sexta-feira, 25 de julho de 2014

TEIXEIRA SOARES 860 - 1030

Eu sempre ouvi falar em “Revolução”, mas agora que a esquerda está no poder, parece que consideram como “Golpe de Estado” o que ocorreu em 1964. No Google, mais especificamente no UOL Educação, encontrei um texto de autoria de  Renato Cancian, cientista social, mestre em sociologia-política e doutorando em ciências sociais, de onde extraí os trechos a seguir:

Segundo o autor,  “revolução” é “um movimento coletivo e, portanto, é a expressão da vontade do povo (grifo meu). Já o “golpe de estado” é realizado por grupos ou setores sociais que integram a elite dominante da sociedade”. Tem mais: Um movimento golpista consiste na tomada do poder sem pretensões de subverter a estrutura e os valores da ordem social vigente. Os movimentos golpistas de modo geral são realizados por grupos ou setores sociais que integram a elite dominante da sociedade”. E a chave de ouro: “Um golpe de Estado (...) além de ser uma iniciativa de poucos indivíduos, é considerado uma ilegalidade”. (ué,  eu nunca sonhei que uma revolução "é" legal !!!)

Eu tinha treze anos em abril de 1964, mas me lembro de uma “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” acontecida em São Paulo (antes do "golpe") e que reuniu umas trezentas mil pessoas pelo menos, justamente para contestar a direção ideológica apontada pelo governo de João Goulart. Se isso tivesse ocorrido em Brasília, era bem capaz de as piedosas senhoras participantes tomarem o poder só dando terçadas (batendo com o terço, pô!) em quem resistisse...

Agora, pensem bem: trezentas mil pessoas, só em uma única manifestação de rua? Sei não, mas a mim parece que o “golpe” apenas expressou a tal “vontade do povo”, por mais que a esquerda esperneie. Então, foi uma revolução. Outra coisa: alguém já viu uma revolução em que não há o envolvimento (mesmo que tardio) de militares? Alguém imagina “revolucionários” enfrentando uma tropa ou um exército, empunhando só tacapes, foices e cartucheiras? Por favor, né?

Então, para mim, tudo é a mesma merda, mas fica combinado que “Revolução” só a Esquerda pode fazer. Se a Direita quiser fazer o mesmo, vai ter de se contentar em dar um “Golpe”. Fecha-se o parêntese.

Pois bem, para minha tristeza, o elevado hoje chama-se Helena Greco. Isso é pura babaquice, revanchismo e mau uso do rancor guardado. Não importa se o Castelo participou ou não do golpe (revolução?). Importa é que, bem ou mal, por ter sido presidente tornou-se uma figura que faz parte da história do país. Agora, e Dona Helena, com todo o respeito (sincero), quem foi? Entrei no Google para descobrir que ela foi a primeira vereadora eleita de BH e uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores!!!!! Ah!... agora está explicado: com essa importância toda, tinham mais é que mudar o nome mesmo.

Sinceramente falando, parece que há um grupo de pessoas que quer reescrever a história, que quer punir e se vingar de quem os mandou para o exílio ou para a prisão, que quer curar as feridas morais e mentais causadas pela prática hedionda da tortura de que foram vítimas, apagando os rastros de quem esteve do mesmo lado dos torturadores. Não sei se isso funciona. Até onde li, o Castelo não tolerava ou compactuava com a prática de tortura de presos. É claro que não se pode dizer o mesmo dos dois generais que o sucederam (mais a junta militar). 

Mas dá para fazer um paralelo sobre isso: mesmo discordando da prática desse crime hediondo, talvez pouco pudessem fazer aqueles militares que eram contrários a isso. O mesmo se pode dizer da maioria dos petistas: mesmo ouvindo falar do mensalão e sendo contrários a isso, pouco podiam fazer para evitar essa lama. Até porque, nos dois casos, pode-se dizer que os crimes cometidos nunca eram feitos às claras. Melhor dizendo: em geral, crimes nunca são cometidos às claras.

Volto a dizer: eu tinha apenas treze anos quando essa muvuca aconteceu. Além disso, politicamente falando, sou de centro e um pouco pendular: às vezes um pouco à esquerda, às vezes um pouco à direita. Mas jamais fui de direita pura ou esquerda pura, pois considero os extremos apenas burrice e intransigência do tipo –“só nós estamos certos, vocês todos estão errados”. Comigo não, mané. Até já votei no Lula uma vez, acreditando que seria bom para o Brasil (o oponente era o Serra). Mas só um idiota não aprende com o erro e o repete.

Então, voltando à mudança tão infeliz do nome do viaduto, fica uma pergunta: porque não mudar também o nome da Rua Marechal Deodoro, na Floresta? Afinal, esse militar do século XIX (o cara era marechal, mais que general de quatro estrelas!) deu um puta golpe, pois depôs Dom Pedro II e acabou com a monarquia no Brasil. 

Ué, ninguém pensou nessa mudança? Seria porque o imperador era a instância máxima da "elite dominante da sociedade" da época?  Ah, então esse nome de rua pode ficar, né? Hum hum... Então tá!

3 comentários:

  1. Eu contava com 18 anos quando terminou o período militar no Brasil e começou a tal da nova república de Sarney. E digo com toda a certeza que muitas coisas funcionavam bem melhor que agora, principalmente a educação. Sou professor há 19 anos e a escola pública em que me formei era mil vez melhor que a escola pública em que leciono hoje. E não foi ditadura, foi um regime militar, linha-dura, sim, mas ditadura, não; é que pro brasileiro qualquer sistema que lhe imponha um pouco de disciplina é ditatorial. Escrevi algumas coisas sobre isso lá no blog, os links vão abaixo, e se interessar procure por textos do historiador Marco Antonio Villa. http://amarretadoazarao.blogspot.com.br/2012/04/a-ditadura-que-nao-existiu.html http://amarretadoazarao.blogspot.com.br/2012/05/lagrimas-de-crocodilma.html http://amarretadoazarao.blogspot.com.br/2010/08/o-verdadeiro-comando-vermelho.html http://amarretadoazarao.blogspot.com.br/2013/03/geraldo-alckmin-nomeia-secretario-da.html http://

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  2. Concordo plenamente. Infelizmente, hoje qualquer coisa feita pela Direita torna-se um crime, uma atitude "reacionária, capitalista e elitista", e qualquer uma feita pela Esquerda vira "justiça, revanche contra anos de opressão etc".
    Sinbad, o Marujo

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    1. Falou, Simbad. Como disse, eu acho que a verdade - ou o que mais se aproxima disso não está nem em um extremo nem no outro. Para mim, a boa estrada está no centro. Com duas pistas. Uma ligeiramente à esquerda e outra ligeiramente à direita. Nas beiras dessa estrada, seja de que lado for, não dá para caminhar. Não se trata de fazer propaganda do blog ou auto-citação, mas já postei um texto que tem o título "Triângulo isósceles" que fala disso (os títulos que adoto são sempre idiotas). Obrigado pela "visita" e "Apareça" mais. Que nossos mares estejam sempre livres de tormentas (mas sem maresia, por favor). A propósito, descobri um blog espetacular com que me identifiquei de cara. Sugiro que você confira. O nome é "A Marreta do Azarão. O sujeito é mais que irônico com a burrice que rola por aí, ele é sarcástico.

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