Uma das coisas que eu mais admiro no Chico
Buarque e no Caetano Veloso é a capacidade que têm de surpreender com suas
letras sofisticadas e suas rimas inesperadas quem acredita haver vida
inteligente além do funk e do sertanejo. Eles estão no olimpo dos letristas. Se
tivessem nascido nos Estados Unidos teriam posto o Bob Dylan no chinelo, teriam
ganhado o Prêmio Nobel de Literatura. E uma das músicas que eu mais curto
é Cajuína, do Caetano Veloso,
cujos versos terminam sempre em “ina”. Acho sua letra simplesmente genial.
Olha só:
CAJUINA
Existirmos: a que
será que se destina?
Pois quando tu me
deste a rosa pequenina
Vi que és um homem
lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não
se nos ilumina
Tampouco turva-se a
lágrima nordestina
Apenas a matéria vida
era tão fina
E éramos olharmo-nos
intacta retina
A cajuína cristalina
em Teresina
Bom, a literatura e a boa música se despedem
aqui, porque graças ao bate-boca sobre o uso de cloroquina, fiquei tentado a
fazer uma paródia dessa música Cajuína (perdoe-me Caetano!).
Sinceramente falando, a discussão sobre a cloroquina já encheu o saco. Associações
médicas condenam seu uso indiscriminado, sua baixa eficácia no combate ao
Corona e os graves efeitos colaterais que pode causar, o boçal do Trump diz que
está tomando (contrariando a recomendação oficial dos órgãos de saúde de seu
próprio governo), o Bolsonaro acredita que é a solução para a cura da Covid, faz
blague ao mandar a Esquerda tomar "Tubaína",
e o caldo segue entornando.
Por tudo isso, surgiu na
minha mente uma letra para ser cantada com a melodia da música
"Cajuína", do Caetano Veloso. Olhaí.
CLOROQUINA
Existirmos:
a que será que se destina?
Só sei
de lágrimas a embaçar minha retina
Ao
descobrir que uma coisa pequenina
Transforma
a vida de alguém em triste sina
O
presidente fica puto e se amofina
Se
alguém critica sua amada cloroquina
Tampouco
curva-se ao que diz a medicina
E manda
a Esquerda ir tomar na tubaína
ficou bom e aprendi uma palavra nova :)
ResponderExcluiramofina - "O mesmo que: aborrece, apoquenta, aflige, angustia, atormenta, tortura, trateia."
É como eu sempre digo, Blogson também é cultura!
ExcluirPããããããta que o pariu!!! Você poderá nem acreditar, mas hoje, enquanto dava minha caminhada vespertina, ao lusco-fusco, ocorreu-me a ideia de fazer uma parodia da Cajuína. Pensei e pensei durante os 10 quilômetros e me declarei incapaz de tal. Aí, eu entro no Blogson (no bom sentido e com todo o respeito) e ela está ai.
ExcluirFicou muito boa!
Eu acho que tive sorte ao me lembrar da Cajuína. Foi divertido fazer e também gostei do resultado. Valeu!
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