quinta-feira, 7 de maio de 2020

CORONA (RESPOSTA GRANDE VIRA POST)


Tenho visto pessoas pregando o fim do isolamento e tenho visto aqueles que defendem sua manutenção. O fato mais que grave é que todos estão parcialmente corretos, tanto os isolacionistas quanto os bolsonaristas (que seguem o exemplo de seu ídolo e questionam a necessidade do isolamento).

O escritor best seller Yuval Harari disse que em determinado momento o mundo se entregará à eficiência dos algoritmos, que farão escolhas fundamentais de forma melhor e mais justa que os humanos (ele não disse isso com essas palavras, mas é por aí).

O momento atual talvez seja exatamente o marco zero dessa necessidade, a necessidade de um algoritmo que dosasse os argumentos contra e pró-isolamento e escolhesse a melhor de todas as opções. Porque, por mais que eu pense sobre isso, chego sempre à conclusão de que estamos no momento de uma verdadeira “escolha de Sofia”.  Ou, no popular, na base do “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”.

Hoje vi a notícia de uma empresária que criticou e zombou recentemente das restrições impostas pelas autoridades de saúde. Depois disso, ela perdeu o marido para a pandemia. Gravou novo vídeo pedindo desculpas e terminou dizendo para que todos fiquem em casa.

Eu não duvido que a maioria dos infectados nem note que pegou ou ainda está com a Covid-19. Sorte deles! Eu sou do grupo de risco e minha mulher é do grupo de alto risco. Sim, estou aposentado e não saio no portão nem para peidar. Mas morro de medo, pena e preocupação por todos os que precisam sair para ralar em empregos e serviços que podem expô-los ao contato com essa mamona sub-microscópica. E o que fazer para corrigir isso? Tomar cloroquina? Ahahaha!!! Só os idiotas pensam assim.

Eu não sei o que fazer mas sei que estamos na pior época em que poderíamos estar, pois os inimigos, os terroristas agem de forma invisível e certeira, pois são invisíveis até para uma bactéria.

Minha mulher tem alguns primos que estão com um tio hospitalizado no Rio. Segundo ouvi dizer, “ele teve uma ligeira PIORA”.  Quem aguenta uma porra dessas?

O que eu sei é que em BH, graças a um prefeito mala (de quem virei fã), o isolamento aconteceu de forma muito mais efetiva que no Rio ou São Paulo. Graças a isso, os casos de contágio e de morte têm números muito mais baixos que outras capitais. Eu não sei a resposta, como já disse, mas não quero pagar para ver o resultado da suspensão do isolamento.

Talvez eu nunca mais possa abraçar minhas netinhas, filhos e filhas, pois o corona ronda silencioso. Pensar isso dói muito.  E fico pensando nos pedreiros, padeiros, farmacêuticos, médicos, motoboys, e todo tipo de profissional cujo trabalho e remuneração dependem do contato frequente com outras pessoas, muitas delas sem sinais visíveis de contaminação, mesmo que estejam espalhando o vírus para todo lado.

Duro não é pensar nos que precisam trabalhar, duro mesmo é me estarrecer com os idiotas que querem se divertir em grupo e ter um pouco de lazer fora de casa. Tempos dificílimos! Não conhece ninguém capaz de criar um algoritmo que resolva essa questão? Não? Nem eu.

2 comentários:

  1. Vai voltar, sim, e em breve, a abraçar seus netos e filhos. Escapar do corona, viver sem isso? Para quê?

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    1. O que eu quis dizer é que meu risco de ver isso acontecer é muito maior do que se ainda fosse jovem, com as baterias ainda a carga plena. Em 2003 fiquei dez dias no hospital com pneumonia. Eu tinha 53 anos. Sei lá, meus pulmões parecem ter alguma coisa não detectada em exame normal de espirometria. Precisava fazer um exame mais complexo que minha irresponsabilidade congênita impediu de fazer. Então, eu me sinto como se estivesse próximo de um tigre que está preso com cordinha. Se vacilar, ele me janta. Esse tipo de fragilidade é que recomenda o isolamento, pois se eu sair de casa para dar uma simples caminhada posso muito bem achar um "voador" pelo caminho e dar a ele uma carona (ou corona) até em casa. Mas sim, eu pretendo, e creio, tenho fé em que voltarei a abraçar as pessoas que mais amo e que estão distantes de mim, mas... É com o aquela frase: "Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay".

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