sexta-feira, 23 de abril de 2021

NO CÉU COM DIAMANTES

À medida que envelhecem, é comum ver pessoas usar expressões do tipo “no meu tempo é que era bom”, “porque na minha época...”, carregadas de nostalgia, de saudade e por aí.

Fiquei pensando sobre isso outro dia, depois de ler que o Ziraldo (81), o Zuenir Ventura (82) e o Luis Fernando Veríssimo (77) estão escrevendo um musical sobre a velhice. Nas palavras de Ziraldo, “nenhum velho tem a noção do que é a velhice” e disse ainda: “conversamos muito e chegamos à conclusão de que não nos sentimos velhos”. Bacana.

Bom, falar de velhice ou de religião comigo é o mesmo que falar de droga com um viciado: a reação é imediata, não resisto a comentar e fazer alguma teoria tipo "macarrão instantâneo" (aquela que é formulada em três minutos e o resultado é sempre uma merda). Aliás, descobri que, apesar de minha ascendência "toscana" (é que eu sou meio toscão...), devo ter também algum gene originário da França, pois, segundo o Paulo Francis, “francês sem teoria é que nem pai de santo sem terreiro”. Daí...

Bom, a minha teoria (muito particular, diga-se) é a seguinte: EU não tenho nenhuma nostalgia do passado. É claro que tenho saudade ou sinto falta de algumas pessoas que “não vou tocar além da lembrança” – meus pais, tios, etc. (não sou tão sociopata de não sentir nada). Mas a nostalgia que eu tenho mesmo é de mim, só de mim, ou melhor, do que não fui (e deveria ter sido), do que não fiz (e deveria ter feito) – ou o inverso disso.

Já que citei uma música (“No céu com diamantes”), usarei outra (“Jura Secreta”) para explicar de forma mais poética essa sensação:

“Nada do que posso me alucina tanto quanto o que não fiz”.

(03/10/2014)


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