sexta-feira, 18 de julho de 2014

VIAJANDO NO TEMPO (E NA MAIONESE)

No domingo passado, quando eu e minha mulher fomos à missa, sentamo-nos atrás de um homem de cabelos já meio ralos e grisalhos. Quando ele ficou de perfil por algum motivo, lembrei-me que era ele que tocava violão no grupo de jovens, quando eu voltei a ir à missa, por insistência do meu Amor.

Tentei imaginar quantos anos ele teria quando voltei a assistir missa regularmente, ainda recém-casado. Imaginei que talvez tivesse uns 17 anos, enquanto eu estaria com uns 27 anos.

Aí fiquei pensando na transitoriedade da vida, na velocidade com que o tempo passa, transformando o jovem de outro dia num senhor. Naquela época, a razão entre a minha idade e a sua era igual a 1,6 (27 dividido por 17), ou seja, eu tinha quase o dobro de sua idade. Hoje, que tenho 64 anos, a relação mudou para 1,2, o que significa que somos dois senhores, quase com a mesma idade (relativa, bem entendido!)

Logo depois, ainda pela manhã, fomos a um velório de uma senhora e fiquei observando o viúvo, com 94 anos e seu filho mais velho, com uns 72 anos. Na prática, eram dois velhos (ou senhores, se preferirem), o que tornava irrelevante o fato de serem pai e filho.

Lembrando-me disso hoje, fiquei pensando que às vezes é muito difícil para pais e filhos se entenderem e a explicação seria uma diferença de idades muito grande. Pegando um de nossos filhos como exemplo, a relação entre as nossas idades evoluiu assim:

Quando ele completou um ano, eu tinha 27 (um senhor!!) e era 27 vezes mais velho que ele. Ao completar 10 anos, a relação passou para 3,7. Hoje, a relação é igual a 1,7. Continuando nessa brincadeira, se eu chegasse a fazer 86 anos (coisa que acho meio impossível), a relação seria igual a 1,4. Seríamos então dois velhos, dois senhores conversando como amigos, não mais como pai e filho, tão pequena seria a diferença relativa entre nós dois.

Ou seja, à medida que passa o tempo e a diferença entre gerações se torna mais insignificante, o relacionamento pai-filho deixa de fazer sentido e vai sendo transformado em amizade entre iguais (mantido o amor já existente).

E chega de cascata!

Um comentário:

  1. Pois é, é mesmo coisa para ficar se pensando muito tempo, ainda mais se tivermos tomado umas cervejinhas. Eu tenho 9 anos de diferença em relação à minha esposa, logo, quando eu tinha 19 anos (já um adulto), ela tinha 10 anos, eu seria preso por pedofilia. Hoje, tenho 47 e ela quase 39, a diferença é desprezível, quase não se nota. Mas isso só cá entre nós, não conte a ela.
    A Marreta do Azarão

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