quinta-feira, 8 de abril de 2021

PAPO DE ESPELHO

 Às vezes eu escrevo um texto e o guardo o texto, sem vontade de publicar, como aconteceu com este. Devo tê-lo escrito no início de fevereiro. Curiosamente, dois meses depois, os sentimentos que me levaram a escrevê-lo ainda são os mesmos (still crazy, after all these years)


"Meu mais fiel seguidor é o espelho do banheiro. Não preciso falar nada em voz alta pois ele lê meus pensamentos. É o único leitor cativo que realmente tenho, mas pago um preço alto por isso. Talvez por esse cativeiro forçado vinga-se de mim refletindo e exibindo a imagem que possuo hoje" (gostou? Este é o tipo de "humor" que estou conseguindo produzir ultimamente).

Estou em uma fase estranha da minha vida, novamente pensando em acabar com o blog (creio que esta é a terceira vez em que penso nisso), mas o Blogson não acabará. Mesmo que ninguém se interesse por releituras continuarei fazendo a migração seletiva dos posts antigos, até chegar a dezembro de 2019 (claro, se a Covid permitir). Aí a migração estará completa.
 
O desejo de acabar com o blog, embora atenuado, deve-se ao fato de não ter mais nada para dizer de novo. E nem vontade de tentar fazer isso. Falta-me inspiração, falta-me vontade, como, se de repente, a velhice registrada em cartório e exibida nos documentos tivesse se abatido sobre minha mente, sobre meus pensamentos, sobre meus sentimentos.
 
Isso pode mudar? Claro, pois sempre fui uma “metamorfose ambulante”, mas não estou fazendo nenhuma questão de que isso ocorra. E esta é a diferença das outras vezes em que pensei em parar. Hoje eu quero ficar quieto em um canto qualquer, fazendo sudoku, dormitando, lendo os títulos das notícias divulgadas nos portais (por não ser assinante, a maioria me impede de ler a matéria).
 
E esta é a vida que tenho levado: à espera da segunda dose da vacina, com uma melancolia permanente, a mente cheia de preocupações com o futuro de meus filhos, de minha mulher, de nossas netinhas e das pessoas deste país (des)governado por um provável psicopata.
 
Que mais? Nada, só isso. Cansei de me repetir. Que outros digam alguma coisa de interessante em meu lugar. Pode ser o Paul Simon em Still crazy after all these years, por exemplo:

Four in the morning
Crapped out
Yawning
Longing my life away
I’ll never worry
Why should I?
It’s all gonna fade



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