domingo, 31 de maio de 2020
sábado, 30 de maio de 2020
COLETA DE LIXO
O post de hoje é mais ou menos como uma
coleta de lixo urbano. A primeira coleta é a notícia de que graças à pandemia,
tenho 21 posts já prontos para publicação. Estou imaginando publicá-los dia sim,
dia não. Todos já estão programados, mas, pela minha ansiedade oscilante, prefiro não
divulgar agora a programação que estabeleci (pode mudar!). Por isso, estão relacionados em ordem
alfabética.
3, 4,
5, 6, 7
A Maior
Realização?
Artigo - Juan Arias
Auditoria
Comunista!
Confussão
E
Agora, As Listas
Feliz
Aniversário!
Fiat
Lux! - A Revista, Parte 1/2
Fiat
Lux! - A Revista, Parte 2/2
Mandala
Master
Chef Raiz
Música,
Maestro! - As Mais Mais
Nova
Escolha De Sofia
Novo
Normal
O
Exterminador Do Presente - A Revista
O Que
Você Anda Misturando?
Os
Autorais Mais Votados
Produção
Terceirizada – Os Mais Mais
Ragnarok
Rebanho
Ou Manada?
Segunda coleta:
Eu continuo fazendo do Facebook meu octógono
particular, pois estou sempre caçando briga com os “amigos de facebook” e, às
vezes, com amigos de amigos. Depois de um tempo, retiro as provocações das entranhas tóxicas dessa rede e posto
no Blogson. Como estas abaixo:
sexta-feira, 29 de maio de 2020
SI SENOR, QUE LINDO, ¿EH?
O apresentador de televisão Silvio Santos é
um gênio da comunicação. Engraçado, espirituoso, malicioso, espontâneo e
simpático com suas “colegas de trabalho”
e convidados do programa. Com o avanço da idade, está cada vez mais
imprevisível e inconveniente. O empresário Senor Abravanel sempre foi um gênio
nos negócios. Estrategista e com um faro impressionante para novas
oportunidades.
O empresário apresentador Silvio Senor
Abravanel Santos é ardiloso, oportunista, manipulador, centralizador e
descaradamente bajulador de presidentes, desde a época em que ganhou a
concessão de um canal de televisão no governo do General Geisel, até
recentemente, quando, segundo informações da Folha de São Paulo, assinou uma
nota endereçada a seus funcionários do SBT com os seguintes dizeres:
“A
minha concessão de televisão pertence ao governo federal e eu jamais me
colocaria contra qualquer decisão do meu “patrão” que é o dono da minha
concessão. Nunca acreditei que um empregado ficasse contra o dono, ou ele
aceita a opinião do chefe, ou então arranja outro emprego.”
Essa declaração apenas confirma o que disse
sua filha Patrícia Abravanel ao participar do jurássico quadro “Pra quem você tira o Chapéu?”,
apresentado pelo dinossauro Raul Gil. Nesse programa, ela disse que "O SBT é muito pró-governo" (não
importa qual) e que "A gente
acredita que tem que estar apoiando".
E completa a explicação, dizendo: "Ele (seu pai) ensinou isso para a gente. Apoiou Lula, a Dilma ele apoiou, antes
também, Temer ele apoiou. Então acho que a gente tem que estar perto dos nossos
governantes para eles poderem sim tomar boas decisões. Que a gente influencie
eles para coisas boas. Para que a gente acredite neles, e torça por cada um
deles. Então eu, como meu pai, somos pró-governo, sempre. E se eles fizerem
alguma coisa errada, claro que a gente pode puxar a orelha, mas temos que ser
pró-governo”. Só que não,
Patrícia, só que não! Seu pai nunca puxaria a orelha de nenhum de seus patrões.
Ninguém tem direito a dar palpite por que o señor Silvio
age assim nem se educou suas filhas nessa linha. Afinal, o Frank Zappa ensinou que "só estamos nisso
pelo dinheiro" (We're Only In It For The Money). Mas no caso do
líder da banda "The Mothers of
Invention" isso era uma piada e título de um de seus álbuns.Triste é
quando o apresentador octogenário exacerba na puxação de saco, na subserviência
canina, como aconteceu recentemente, ao ordenar ao departamento jornalístico do
SBT que o programa “Fala Brasil” nada
comentasse sobre o vídeo da última reunião ministerial em que Sérgio Moro
esteve presente. Em virtude da argumentação de seus funcionários de que aquele
era o assunto do momento em todos os jornais e emissoras, mandou colocar o
programa “Triturando” no horário
daquele telejornal.
Isso me fez lembrar um caso que li no livro "Chatô, o rei do Brasil".
Segundo o livro (vou citar de memória, pois não consultei o livro novamente),
Assis Chateaubriand teria ficado puto com alguma reportagem que alguém queria
publicar. Para que não restasse dúvida, estabeleceu esta máxima: “no meu jornal quem pode ter opinião sou eu.
Quem quiser ter opinião diferente, que compre seu próprio jornal”.
Curiosamente, o apresentador Silvio Santos brincou com uma de suas repórteres
ao dizer a ela: "Se quiser dar sua opinião compre uma estação de TV e
faça por sua própria conta". Mesmo
que dito com ironia, isso não é nada engraçado e lembra as falas de seu atual patrão
("quem manda aqui sou eu", "eu
sou a Constituição", etc.).
Por essas e outras é que
penso haver um sentido oculto na sigla SBT,
oficialmente Sistema Brasileiro de
Televisão. Para mim, a mensagem subliminar e atemporal dessas três letras é
esta:
SBT: Sistema Baba-ovo de Televisão.
Em sua versão atual pode também ser entendida como
Em sua versão atual pode também ser entendida como
Sistema Bolsominion de Televisão (ou Sistema Bolsonarista de Televisão).
quinta-feira, 28 de maio de 2020
QUIXOTESCO - A REVANCHE
SIGNIFICADO
Segundo o dicionário, quixotesca é uma “Pessoa que tem intenções e ideais nobres,
mas é sonhadora e afastada da realidade”. Há também a percepção de que “é alguém que
defende os seus ideais acima de tudo e que se esforça por cumprir objetivos de
improvável consecução”.
POR QUE EU?
Este post é um espécie de
continuação ou revival de outro publicado recentemente onde eu falei de minha
primeira experiência na criação de uma história semi-ficcional, pois alimentada
e produzida com a colagem de textos reais, não imaginados. Nesse post
identifiquei-me como uma pessoa quixotesca por me ver como alguém
permanentemente sonhador e frequentemente afastado da dura realidade do
cotidiano. A diferença é que nunca tive "ideais nobres" nem me esforcei para “cumprir objetivos de improvável consecução”.
ROCK IN RIO
O primeiro festival “Rock in
Rio” foi idealizado e realizado por Roberto Medina, publicitário e empresário
de sucesso, que tinha (ou tem ainda) na entrada de sua empresa uma escultura de
Dom Quixote. Segundo li na época, Medina identificava-se com a perseverança
sonhadora do “hidalgo” espanhol. Não fosse essa obstinação talvez não tivesse
conseguido realizar aquele que foi o primeiro de vinte ou mais edições do
festival.
O LIVRO
No post anterior eu contei a
história do “livro” que produzi para dar de presente à minha mulher em comemoração a nosso primeiro ano de namoro. Passados
49 anos, não me lembro mais se usei algum título para ele, mas lembro-me de ter
incluído na “obra maldita” uma cópia (duramente executada!) de uma gravura feita
por Gustave Doré, um mestre do desenho do século XIX. Ganhei um livro com
biografias rápidas de artistas e escritores famosos. Uma dessas biografias era
de Miguel de Cervantes e era ilustrada pela gravura que copiei. Deu trabalho!
Mas a gravura original é espetacular. Olha ela aí:
MARRETA
Meu amigo virtual Marreta é
um sujeito estranho e avesso a convenções sociais que também abomino. Juntando
os fragmentos do que ele já disse em seu blog, imagino que seja uma reedição mais jovem
do Quixote de Gustave Doré – magro, talvez muito magro, rosto ossudo e barbado.
Mas a semelhança principal é o fato de ser um sonhador, um sonhador mal
humorado que não desiste de atacar moinhos reais, não de vento. Na verdade,
defende valores que às vezes me causam espanto, como o fato de se recusar a
deixar de publicar suas “coelhonas” peludas e outras bizarrices. A mais recente
foi postar uma foto do atual sinistro da Educação na galeria “Machos de respeito”. Por mais que eu respeite seu direito de postar o que quiser - pois
o blog é dele e ninguém tem nada com isso – fico tentado a pensar que é uma
ironia, uma provocação, pois mesmo que o ministro possa ser macho, a única avaliação que
não merece é ser “de respeito”, pois é risível e caricato. Mas creio que é por esse tipo de maluquice que eu
me identifico um pouco com o blogueiro. Mesmo sendo absolutamente diferentes, mesmo defendendo opiniões muitas vezes antagônicas, somos dois quixotescos, dois quixotes, cada um
com seu moinho preferencial.
quarta-feira, 27 de maio de 2020
terça-feira, 26 de maio de 2020
ÁGUA PARADA
Frágeis, táteis, meus dedos buscam
A superfície silenciosa do papel,
A suavidade tímida das teclas do computador
Nelas nada encontram
Nada nelas depositam
Não há lampejo criativo
Nem o frenesi de águas encachoeiradas
Apenas o remanso sem vento
Apenas um espelho d'água
Sem nada a refletir
segunda-feira, 25 de maio de 2020
REFLECTIONS OF MY LIFE
Se você imaginou que eu faria um post sobre a
música “Reflections of My Life",
composta por Junior Campbell e Dean Ford, guitarrista e vocalista da banda escocesa The Marmalade (que ainda existe, mas não possui hoje nenhum dos integrantes originais), que foi lançada no final de 1969 pela gravadora Decca (a mesma que recusou os Beatles) e que vendeu mais de dois milhões de cópias no mundo todo, está completa e redondamente enganado, dançou. Estou pouco me lixando para essa música
que sempre achei brega. Meu negócio é outro. Se quiser saber qual é, continue a
ler, continue a ler!
Eu sempre imagino que algumas pessoas - se
não quase todas – têm alguma história boa para contar (ou cantar). Lembranças,
reflexões, casos inventados, poesias, músicas, frases espirituosas, etc. O que
as diferencia é o fato de não poder, não querer, não ter coragem ou incentivo
para mostrá-las. Um bom exemplo disso seria Cora Coralina (que mesmo escrevendo
seus poemas desde a adolescência, só publicou seu primeiro livro quando tinha
75 anos). Às vezes esses autores desconhecidos utilizam festas de família,
rodadas de cerveja em bares e botequins ou conversas com os filhos para exibir
(mesmo sem querer) sua inesperada jovialidade, bom humor ou o talento para o
drama, a comédia ou para a música. Raríssimos são aqueles que escolhem viver
disso, se profissionalizar e transformar sua criatividade e imaginação em
literatura ou música e fonte de renda, claro.
Mas há uma classe intermediária nessa
história toda, que são os escritores e músicos anônimos, aqueles que gostam de
gastar seu tempo ocioso (e, às vezes, dinheiro) para registrar suas impressões, fantasias, deboches,
ironias ou a pura loucura. Nesse grupo encontram-se os blogueiros (ou
bloggers). Fico pensando em quantos milhões devem existir no mundo todo, em que
tipo de assunto abordam, e quantos permanecem injustamente anônimos. Não são a
totalidade, certamente. Conheci um colega de trabalho que gravou um CD com as
músicas que compôs. Exercendo meu papel de puxa-saco profissional, manifestei
minha admiração e o desejo de ouvir sua obra musical. No dia seguinte
entregou-me a "joia", comentando que as gravações foram feitas em São
Paulo. Em casa, ao tentar ouvir o CD, descobri que não conseguiria. Ele
tinha "obrado" demais!
Mesmo assim, aqueles que se diferenciam
qualitativamente de seus pares devem ser contados aos milhares ou até mesmo às
centenas de milhares. Que permanecem conhecidos apenas por um reduzidíssimo
grupo de pessoas que por esse ou aquele motivo os descobriram e se interessaram
em continuar lendo (ou vendo) suas produções. Eu enquadraria nesse caso alguns
blogs que conheço, mas por não querer endeusar ou decepcionar ninguém, prefiro
não "dar nomes aos boys".
Só abro exceção mesmo para Jotabê, uma entidade mítica que dá plantão em um
blog desclassificado e sem expressão Mas isso é só uma piada, pois só aprecio
mitos e mitologias antigas. Mitos modernos merecem apenas minha indiferença ou
desprezo.
Falando da produção dos anônimos, depois
de ter criado este blog da solidão ampliada tive a oportunidade de ler textos
muito interessantes, engraçados, criativos ou poéticos e líricos em blogs que
descobri. E acho uma pena que continuem praticamente
"inéditos", pois conhecidos apenas por um grupinho restrito de “connoisseurs”.
Recentemente, minha mulher enviou-me um texto
muito simpático que recebeu através do Facebook ou Whatsapp. Desconheço o autor
e gostaria de tê-lo escrito. Claro, trocaria "tu" por "você" e, como não domino bem a arte da pontuação (aliás, não domino nada de nada), acrescentaria umas seiscentas vírgulas a mais que as encontradas no original. Mesmo
que o texto não seja muito profundo ou elaborado, resolvi postá-lo no Blogson,
que é, afinal, meu "Almanaque do Biotônico". E o motivo foram as
três frases finais, que achei bastante expressivas. Olhaí.
REFLEXÃO:
Tu vais
andando com a tua xícara de café... E de repente alguém te empurra fazendo com
que tu derrames café por todo o lado.
- Por
que tu derramaste o café?
-
Porque alguém me empurrou!
Resposta
errada!
-
Derramaste o café porque tu tinhas café na caneca. Se tu tivesses chá... Tu
terias derramado chá. O que tu tiveres na xícara é o que vai se derramar.
Portanto...
Quando a vida te sacode o que tiveres dentro de ti..., tu vais derramar.
Tu
podes ir pela vida fingindo que a tua caneca é cheia de virtudes, mas quando a
vida te empurrar, tu vais derramar o que na verdade existir no teu interior.
Sempre
sai a verdade à luz.
Então,
terás que perguntar a ti mesmo. O que há na minha caneca?
Quando
a vida ficar difícil..., o que eu vou derramar?
Alegria...,
agradecimento..., paz..., bondade..., humildade?
Ou
raiva..., amargura..., palavras ou reações duras?
Tu
escolhes!
Agora...,
trabalha em encher a tua caneca com gratidão..., perdão..., alegria...,
palavras positivas e amáveis..., generosidade... e amor para os outros.
O que
estiver na tua caneca, tu és o responsável.
E olha
que a vida sacode. Às vezes sacode forte. Sacode mais vezes do que podemos
imaginar..."
domingo, 24 de maio de 2020
EU VIVO SEMPRE NO MUNDO DO TINDER - A REVISTA
“EU
VIVO SEMPRE NO MUNDO DO TINDER” foi outra série imaginada como uma
história em quadrinhos com "capítulos" encadeados, onde os
episódios fazem mais sentido se forem lidos de uma única vez. Por isso,
resolvi juntar tudo como já tinha feito na série do Sol, para ser lido de uma
sentada. Confesso que é uma tentativa de melhorar uma série com pouquíssimas
visualizações. Parece picaretagem? Também! Olhaí.
sábado, 23 de maio de 2020
QUIXOTESCO
Se existe um personagem de ficção por quem
tenho imensa simpatia, esse é “El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de La Mancha”, conhecido nas rodas de samba da Lapa por Dom Quixote de la Mancha ou,
simplesmente, Dom Quixote (esta
introdução foi só para espichar um pouco o texto). Até a mim
surpreende o fato desse apreço vir ainda do início da adolescência. Fico
pensando que pode ser uma identificação inconsciente, um vínculo secreto entre
minha inadequação social e a demência do personagem. Pode ser.
O que sei é que perto de comemorar um ano de
namoro com minha Amada, resolvi fazer isso em “grande” estilo. Naquela época,
não nos encontrávamos todos os dias - como depois ficou normal. Por isso,
movidos por uma paixão imensa (e tempo também), trocávamos cartas, bilhetes e
mensagens quase diariamente. Tenho a impressão de que utilizávamos duas "mensageiras", pois minha tia solteirona era secretária executiva na mesma empresa em que trabalhava uma colega de faculdade da minha mulher (então namorada). O que sei é que já perto do primeiro aniversário de namoro,
tive a “brilhante” ideia de transformar essas cartas em matéria prima para uma história. Criei
mentalmente um enredo básico e laboriosamente fui transcrevendo para várias
folhas de papel almaço trechos e mais trechos dessas cartas.
Neste ponto preciso fazer um break: Alguém aí se lembra de um conto
que publiquei no Blogson com o instável título de “Norton Antivírus”? (“instável”, por ter mudado o título umas três
vezes pelo menos). Pois é, a ideia de fazer colagens de textos escritos em
diferentes momentos e situações surgiu naquela época (1971). Se alguém quiser saber mais, o
link é este:
Voltando às comemorações de aniversário: A
linha que costurava os diferentes trechos eram comentários falsamente
depreciativos sobre mim mesmo (já naquela época!), representado por ninguém
menos que ... Dom Quixote! Claro, um Quixote moderno, mas com a mesma
piração do original.
Finalizada a história, precisava arranjar uma
capa, embalagem, etc. Creio que a capa foi feita de cartolina e aquelas garras
de metal que ainda hoje (será mesmo?) são usadas em pastas coloridas compradas
em papelaria. Claro está que minha capa tinha de ser personalizada! Por isso,
não sei bem como, fiz um desenho grande do número 1 (um), provavelmente copiado
de alguma moeda da época e imitando marca d’água.
Não contente com isso, usando papel cetim, colei (tirei cópia de) uma gravura magnífica do
Gustave Doré em que aparece um Dom Quixote sendo arremessado aos ares por uma
das pás do moinho que tinha acabado de atacar. Passei a cópia para uma folha em
branco, num trabalho gigantesco, quase tão grande quanto copiar à mão os trechos selecionados das cartas escolhidas. Para finalizar, fabriquei o envelope para
embalar minha “obra”, pois não gostei do tamanho dos envelopes vendidos em
papelaria. Aquele evento merecia um envelope especial para a pasta tão
amorosamente produzida. O envelope não tinha praticamente nenhuma folga, pois era apenas alguns milímetros maior que a pasta. Usando uma expressão ouvida de um colega anos depois, diria que a pasta ficou mais apertada que
cu de pulga.
Chegado o dia, (“O DIA!”), entreguei aquele presente que tanto tempo e paciência gastou para
ser produzido e um perfume que minha tia tinha sugerido. Maior sucesso... até
ela resolver ler a história! Ficou putíssima, enfurecida com o que leu, deu-me
um esporro fenomenal, daqueles de causar inveja a policial dando prensa em
vagabundo e discutimos por dias e dias, até mandar parar. Apesar disso guardou aquela merda, mas
nunca mais chegou nem perto e nunca mais revi meu “livro”. Tempos atrás, revirando
papeis guardados há muito tempo, ela achou minha “obra maldita”. Após um
micro-esporro comemorativo da raiva que sentiu tanto tempo atrás, comunicou que
iria jogá-la fora. Rasgou as folhas em pedaços pequenos (para impedir que eu as reconstituísse) e pôs no lixo.
E agora, a explicação para essa rejeição
absoluta: começamos a namorar em 1969 e fomos obrigados a terminar o namoro
depois de ser flagrados de mãos dadas(!!!) por minha sogra. Só voltamos a namorar
um ano depois. Nesse meio tempo, ela e eu tivemos outros relacionamentos.
Entretanto, por continuar apaixonado por ela, resolvi ordenar meus pensamentos
escrevendo uma espécie de confissão para mim mesmo, pois estava confuso por
tudo o que vivia e sentia. Dei ao texto o título de “Confussão”. É isso mesmo que você leu. A gororoba era uma mistura
(bem ao estilo Jotabê) de “confusão” com “confissão”.
Essa goma foi aproveitada total ou
parcialmente (não me lembro mais) como introdução na historinha comemorativa. Mas
não foi seu título nauseabundo que provocou tanta rejeição e sim o fato de
conter comentários sobre meus sentimentos em relação à antiga namorada. Ainda que
o texto fosse anterior ao reatamento do namoro, seu aproveitamento foi o maior
tiro no pé que eu poderia ter dado (e olha que eu nem sonhava com a existência
do Bolsonaro, campeão mundial dessa esquisita modalidade esportiva).
Foi assim que eu aprendi que jamais se deve
falar de casos afetivos antigos com seu relacionamento atual, pouco importando
que no final do romance você tenha recebido um pé na bunda ou saído corneado. Creio
que foi esse o primeiro episódio que sinalizou minha vocação para o grotesco, o
ridículo e o quixotesco. "Eita
nóis"!
quinta-feira, 21 de maio de 2020
quarta-feira, 20 de maio de 2020
CLOROQUINA
Uma das coisas que eu mais admiro no Chico
Buarque e no Caetano Veloso é a capacidade que têm de surpreender com suas
letras sofisticadas e suas rimas inesperadas quem acredita haver vida
inteligente além do funk e do sertanejo. Eles estão no olimpo dos letristas. Se
tivessem nascido nos Estados Unidos teriam posto o Bob Dylan no chinelo, teriam
ganhado o Prêmio Nobel de Literatura. E uma das músicas que eu mais curto
é Cajuína, do Caetano Veloso,
cujos versos terminam sempre em “ina”. Acho sua letra simplesmente genial.
Olha só:
CAJUINA
Existirmos: a que
será que se destina?
Pois quando tu me
deste a rosa pequenina
Vi que és um homem
lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não
se nos ilumina
Tampouco turva-se a
lágrima nordestina
Apenas a matéria vida
era tão fina
E éramos olharmo-nos
intacta retina
A cajuína cristalina
em Teresina
Bom, a literatura e a boa música se despedem
aqui, porque graças ao bate-boca sobre o uso de cloroquina, fiquei tentado a
fazer uma paródia dessa música Cajuína (perdoe-me Caetano!).
Sinceramente falando, a discussão sobre a cloroquina já encheu o saco. Associações
médicas condenam seu uso indiscriminado, sua baixa eficácia no combate ao
Corona e os graves efeitos colaterais que pode causar, o boçal do Trump diz que
está tomando (contrariando a recomendação oficial dos órgãos de saúde de seu
próprio governo), o Bolsonaro acredita que é a solução para a cura da Covid, faz
blague ao mandar a Esquerda tomar "Tubaína",
e o caldo segue entornando.
Por tudo isso, surgiu na
minha mente uma letra para ser cantada com a melodia da música
"Cajuína", do Caetano Veloso. Olhaí.
CLOROQUINA
Existirmos:
a que será que se destina?
Só sei
de lágrimas a embaçar minha retina
Ao
descobrir que uma coisa pequenina
Transforma
a vida de alguém em triste sina
O
presidente fica puto e se amofina
Se
alguém critica sua amada cloroquina
Tampouco
curva-se ao que diz a medicina
E manda
a Esquerda ir tomar na tubaína
terça-feira, 19 de maio de 2020
segunda-feira, 18 de maio de 2020
domingo, 17 de maio de 2020
O EXTERMINADOR DO PRESENTE - 01/05
Este é o primeiro de cinco episódios
(01/05 - tá na cara, né?) de mais uma série com apenas dois personagens. Um
deles é "visível" e muito badalado ultimamente; já o outro fica dentro da nuvem, como em outras séries e
charges. Claro, é o Deus do Antigo Testamento - impaciente, bravo e sempre
disposto a puxões de orelha. Preciso dizer que não vejo nenhum desrespeito
nisso, pois ele seria como a "mãe de juiz de futebol", uma entidade
paralela, independente da realidade ou da crença de cada um. Resolvi deixar
tudo cinza pois cinza é o momento atual. E antes que eu me esqueça, a série foi
imaginada como um encadeamento de páginas. E o humor, bem... continua a mesma
merda de sempre!
sábado, 16 de maio de 2020
NO REINO DE ASGARD
Nunca
frequentei o jardim de infância. Aliás, isso é uma meia verdade, pois só fui a
um jardim de infância na qualidade de pai. Por isso, não tive a alegria de
ver uma professora novinha e mais ou menos roliça limpar a vomitada que alguém
deu no lanchinho de um coleguinha. Preciso também dizer que minha infância
nunca foi um jardim, pois parecia mais um deserto de ata cama, já que era obrigado
a me deitar depois do almoço, na marra, quase atado.
Bom,
onde estávamos mesmo? Ah, sim, como não aprendi no jardim de infância – pois só
fui saber disso em meu pós-doutorado em mitologia nórdica realizado no blog Ozymandias Realista - que Loki, além de nome de disco solo do ex-Mutantes Arnaldo Baptista, seria o
irmão mala, mais fracote e cornudo do poderoso, magnífico, insuperável e legalático deus do
trovão Thor, que bate cartão na franquia
“Os Vingadores” (alguém tem de
trabalhar!).
Pois
bem, no tempo em que ainda moravam em Asgard
(nome que lembra um engasgo provocado por pedaço de frango maior que a boca – “Asgaaard, gard, asgard!” – “Bate nas costas
dele!” “Bebe água!” “Levanta os braços!”)... Rebobinando: no tempo em que
ainda não tinham sido adotados por Stan Lee e moravam em Asgard, eram vigiados de perto por Odin, pai amoroso e delicado. Mesmo assim, aproveitando-se da
embriaguez frequente de Wotan (o cara
só queria saber de beber!), brigavam muitas vezes, quebravam o pau, a cara, o
que encontrassem pela frente. Um dia, em uma briga particularmente violenta, Loki tomou uma martelada de Thor, caindo desmaiado. Foi desse
episódio que surgiu a expressão “Loki
down”, que os ingleses da Inglaterra aportuguesaram para Lockdown.
Outra expressão ex candinava que teve seu
significado deturpado é Mjölnir , o nome do poderoso martelo que
Thor comprou pelo site “A Marreta do
Azarão”. Apesar do carinho que tinha pelo martelo, uma de suas
excentricidades era guardá-lo dentro do latão que usava para aliviar a bexiga à
noite (naquela época ainda não havia suítes). Um dia encontrou o martelo jogado
ao lado do latão e exclamou raivoso: “Mjölnir fora do penico! Quem se atreveu a fazer isso?” E essa exclamação foi traduzida depois (equivocadamente!)
para “mijada fora do penico” e usada
quando alguém (até mesmo presidentes!) pisa na bola ou no tomate.
sexta-feira, 15 de maio de 2020
A ARTE 3D DE SERGIO ODEITH
Nunca tinha ouvido falar de Sergio Odeith até
receber de minha mulher um link com grafites absolutamente geniais. Fiquei
tão impressionado que resolvi enriquecer o Blogson com algumas das imagens que
reviraram minha cabeça.
Sergio Odeith é um artista português que
começou a criar grafites nos anos 1990, quando passou a ganhar destaque em seu
país. Como todo grafiteiro, utiliza como “telas” as paredes de imóveis
abandonados, (alguns nem tanto assim). Para mim, não fica a dever nada aos brasileiros
Cobra, OSGEMEOS ou ao misterioso Banksy, tão geniais e tão internacionais
quanto ele.
O que mais me impressionou é a ilusão 3D que
consegue criar com seus grafites hiper-realistas. Acho que vou começar a treinar
para ver se chego perto desses mestres. Mas primeiro preciso saber o que é um
spray. Olhaí.
quinta-feira, 14 de maio de 2020
QUER QUE DESENHE OU ASSIM JÁ ESTÁ BOM?
Meu amigo virtual Scant parece ser um sujeito super organizado, pois sempre publica
em seus blogs listas e mais listas, seja de animes ou coisa parecida, seja de
aquisições e compras realizadas, por aí. Eu também curto fazer listas, mas
procuro listar comportamentos, características e impressões sobre mim mesmo e
sobre pessoas que conheço (às vezes nem conheço de verdade, como alguns de
meus “amigos de facebook”). Não são
muitos, pois não solicito a "amizade" de ninguém e até recuso
solicitações que recebo de gente que desconheço totalmente. Mesmo assim, dá
para me divertir bastante tentando adivinhar suas preferências, situação
econômica, grau de instrução, etc.
Por exemplo, em termos de religião tenho
"amigos" ateus, agnósticos, umbandistas, espíritas, budistas, católicos e
evangélicos. Quanto à classe social, tenho amigos muito ricos (só dois), um favelado,
vários "remediados", classe média baixa e classe média alta. Grau de
instrução? Analfabetos funcionais, professores, primeiro e segundo grau, universitário, com
mestrado, com doutorado e pós-doutorado (um). Em relação à faixa etária, tenho um
"amigo" de 13 anos, adultos jovens, meia idade e idosos. Toda essa diversidade em um total de 164 !amigos"
Mas o que mais tenho tentado descobrir é o
ramo de atividade de cada um e sua relação indireta com o corona vírus. Esse é
o estopim deste post. Já percebi que, em linhas gerais, o pessoal de Esquerda,
os aposentados, os idosos (redundância!) e os que estão com os burros na sombra são a favor do isolamento
social, enquanto os adoradores do presidente, os de Direita não tão radical,
os autônomos, os profissionais liberais ou micro empresários desejam
a flexibilização da quarentena. Mas há também os inconsequentes, os egoístas,
os egocêntricos, os donos da verdade e o mal informados. Pensando nesse
pessoal que é contra o isolamento, vesti minha indumentária de "mala da
Internet" e lasquei esse texto no facebook. Curiosamente, só dois amigos
verdadeiros “curtiram”.
Antes, preciso apenas fazer um comentário:
como o post oficial de hoje é um requentado de posts já publicados, resolvi
postar aqui o texto originalmente destinado aos "amigos de Facebook"
(mentira, em qualquer hipótese eu o publicaria na minha "blogoteca") Bora lá.
QUER QUE DESENHE OU ASSIM ESTÁ BOM?
Não sou médico, mas resolvi anotar o que já
aprendi até agora:
- Só haverá segurança para as pessoas quando
a vacina for criada e vacinada a população. Até lá, pode-se achatar a curva de
evolução do número de casos, mas isso só servirá para aliviar a situação dos
hospitais e UPAs, não é um passaporte para a liberdade;
- A chamada “imunidade de rebanho” só te beneficiará se 70% (talvez 90% ou
mais!) da população for vacinada ou contaminada, pois os anticorpos dos
curados ou vacinados indiretamente servirão de escudo ou barreira para aqueles
que não tiverem sido infectados. Você também precisará de um pouco de sorte;
- O isolamento social só funciona
efetivamente se as chances de circulação e disseminação do vírus forem
reduzidas ao máximo. Ficar em casa não é sinônimo de “só vou dar uma voltinha”;
- Se você for jovem, saudável e com o sistema
imunológico zero bala, você poderá ser infectado e se curar, mas precisará
também de sorte para não ter uma forma grave ou fatal dessa doença;
- Mas se você for idoso, obeso, cardiopata,
diabético asmático, transplantado e “coisinhas” do gênero, você precisará de
muita, mas muita sorte mesmo para não “encerrar as atividades” em 2020. E
acredite, a Globo não tem culpa disso;
- Só os idiotas se preocupam se a Covid-19 é
ou não um “comuna vírus”, como disse
um idiota que está ministro;
- Por tudo que foi dito, até que se tenha a
vacina que imunize as pessoas contra a Covid-19, tudo o que existirá são
paliativos e estatísticas. De quem foi infectado, de quem foi curado, de
quantos morreram e de quantos não foram (ainda) contaminados. Apenas estatísticas.
De qual estatística você quer ou acha que pode fazer parte?
EU VIVO SEMPRE NO MUNDO DA LUA - A REVISTA
A série “EU
VIVO SEMPRE NO MUNDO DA LUA” foi concebida como uma história com "capítulos" encadeados, como se fosse uma revista de HQ onde os episódios fazem mais sentido se
forem lidos de uma única vez (mesmo que isso não melhore a qualidade da história ou o nível do humor). Por isso, resolvi juntar tudo como se fosse um gibi virtual, para ser lido de uma sentada. Parece
picaretagem? Também!
quarta-feira, 13 de maio de 2020
OS PSICANALISTAS E O PRESIDENTE
Recentemente
li um livro que é a transcrição de um relatório ou análise psicológica feita à distância por um psiquiatra renomado sobre o comportamento de Adolf Hitler. O detalhe é que o alemão ainda estava vivo e
a encomenda partiu do exército americano. É muito interessante e traz um
comentário feito pelo psiquiatra que o elaborou. Segundo ele, uma análise psicológica à
distância não seria tão confiável quanto uma realizada de forma presencial, olho
no olho. Mas ele acertou que o Hitler cometeria suicídio.
O Bolsonaro adota comportamentos tão assustadores, condenáveis ou, no mínimo, discutíveis, que muita gente já duvidou de sua sanidade mental. Seria razoável, portanto, o desejo de conhecer um pouco da mente do atual presidente. Suas atitudes destemperadas seriam apenas uma forma bizarra de marketing pessoal? Curiosamente,
recebi cópia de um artigo publicado na Folha de São Paulo quando o Mandetta ainda
era ministro da saúde e quando o Covid-19 só tinha atingido a marca de “centenas
de mortos”. Guardei com carinho o artigo da Folha, mas infelizmente não sei
quem o escreveu. É o resultado de uma solicitação desse jornal a psicanalistas de
diferentes correntes e abordagens profissionais “para que comentassem aspectos
recentes do comportamento do presidente da República”. Por ter recebido esse artigo na forma de imagem (cada trecho era um "print screen"), resolvi fazer uma digitação seletiva do que li, deixando apenas parte da introdução e as opiniões de psicanalistas
sobre o comportamento de nosso - infelizmente – primeiro mandatário. Aplica-se
aos comentários dos profissionais o mesmo raciocínio do relatório sobre o
Hitler: não é a última palavra sobre a mente do “mito”, mas deve estar bem
próximo disso. Olha aí.
A crise do coronavírus, que já deixou centenas
de mortos no país, tornou mais evidente a inconstância e ambiguidade do
comportamento do presidente Jair Bolsonaro no exercício do cargo.
Da decisão de se manter em confronto
permanente com variadas forças políticas, mesmo em momento de comoção social, à
arriscada iniciativa de se expor ao contato público apesar do risco de
infecção, as atitudes do presidente provocaram o afastamento de antigos aliados
e intrigaram inclusive colaboradores próximos.
Lógica paranoica, messiânica e delirante,
demonstrações de fragilidade e onipotência são alguns dos elementos nos
discursos de Bolsonaro das últimas semanas identificadas pelos especialistas.
Eles fizeram a ressalva de que as observações sobre suas declarações e
atitudes, feitas à distância, não constituem um diagnóstico profissional.
Um dos pontos que mais chamam a atenção dos
entrevistados pela reportagem é a necessidade de manter posição agressiva
recorrente ante adversários e mesmo apoiadores – caso do ministro da Saúde,
Luiz Henrique Mandetta, a quem Bolsonaro acusou na semana passada de falta de
humildade.
Para o psicanalista Christian Dunker,
professor do Instituto de Psicologia da USP, o bolsonarismo tem na criação de
inimigos o mecanismo de seu funcionamento. “A
pandemia viola muito fortemente essa lógica. Porque aí é um inimigo que não foi
você quem criou, portanto não é você quem manipula”, afirma Dunker.
Ao se dar conta disso, diz o professor,
Bolsonaro tentou negar a gravidade do vírus. “A negação é uma atitude psíquica, a mais simples diante do
desconhecido”, diz.
Para a professora Miriam Debieux Rosa, da USP
e da Rede Interamericana de Psicanálise e Política, Bolsonaro tenta agora
transpor para a gestão política sua “lógica de guerra”, de respostas violentas
a problemas, que defendia enquanto deputado. O resultado disso são crises
incessantes.
“É
uma cultura que não admite desaforo. O que o outro diz e que é contra o que eu
estava pensando já é considerado uma ameaça.”
O psicanalista e escritor Mário Corso vê nas
reações exacerbadas contra os mais variados atores uma consequência de um
sentimento de fragilidade.
“Ele
se sente inferiorizado e ataca. Sai em ataque de tudo, mas justamente pela
fraqueza intelectual dele. Quando não tem argumento, troca de assunto chutando
as canelas do adversário. Ele não faz discussão nenhuma. Só ataca o adversário
porque ele é consciente de sua fragilidade intelectual”, afirma.
Diariamente. Bolsonaro vai à portaria do
Palácio da Alvorada tirar fotos com fãs que vão a Brasília de diversas partes
do país. O contato com simpatizantes e as manifestações de apoio costuma ser
publicadas em suas redes sociais.
“Pessoas
onipotentes se expõem mais. Faz parte de quem tem poder se sentir acima dos
mortais, de que as coisas não acontecem com ele. É um predestinado da natureza,
não vai pegar doença”,
diz Mário Corso.
Outra das marcas do comportamento do presidente
na pandemia foi a defesa da hidroxicloroquina, medicamento ainda em fase
experimental no tratamento para a Covid-19.
Desde o início da crise, ele já mandou o
Exército produzir mais doses da substância, postou em redes sociais um vídeo falando
sobre a “possível cura” e mencionou o medicamento em reunião do G20.
Para Dunker, a insistência tem raízes na
formação do discurso messiânico. “É dele
que tem que vir a palavra: ‘A cura está aqui’”.
Sérgio de Castro, diretor geral da Escola
Brasileira de Psicanálise, considera que o presidente busca demonstrar que “não
vacila” e não abre “nenhuma brecha para se questionar”. “Isso tudo é perfeitamente articulado com um narcisismo desmedido”,
afirma.
Levado ao extremo, esse funcionamento psíquico
faz uma pessoa direcionar toda a sua energia para si próprio. O narcisista
acaba inapto para reconhecer as necessidades e desejos do outro.
A convicção em seu projeto de poder, afirma
Castro, é quase delirante. Análise com a qual Tales Ab’Sáber, professor da
Universidade Federal de São Paulo, concorda.
“O
delírio é a construção de um campo de sentidos particulares que a relação com o
outro e com a linguagem não reconhece. Você está em um polo em que a realidade é inteiramente o que você
concebe”,
afirma. “Ele cria uma política do eu
sozinho contra o seu próprio governo, contra a sociedade, contra o país.”
Para Marcelo Galletti Ferretti, professor da
Escola de Administração da FGV (Fundação Getúlio Vargas), “O impulso de colocar na conta da loucura as idiossincrasias dele tira
a discussão do campo político para o campo psicopatológico.”
A professora Tânia Coelho dos Santos, do
programa de pós-graduação em teoria psicanalítica da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, vai em direção diversa da de seus colegas e considera que o
presidente tem uma personalidade teatral e histérica, que faz com que possua grande
habilidade em conquistar o interesse das pessoas devido à sua espontaneidade.
Não o vê tomado de um sentimento de inferioridade.
“Ele é tão colorido em matéria de sentimentos
que vai ter raiva, vai ter ressentimento, afeto. Ele é muito espontâneo. Não dá
para dizer que é um ressentido crônico, de jeito nenhum.”
PSICANALISTAS
E O COMPORTAMENTO DE BOLSONARO
Aspectos mencionados por parte dos
especialistas acerca das atitudes do presidente
INSEGURANÇA
Menções frequentes a seu poder no cargo ecoam
uma sensação de inferioridade ao exercer a Presidência
“Não se esqueça que sou o presidente” na
terça (31) sobre a manutenção das recomendações de isolamento de Mandetta
ONIPOTÊNCIA
A ida a uma manifestação a seu favor, no
último dia 15, e o passeio a pé por Brasília, no domingo passado, apontam
despreocupação com os riscos da Covid 19, o que indica uma sensação de ser
inatingível pela moléstia
“Não vai ser uma gripezinha que vai me
derrubar” no dia 20 sobre a possibilidade de ter contraído Covid 19 em viagem
aos EUA
LÓGICA PARANOICA
A relação de confiança é rara e vinda
basicamente da família; mesmo aliados são vistos como adversários em potencial.
Fenômenos de fora da política são vistos como meios para prejudicá-lo
“Em 2009, 2010, teve crise semelhante, mas,
aqui no Brasil, era o PT que estava no poder e, nos Estados Unidos, eram os
Democratas, e a reação não foi nem sequer perto do que está acontecendo” em
entrevista sobre o coronavírus no último dia 15
MESSIANISMO
A insistência nas menções ao tratamento com
hidroxicloroquina indica uma tendência a querer ser aquele que vai apresentar a
cura para a moléstia
“Graças a Deus, Deus é brasileiro, a cura tá
aí” sobre hidroxicloroquina em giro por Brasília, no dia 29.03
ESTILO NARCÍSICO
A oposição veemente a um movimento global de
combate à doença e a recomendações de todas as autoridades de saúde sugere uma valorização
exclusiva da própria opinião
“Não é tudo isso que dizem. Até que na China
já está praticamente acabando” no dia 16, sobre a Covid 19.
E agora, caro visitante, qual é sua opinião sobre essas opiniões? Concorda em discordar? Discorda em concordar? Está pouco se lixando?
E agora, caro visitante, qual é sua opinião sobre essas opiniões? Concorda em discordar? Discorda em concordar? Está pouco se lixando?
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