Tenho visto pessoas pregando o fim do
isolamento e tenho visto aqueles que defendem sua manutenção. O fato mais que
grave é que todos estão parcialmente corretos, tanto os isolacionistas quanto
os bolsonaristas (que seguem o exemplo de seu ídolo e questionam a necessidade
do isolamento).
O escritor best seller Yuval Harari disse que
em determinado momento o mundo se entregará à eficiência dos algoritmos, que
farão escolhas fundamentais de forma melhor e mais justa que os humanos (ele
não disse isso com essas palavras, mas é por aí).
O momento atual talvez seja exatamente o
marco zero dessa necessidade, a necessidade de um algoritmo que dosasse os argumentos
contra e pró-isolamento e escolhesse a melhor de todas as opções. Porque, por
mais que eu pense sobre isso, chego sempre à conclusão de que estamos no
momento de uma verdadeira “escolha de Sofia”. Ou, no popular, na base do “se correr o bicho pega e se ficar o bicho
come”.
Hoje vi a notícia de uma empresária que
criticou e zombou recentemente das restrições impostas pelas autoridades de
saúde. Depois disso, ela perdeu o marido para a pandemia. Gravou novo vídeo
pedindo desculpas e terminou dizendo para que todos fiquem em casa.
Eu não duvido que a maioria dos infectados
nem note que pegou ou ainda está com a Covid-19. Sorte deles! Eu sou do grupo
de risco e minha mulher é do grupo de alto risco. Sim, estou aposentado e não
saio no portão nem para peidar. Mas morro de medo, pena e preocupação por todos
os que precisam sair para ralar em empregos e serviços que podem expô-los ao contato
com essa mamona sub-microscópica. E o que fazer para corrigir isso? Tomar
cloroquina? Ahahaha!!! Só os idiotas pensam assim.
Eu não sei o que fazer mas sei que estamos na
pior época em que poderíamos estar, pois os inimigos, os terroristas agem de
forma invisível e certeira, pois são invisíveis até para uma bactéria.
Minha mulher tem alguns primos que estão com
um tio hospitalizado no Rio. Segundo ouvi dizer, “ele teve uma ligeira PIORA”.
Quem aguenta uma porra dessas?
O que eu sei é que em BH, graças a um
prefeito mala (de quem virei fã), o isolamento aconteceu de forma muito mais
efetiva que no Rio ou São Paulo. Graças a isso, os casos de contágio e de morte
têm números muito mais baixos que outras capitais. Eu não sei a resposta, como
já disse, mas não quero pagar para ver o resultado da suspensão do isolamento.
Talvez eu nunca mais possa abraçar minhas netinhas,
filhos e filhas, pois o corona ronda silencioso. Pensar isso dói muito. E fico pensando nos pedreiros, padeiros,
farmacêuticos, médicos, motoboys, e todo tipo de profissional cujo trabalho e
remuneração dependem do contato frequente com outras pessoas, muitas delas sem
sinais visíveis de contaminação, mesmo que estejam espalhando o vírus para todo
lado.
Duro não é pensar nos que precisam trabalhar,
duro mesmo é me estarrecer com os idiotas que querem se divertir em grupo e ter
um pouco de lazer fora de casa. Tempos dificílimos! Não conhece ninguém capaz
de criar um algoritmo que resolva essa questão? Não? Nem eu.
Vai voltar, sim, e em breve, a abraçar seus netos e filhos. Escapar do corona, viver sem isso? Para quê?
ResponderExcluirO que eu quis dizer é que meu risco de ver isso acontecer é muito maior do que se ainda fosse jovem, com as baterias ainda a carga plena. Em 2003 fiquei dez dias no hospital com pneumonia. Eu tinha 53 anos. Sei lá, meus pulmões parecem ter alguma coisa não detectada em exame normal de espirometria. Precisava fazer um exame mais complexo que minha irresponsabilidade congênita impediu de fazer. Então, eu me sinto como se estivesse próximo de um tigre que está preso com cordinha. Se vacilar, ele me janta. Esse tipo de fragilidade é que recomenda o isolamento, pois se eu sair de casa para dar uma simples caminhada posso muito bem achar um "voador" pelo caminho e dar a ele uma carona (ou corona) até em casa. Mas sim, eu pretendo, e creio, tenho fé em que voltarei a abraçar as pessoas que mais amo e que estão distantes de mim, mas... É com o aquela frase: "Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay".
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