Não quero mais essas tardes mornas, normais
Não quero mais vídeo tapes, mormaço, março, abril
Eu quero pulgas mil na geral, eu quero a geral
Eu quero ouvir gargalhada geral
Estes versos iniciais da música "Cinema Olympia", do Caetano
Veloso, definem bem meu pensamento, como eu me sinto hoje, pois não curto muito a normalidade. Já disse algumas
vezes que tenho pouca paciência para gastar com gente careta. Não tenho
interesse por pessoas muito normais, muito certinhas, muito religiosas e
puritanas. Pessoas normais são geralmente muito chatas, cheias de preconceitos
e de certezas absolutas. É o caos que me seduz.
Atraem-me as verdades inconvenientes, as pessoas descompensadas,
alternativas, meio loucas, irônicas, sarcásticas, cínicas e com pensamento
crítico afiado. Esse é o motivo da minha simpatia por gente como o Ricardo
Marreta e o Fabiano Caldeira, e outros que atendam esses requisitos.
Apesar disso, 90% das pessoas que me conhecem
ao vivo e a cores gostam de mim, falam bem de mim e me tratam super bem. E a
explicação é por estar sempre sorrindo, sempre falando mal de mim mesmo, sempre
tratando bem qualquer desconhecido com quem tenha o mínimo de contato.
Outro dia, por exemplo, fui à noite na
padaria perto de minha casa. O balconista que me atendeu me chamou de “homem bom”, talvez pelo fato de ter
conversado com ele, contado alguma piada e de tê-lo tratado com cortesia na
noite anterior. Em outra padaria, há muito, muito tempo, quando ainda era
jovem, a sogra do proprietário, que ficava sempre no caixa, disse uma vez: “Deve ser muito bom ser sua mãe!”
Acho que a explicação para isso é o fato de me comportar como imagino que será do agrado das pessoas com quem convivo. Camaleão emocional, mais falso que nota de três reais. Sinceridade? Só no mundo virtual, só no Blogson Crusoe. Fora dele, um autêntico puxa-saco profissional. Mas, como diria Tavares, o personagem canalha criado por Chico Anysio: “Sou, mas quem não é?”
Meu companheiro tem o CD da Elis com essa música. Eu acho ela bem legal. Sobre a gente louca daqui, eu desisto de analisar porque voltei, porque briguei, porque desbriguei. Eu vejo que momentos ruins existem. Eu voltei. Você me acolheu. Então existe um sentimento recíproco. Eu acho que isso é mais importante do que as picuinhas. O mesmo vale em relação ao Marreta e demais.
ResponderExcluirUm abraço, querido ❤️
Mesmo que às vezes me enfureça e até eventualmente me ofenda, eu gosto dos seus comentários. O mesmo se dá com alguns dos textos do Marreta. Como disse antes, eu gosto de gente meio descompensada, meio louca - como vejo vocês dois.
Excluir