara de espanto e o risinho de cumplicidade que estão dando ao ler isto. Afinal, todo mundo deve estar falando isso com vocês. Mas, é sério, fico tentando imaginar tudo o que pode ter passado em suas cabeças nesses anos todos. Falando assim até parece que já se passaram cem anos desde que nasceram, mas foram apenas quinze! O que significa que terão ainda muitos aniversários a comemorar, muitas paixões a sentir, poucas desilusões amorosas a sofrer (assim espero, mas não tenho tanta certeza), muitas alegrias e tristezas também, pois fazem parte da experiência humana.

Mas, acima de tudo, espero que tenham sempre muita Felicidade, assim mesmo, com "F" maiúsculo e no singular. Porque alegrias e tristezas podem ser muitas e por vários motivos, mas Felicidade é um sentimento único que vem de dentro, não precisa de plural. Esta é minha opinião, mas sou velho e talvez esteja errado, talvez tenha me enganado a vida toda. Mas não quero falar de mim, pois quem vai fazer aniversário são vocês. E é isso que importa. 

Imagino que nesses quinze anos seu pai e sua mãe fizeram todo o possível para dar o melhor de tudo para vocês, mas, principalmente, devem ter sempre demonstrado o imenso amor que sentem (e que  sempre sentirão) por vocês, pois isso é o melhor que os pais podem e devem fazer.

Eu conheço seus pais há muito tempo e sei que vocês não poderiam ter pais melhores. E isso não é força de expressão. Podem acreditar, vocês têm os melhores pais do mundo, pois eles foram e são os melhores filhos que um pai ou uma mãe poderia desejar ter. Então, não tem erro: filhos bons viram pais sensacionais.

Mas, falemos de vocês mais um pouco (eu tenho a mania de mudar de assunto o tempo todo!). Não tenho dúvida que estudam em um super colégio, já fizeram muitas coisas legais, viajaram bastante, conheceram "aqueles" garotos boa pinta (“boa pinta” é sinônimo de "lindo", entenderam? Lembrando: sou velho, minha linguagem é de velho, não sei como se fala hoje). Quando eu era novo, o sujeito "boa pinta" era chamado de "pão" pelas meninas, o que falando sério, é muito ridículo. Mas estou divagando muito. O que eu queria dizer é que desejo a vocês todas as alegrias que a Vida pode reservar, hoje e sempre. E espero que esse aniversário deixe um baú de boas, de ótimas recordações. 

Só há uma coisa que me entristece um pouco: talvez eu não possa estar presente na festa de vocês que, tenho certeza, será espetacular. E o motivo da minha eventual ausência é o fato de ter hoje sessenta e sete anos (muito velho!). Como vocês ainda nem nasceram, quando fizerem quinze anos eu estarei com oitenta e dois (mais velho ainda! Ou, talvez, quem sabe, nem esteja mais vivo...). Mesmo assim, quero já deixar registrado meu desejo e meu sonho de no dia em que comemorarem o aniversário de quinze anos –, eu possa dar o abraço mais carinhoso que um avô poderia dar em suas netas (sem babar nos vestidos!).
Beijão. Seu avô ;)
Janeiro de 2017


sábado, 20 de janeiro de 2018

POSTA RESTANTE

Por absoluta falta de assunto, mas falta mesmo, resolvi transformar em posts as cartas, e-mails e mensagens que escrevi para algumas pessoas (mesmo que nem sempre tivessem sido encaminhadas ou entregues). A desculpa utilizada foi a de serem peças que completariam meu puzzle pessoal. Mesmo que possa ter fundamento, fica a pergunta: quem se interessa por isso? A resposta mais óbvia parece ser “Ninguém”. Então, é falta de assunto mesmo.

Mesmo assim, resolvi começar com esse passatempo. A primeira providência foi arranjar um título “inteligente” para a nova seção. O nome escolhido foi “Palavras Cruzadas” (que magavilha!). O segundo passo foi migrar para a nova seção mensagens e cartas que estavam abrigadas nas seções que já existiam.

Muito bem. De uns tempos para cá tenho pensado em abandonar o blog à própria (falta de) sorte, pois percebo que não tenho mais nada de original, relevante ou engraçado para dizer. Pois, quando escrevo alguma coisa, sempre tenho a sensação de estar me repetindo ou transformando o Blogson no “muro das lamentações de Jotabê”. E fica chato, perde a graça, torna-se um déjà vu desagradável.

Com esses pensamentos na cabeça, escrevi o post “Radiografia”, elogiado por meu amigo virtual Marreta. Claro que fiquei feliz com os comentários, especialmente quando se referiu à expressão “posta restante”. Aí resolvi (mais uma vez!) trocar o nome da seção recém-criada, de “Palavras Cruzadas” para “Posta Restante”.

Ainda que possa parecer mais um capricho idiota, a mudança traz uma novidade e uma certeza. A novidade é que todos os textos criados para explicar o blog, anteriormente indexados na seção “Entendendo o Blog”, por serem eles próprios um tipo de mensagem a algum leitor desavisado, serão transferidos para seção renomeada.

E a certeza é que estão sendo realizados os últimos movimentos no Blogson, que está com toda cara de que vai ficar inativo, em coma induzido, à espera que novas esperanças, novas motivações o façam ressuscitar. Pode parecer que acontecerá a “segunda morte” do Blogson, mas não. O que está acontecendo é alguma coisa parecida com abandono de idoso pela família.


Esqueci-me de dizer o porquê da escolha do novo nome para a seção recém-criada (e que também é o título deste post). “Posta Restante” é o sistema de entrega de correspondência enviada a uma agência de correio, onde fica aguardando que alguém vá buscá-la. Também identifica o setor onde essas cartas ficam guardadas. Distritos e localidades rurais e distantes utilizam esse tipo de serviço. Apesar de o Blogson ser todo ele uma verdadeira posta restante (fiquei tentado a trocar o p por b, mas resisti), o nome será utilizado apenas na seção de cartas e mensagens, sejam elas reais ou fictícias. Além do mais “Palavras Cruzadas” pressupõe troca de mensagens, interação, coisas praticamente inexistentes no blog. Ok, robô?   

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

RADIOGRAFIA

Cápsula do tempo enterrada
Mensagem em garrafa no mar
Folha-flor guardada em livro
Graffiti em prédio abandonado
Carta na posta restante

Ferro corroído pelo tempo
Vidro quebrado na rebentação
Páginas manchadas pela seiva
Pichações sobrepostas em parede
Documento não procurado

Sonho não concretizado
Socorro não atendido
Lembranças esquecidas
Reboco quebrado em caçamba
Destinatário ignorado

Desejo manifesto
Vontade irrealizada
Comunicação interrompida
Solidão ampliada
Blogson Crusoe 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

O QUE APRENDI SOBRE OS MINEIROS CASANDO COM UMA MINEIRA - FABRÍCIO CARPINEJAR

O texto a seguir foi “capturado” por mim no Facebook. Foi originalmente publicado no jornal “Estado de Minas” em 12/12/2017 e seu autor é o poeta e cronista Fabrício Carpinejar, agora morador de BH. Mesmo não fazendo o tipo bairrista, gostei tanto que resolvi postá-lo no blog. Afinal, um pouco de qualidade literária de vez em quando nunca é demais mal. Olhaí.


"Mineiro gosta de vento. O vento em Belo Horizonte é pássaro sem gaiola, é ave solta.
Mineiro continua acreditando na janela aberta, na brisa do entardecer, que o clima vai refrescar de noite.
Não é fã de ar-condicionado. O vento deve estar livre para surpreender as pálpebras, jamais enjaulado em um controle remoto.
Mineiro respeita a chuva, para lavar as mágoas e levar as tristezas embora.
Mineiro gosta de beber, bem mais que o carioca, porque não precisa de praia para ter motivo.
Mineiro gosta de morro, pois a ladeira treina o suspiro. E subindo ele encontra as melhores paisagens.
Todo mineiro, no alto de um prédio, procura a sua casa. E aponta com o orgulho para os filhos: é lá que moramos.
Mineiro gosta de juntar doce com salgado, queijo com goiabada, para se deliciar com os contrastes.
Mineiro gosta de trem, a ponto de construir ferrovias na fala. Não acaba uma conversa, desembarca de uma conversa.
Mineiro gosta da loucura do futebol. Comemora o título duas vezes: uma em nome de seu clube e outra para debochar do adversário.
Mineiro gosta de família. A família não tem fim. Até hoje não conheci a família inteira de minha esposa. Sempre aparece alguém novo nas festas – um primo, um tio, uma tia.
Mineiro gosta de quem cumprimenta olhando nos olhos. As palavras têm queixo erguido e honra.
Mineiro gosta de agradar com comida. Sempre leva um lanche para repartir com os colegas no emprego – um bolo, pãozinho caseiro, um doce de mãe.
Mineiro gosta de sobremesa, para recomeçar o almoço.
Mineiro gosta de expressões compridas, para estalar a língua no céu da boca.
Mineiro gosta de namorar. Quando o casamento dá certo, ele chama de namoro. Quando o casamento dá errado, ele chama de casamento mesmo.
Mineiro gosta de dizer tudo joia, vive brilhando os olhos em sua joalheria de lembranças.
Mineiro gosta da benção de pessoas mais velhas.
Mineiro gosta de trânsito, de ver as pessoas passando das janelas dos carros e das varandas dos prédios.
Mineiro gosta de praças, e praças que tenham o coração de um coreto.
Mineiro gosta de atravessar o silêncio estranho das avenidas, no retorno das festas.
Mineiro gosta de tirar os sapatos para longe quando chega em casa – os sapatos são cachorros dormindo debaixo dos móveis.
Mineiro gosta de emendar programas, juntar saídas, prolongar passeios, para criar saudade do lar.
Mineiro gosta de comemorar aniversário por vários dias. Se é para envelhecer, que seja com vontade.
Mineiro gosta de velório, para elogiar os seus mortos e recomendá-los aos anjos.
Mineiro gosta de batizado, para reclamar que foi muito longo.
Mineiro gosta de trabalho, para passar adiante um telefone fixo aos amigos. Ele ainda conserva o orgulho do cartão de visita.
Mineiro gosta de piadas inspiradas em fatos reais.
Mineiro gosta de fazer o caminho mais longo para provar que não é preguiçoso. Vai devagar pelo prazer da estrada.
Mineiro gosta de acordar cedo no fim de semana, só para contrariar as normas.
Mineiro gosta de sorvete para a língua disputar corrida com o sol.
Mineiro gosta de torresmo, para testar os dentes.
Mineiro gosta de cafezinho passado na hora, para se sentir visita.
Mineiro gosta de se explicar direitinho, nunca é direto.
Mineiro gosta de filmes sem legendas, nada de ironias, sarcasmo, ambiguidades. É ou não é.
Mineiro gosta do choro de uma viola, para homenagear os galos dos quintais da infância.
Mineiro gosta de ir a reunião de condomínio, só para ninguém fazer fofoca dele.
Mineiro gosta de santos, para não sobrecarregar Deus e socializar os pequenos milagres.
Só um mineiro para entender o quanto a capital Belo Horizonte é o interior de Minas."


LEMBRANÇAS ESPARSAS


LEMBRANÇAS ESPARSAS
Recentemente, conversando sobre meu falecido amigo Pintão, lembrei-me de dois casos que ele me contou quando trabalhávamos na mesma empresa. Por serem muito curtos, resolvi deixá-los de fora quando resolvi registrar as histórias hilárias que nos contou ao longo do tempo. Bora lá.

Meu amigo ficou viúvo muito moço. Um dia, provavelmente conversando sobre nossa descrença no espiritismo e afins, ele contou um caso ocorrido quando já estava casado novamente (com uma senhora simpaticíssima). Como era um autêntico bibliófilo, converteu um dos cômodos da casa em biblioteca, onde ficavam expostos e organizados em prateleiras metálicas seus amados livros (mais de cinco mil). Provavelmente, um lugar onde passava a maior parte de suas horas de folga.

Era dia de seu aniversário e ele estava sentado nessa biblioteca quando, sem nenhuma explicação plausível (rajada de vento, netos ou filhos brincando de esconde-esconde, ratos ou gatos, tremor de terra, etc.), um livro caiu da estante. Levantou-se, apanhou o livro para recolocá-lo no lugar quando viu que era um livro dado a ele de presente de aniversário por sua primeira esposa. E tinha uma dedicatória que era algo assim: “para o meu amado (ou ‘querido’) Luiz Felipe, etc.”. Surpreso com a coincidência, teria murmurado “Obrigado, Silvinha”.

E ficamos ali, pensando sobre os mistérios e coincidências do mundo. Esse caso, tão delicado e íntimo, eu preferi nunca registrar, pois era muito, muito pessoal. Hoje, passados tantos anos desde seu falecimento, achei que seria mais uma oportunidade para homenagear sua lembrança e de mantê-lo “vivo”.


HAJA CU!
A desvantagem de contar lembranças é a chance de já tê-las contado antes e não se lembrar disso. É outro caso “made in” Pintão. Trata-se de um episódio acontecido durante o Estado Novo com o pai de um de seus amigos de juventude. O sujeito chamava-se Alberto Jacoud. Sabe lá Deus por qual motivo, mandou um telegrama irônico para o Getúlio Vargas com essa mensagem: “Estou com a ditadura. A. Jacoud”. O trocadilho sacana teria rendido ao pai de seu amigo alguns meses na cadeia.


ESQUENTA


Com o Carnaval se aproximando, ocorreu-me a ideia de que o pessoal da Esquerda se acha tão superior, tão dono da Verdade, tão do lado do Bem (em linguagem um pouco mais castiça: tão “fodástico”), que é como se pertencessem a uma Escola de Samba do Grupo A, do Rio de Janeiro, enquanto a moçada de Centro ou de Direita seria, no máximo, um bloco de rua, daqueles bem fuleiros.

“Tanto riso, oh quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão...”

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

NOÉ


A LISTA - OSWALDO MONTENEGRO

Pois é...

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber


Quantas…


segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

UPGRADE

Quando fiz cinquenta anos
Comecei a pensar na velhice,
Nas dores, perplexidades e angústias
Que chegavam com ela,
Quando fiz cinquenta anos.

Hoje tenho sessenta e sete anos
E a velhice não me incomoda mais.
Agora eu flerto com a morte
E com as certezas que a acompanham,
Pois tenho sessenta e sete anos.

domingo, 14 de janeiro de 2018

EI, EI, E-MAÍL

As formas e modalidades de comunicação têm evoluído tão rapidamente que tenho dificuldade de acompanhar. Cartas, telex, fax, e-mail, convivi com tudo isso, e achava moderníssimo. O fax, por exemplo, quase me fez cair duro quando recebi um que trazia um desenho. Aquilo era maravilhoso, inacreditável!

Depois, foi a vez do e-mail. Possuir um endereço profissional era demostração de prestígio e status elevado dentro da empresa. Quase tive um orgasmo quando criaram um para mim! Infelizmente, meses depois, todos os funcionários também tiveram o seu e o status foi pro brejo.

Já aposentado, continuei utilizando e-mail pessoal (que acabou desaguando no Blogson) e resisti o quanto pude à sugestão de criar um perfil no Facebook. Quando, finalmente, concordei com a ideia, descobri que já não era a última moda e que os "peixes" que essa rede pesca hoje são, em sua maioria, pessoas mais idosas, gente que adora postar imagens de bebês fofinhos, flores encantadoras e bichinhos de estimação fazendo travessuras ou correntes de orações piedosas (não sei se consegui, mas tentei escolher palavras condizentes com a caretice dessas postagens). Os mais jovens (creio!) preferem hoje o Tweeter, Messenger, Whatsapp, Instagram ou sei lá mais o quê. Curiosamente, vivemos um paradoxo estranho: quanto maior a quantidade de opções de comunicação, pior é a qualidade do que se comunica (mas isso é papo de velho rabugento. Assim como eu).

Muito bem. Este texto serve como introdução para um e-mail pessoal enviado poucos dias antes da criação do Blogson. E é curioso observar o anacronismo quase total desse correio eletrônico. Quem hoje usa esse tipo de mídia? (a pergunta é apenas retórica!). Por isso, vale a pena (para mim, para mim!) resgatar essa mensagem das "cinzas" (sem referência aos nomes dos envolvidos) e dar a ela uma sobrevida. Vê ai.


Pessoal,
Existem realmente (perdoem-me o clichê) males que vêm para o bem. Ontem, já exasperado com os seguidos problemas que o IG tem apresentado, criei uma conta no GMAIL, que informei às pessoas de quem conheço o e-mail (vocês, no caso). De manhã, conversando com um dos filhos, foi-me perguntado o porquê do "h" no meio do e-mail. Expliquei que não tinha conseguido usar um nome mais simples.

À noite, mais um perguntou a mesma coisa. Aí expliquei de novo, mas fiquei surpreso com o significado do "h" no final de uma palavra. Foi-me dito que meu novo e-mail seria lido assim "pintó...” – e passaram a me chamar de "pintó". Achei graça, mas depois todo mundo começou a me zoar. Fiquei tão puto, que tentei criar outra conta, conforme sugeriram. A nova conta seria identificada por "jbp...”. Ao fazer essa tentativa, o Gmail informou que já existia esse e-mail e sugeriu as seguintes opções: "josebotelho804", "botelhojose58" e "jbotelho861"

Pela numeração, deduzo que já existem 803 e-mails "josebotelho", 57 "botelhojose" e 860 "jbotelho". É mole? Então, pessoal, vai continuar pintó... mesmo, ou melhor, "pintoh...". Essa é a parte ruim. A boa é que surgiu um personagem novo, alternativo ao velho "Jotabê". Esse novo cara é o Pintóh. Pela sonoridade, imagino que ele seja catalão, ou melhor, català. A sua finalidade será a de assinar as "reflexões" a que eu tinha dado o nome de "emispardim", profundas como poça d'água.

Afinal, se o Fernando Pessoa teve mais de 50 heterônimos, porque não posso ter dois? Ou, como dizia um antigo colega: “se até o Jean Jacques Rousseau, porque eu também não vou ruçar”? É isso.

(o título é uma brincadeira com o jingle do candidato à presidência Eymael ("ei, ei Eymael, um democrata cristão...")


BARRAGEM

Desde a criação do meu perfil, tenho me divertido em bolar frases idiotas e formatá-las no "padrão Facebook". Para postá-las no Blogson, escolhi a seção "Vintage". Tanto lá como aqui, nunca fazem muito sucesso. Mas isso é o que se espera da produção Jotabê. Como diriam os Stones, "It's only rock and roll, but I like it".


CHÁ COM CERVEJA

Achei no facebook e ri um pouco com isso.


sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

NO DOS OUTROS É REFRESCO

Às vezes eu penso que a natureza é pouco criativa, pois vive a replicar formas básicas em várias espécies de plantas e animais. Talvez isso aconteça por essas formas já terem sido testadas bilhões de anos atrás nos primeiros organismos vivos, em "proto-amebas" ou proto-líquens ou sei lá o quê. Como não sou biólogo, paro por aqui para não ficar pagando mico à toa. Mas às vezes a Mãe Natureza chuta o balde e surgem formas - como direi? - que perturbam a visão e os sonhos de pessoas mais pudicas e ingênuas. Claro, estou falando de quem viveu no século 19 ou antes disso.

Na blogosfera já existe quem tenha doutorado nesse tipo de coisa (e é cada coisa!). Mesmo assim, vou tentar fazer uma abordagem Jotabê do assunto. O fato é que tive a oportunidade de ver fotos de uma espécie vegetal que faz muita gente cair de quatro. Estou falando da Peter Pepper, ou pimenta Peter. Segundo a Wikipédia e outras fontes da Internet, "a pimenta é conhecida por sua aparência fálica quando totalmente cultivada", lembrando "uma réplica em miniatura do órgão masculino circuncidado".

E como tem uma classificação de ardência muito alta (40.000 Scoville) tem sido mais indicada como planta ornamental que usada para consumo humano. É também chamada de "pimenta pênis".

Ora, ora, vejamos: chama-se "pimenta pênis” e graças à sua ardência elevada é extremamente picante? Esta é uma avaliação inquestionavelmente pleonástica. Além do mais, quem poderia pensar no uso "ornamental" de uma planta que apresenta vários pênis vegetais cabisbaixos, pendendo de seu caule? Sinceramente, só mesmo uma minoria mais alegre e bem humorada. Fico pensando que essa pimenta pode ter inspirado a elegante expressão "pimenta no cu dos outros é refresco".

Mas de uma coisa eu sei: quando alguém aponta para essa espécie vegetal plantada em um vaso ou jardim e diz "Esta é planta é do caralho", pode acreditar, está só comentando, não está elogiando. Olhaí.







quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

CERVEJA QUENTE É QUE MATA A SEDE

A avó de quatro dos meus primos era italiana e veio para o Brasil acompanhada pelo marido, três filhos e a mãe. Não sei em que data isso ocorreu, mas imagino ter sido antes da queda do meteoro que extinguiu os dinossauros. Pouco tempo depois o marido resolveu voltar, talvez por não ter aqui encontrado nada que o atraísse. A italiana não quis saber, resolveu ficar, deu uma banana para o marido e meteu a cara no trabalho. Tendo tino comercial e determinação, ficou rica, mas, até onde sei, nunca mais voltou ao país de origem.

Para ganhar algum dinheiro, minha mãe começou a costurar para ela, para a filha solteirona e para minha tia, sempre me levando quando ia à sua casa. Nessa época ela já era velha, eu devia ter uns sete a dez anos e não ia nada com sua cara, pois era grossa, brava, falava enrolado e me criticava por ser enjoado para comer. Além disso, com seus filhos e com a mãe já caduca, usava o dialeto de sua região, pouco se lixando se havia pessoas que não entendiam o que estava dizendo. Mesmo sendo novo, tinha a sensação de que fazia isso para criticar sua nora (minha tia), minha mãe, a mim ou a quem quer que estivesse por ali. E isso me incomodava, me deixava meio puto.

Muito bem. Um dia recebeu uma carta comunicando que um terreno de sua propriedade seria desapropriado, pois uma rodovia passaria justamente nesse local. Precisava, portanto, ir à Itália para receber o valor correspondente à desapropriação. Não teve dúvidas, pegou um navio e se mandou. Ficou por lá um ou dois meses, hospedada na casa de uma amiga de infância. Quando voltou, trouxe a grana escondida em um cinto que usou por baixo da roupa. Mas, para mim, veio principalmente abarrotada de brinquedos espetaculares para os netos, presentes para os filhos, noras e até para minha mãe.  Em um gesto de grande generosidade, deu-me um também. Uma bolinha de gude vermelha. Velha sovina, filha da puta!

Tudo parecia ter terminado bem, até receber uma carta da amiga que a hospedara na Itália, informando que iria visitar um filho que morava na África. Por isso, daria uma paradinha no Brasil, faria uma escala para rever a amiga “querida”. Esse pitstop durou seis meses. E agora é que vem o motivo desta lembrança: a amiga não bebia água nem para tomar remédio. No início, para agradá-la e retribuir a hospedagem, compraram garrafas e mais garrafas de vinho. Como a velha não dava pista de já estar arrumando as malas, substituíram o vinho pela cerveja, mais em conta. Que a italiana encarou tranquilamente, até resolver ir embora. Infelizmente, não sei se bebia quente ou gelada.  Mesmo assim, vou apostar que bebia na temperatura ambiente. E que devia ser xingada em português por estar dando esse preju na velha rica e chata.


Em 1973 eu era estagiário de uma empresa que estava construindo parte de uma fábrica de cimento na região metropolitana de BH. Uma das obras eram dois silos geminados, cada um com vinte metros de diâmetro e altura de uns setenta metros. Posso estar equivocado com essas medidas, pois, afinal, já se passaram 44 anos. Independente das dimensões reais, o fato é que eram dois cilindrões altíssimos. Para sua construção a empresa utilizou o método de "formas deslizantes", sistema em que as formas de contenção do concreto são movimentadas continuamente através de macacos hidráulicos. Como o sistema não permite parada e recomeço, os trabalhos são realizados durante as 24 horas do dia, até sua conclusão. No caso dos silos mencionados, foram gastos vinte e um dias de concretagem ininterrupta.

Como não poderia deixar de ser, para a construção das formas e seu deslizamento são subcontratadas empresas altamente especializadas na realização desses serviços, ficando sob responsabilidade da construtora o fornecimento, aplicação e acabamento do concreto na quantidade e velocidade requeridas. Nessa obra, a subcontratada foi uma empresa com matriz na Alemanha. Os técnicos e operadores do sistema eram alemães. E é aí que entra a cerveja. Eles também não bebiam água, talvez por medo de não ser adequadamente tratada. O resultado é que durante os 21 dias, engradados e mais engradados de cerveja quente (temperatura ambiente) foram consumidos na obra, sem que nenhum erro ou acidente tenha acontecido. Eles só ficavam altos por subir junto com o equipamento


Lembrando essas histórias, fico tentado a pensar que cerveja quente é que mata a sede. Bom, talvez seja necessário que a cerveja não tenha a frescura das artesanais, com suas "notas de frutas vermelhas", seu armazenamento em tonéis de carvalho do Haiti ou coisa parecida. Para matar a sede, imagino que a cerveja tenha que ser daquelas baratas (mas boas). Talvez eu esteja enganado, pois cerveja não é meu fraco. O que sei é que de todas  as que existem hoje no mercado, as melhores para mim são as proibidas. Mesmo que não tenham esse rótulo.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

THANK YOU FOR LOVING THE BLUES - B. B. KING

O segundo LP de blues que eu comprei, justamente do velho e bom Blues Boy King, trazia na última faixa do lado 02 a música “Thank You For Loving The Blues”. Foi com ela que eu aprendi a melhor forma de ouvir blues. Eu adorava ouvi-la na penumbra, sentado ou deitado em um sofá. Mesmo não entendendo pickles de inglês, gostava de ouvir uma declaração de amor ao blues falada, não cantada e um solo repousante de sete minutos.

Não sei quantas pessoas gostam de blues. Talvez sejam uma minoria - e das mais inexpressivas. OK! EU gosto – e gosto muito. Para mim, ouvir blues é uma experiência solitária, quase espiritual, pois dispensa a presença de outra pessoa.  O ideal é ficar na penumbra, sentado ou deitado confortavelmente em um sofá ou rede. E seguir a regra: “na vitrola rolando um blues, tocando B.B. King sem parar”. Quem quiser experimentar a sensação, taí o link. Quê que tá esperando? Já pro sofá! (e apague a luz)





ESTRELA DE BELÉM, ESTRELA DE BELÉM!

  Na música “Ouro de Tolo” o Raul Seixas cantou estes versos: “Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado. Macaco, praia, ...