quinta-feira, 1 de abril de 2021

EU LÁ TENHO CARA DE POLIEDRO?

 
Raro leitor (talvez devesse ter escrito “Caro”, mas achei melhor utilizar “Raro”, mais coerente com o volume de visualizações desta bagaça), o texto apresentado a seguir é a ideia central de um post publicado bem no início do blog. E o motivo da transcrição para novo post é sua pertinência aos dias atuais, tão cheios de desinformação, fake news, meias verdades, mentiras descaradas, suposições falsas, crenças inacreditáveis e teorias equivocadas. Já ficou com enjôo só de ler esta introdução? Calma, respire fundo, pois o texto é curtinho e o incômodo passa rápido. E, se for o caso, talvez um teste de gravidez seja indicado.
 
De vez em quando eu penso em alguma ideia maluca que logo transformo em “teoria miojo” (aquela que fica pronta em três minutinhos e o resultado é sempre uma merda), sem me preocupar em analisar se está ou não correta (deixo isso para meus 11,2 leitores). E o que tem mexido ultimamente comigo é a sensação de, cada vez mais, estarmos mergulhando em um mundo virtual, bem ao estilo do filme “Matrix”, onde nunca – ou quase nunca – saberemos se o que recebemos pelos mais diferentes tipos de mídia vem de uma experiência real.
 
Com tanta tecnologia, tanta informação veiculada em quantidades e velocidade cada vez mais alucinantes, fica difícil ou virtualmente (perdão pelo trocadilho) impossível separar o que é REAL da mistificação, da impostura, da má-fé e, por que não?, da molecagem, da brincadeira e da sacanagem.
 
Por conta dessa sensação, fiquei matutando que não somos mais tão diferentes dos homens das cavernas. Pelo contrário. O mundo, para eles, era do tamanho de sua percepção, obtida apenas com o uso dos sentidos. Todo o resto era apenas interpretação e fantasia.
 
Depois de milhares de conquistas culturais e tecnológicas que nos tiraram definitivamente das cavernas e outros abrigos naturais, tenho a sensação de que estamos (talvez já tenhamos chegado lá) voltando à situação em que só podemos ter certeza do que está no raio de alcance de nossos sentidos.  Viveríamos dentro de uma bolha de Realidade, cercada de incertezas por todos os lados. Foi aí surgiu a ideia do poliedro. 
 
Mas onde entra o tal poliedro? Bom, talvez por excesso de preciosismo formal, fiquei pensando que por sua forma esférica a tal bolha só poderia interagir com outras tantas bolhas em um único ponto, ao tangenciá-las, ao "quicá-las", tal como acontece em uma mesa de sinuca. Só um ponto de contato? A imagem não era boa nem prática. Pensei então em um cubo. Já dava uma interação legal, mas ainda estava meio limitado. Aí me ocorreu a ideia do poliedro, com muitas faces para seu ocupante interagir com os ocupantes de outros poliedros, cada face servindo para transmitir a Realidade que cada um conhece.
 
A tal bolha, na prática, seria então um “poliedro de Realidade”. Se fosse transformada em desenho, esta “teoria” até poderia ser incluída na série “Noções de Zéometria Especial”. Mas acho que não vale a pena tentar, pois se um infeliz resolver transmitir uma mentira (que ele sabe ser mentira), aí minha teoria vai pro ralo. Mesmo assim, vale a observação inicial: hoje, só podemos ter Certeza do que está no raio de alcance de nossos sentidos, tudo mais é fruto apenas do nosso discernimento ou do nosso desejo de acreditar.



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